Artigo de Opinião, Opinião

JUVENTUDE SENTADA NA CADEIRA

IArtigo

A juventude de hoje incomoda. Não somente pelo que ela própria acha que é rebeldia (pequenas crises infatiloides, resistência em fazer o que os responsáveis diretos acham que é correto, discursos vazios etc.), mas, principalmente, pela omissão diante de questões importantes. Ninguém mais quer sair do seu lugar de conforto. Ficar sentado na cadeira é melhor do que levantar para agir. Os jovens trocaram a subversão pela apatia. Isso é frustrante e muito desagradável.
Às vezes, não dá para acreditar que o Brasil que serviu de palco para manifestações dos jovens na década de 60 é o mesmo da atualidade. E olha que, naquela época, o país vivia num regime ditatorial, com muita repressão. Ainda assim, a juventude não se omitia diante do poder constituído. A cadeira era usada com outro objetivo. Era um instrumento de combate e de defesa. Hoje em dia, lutar pelos direitos individuais e coletivos não faz mais parte do propósito dessa gente de seus vinte e poucos anos. A retórica dos jovens é muito bem elaborada, iluminista ao extremo, Rousseau na veia; mas a ação é nula. O pior é que, dessa forma, eles acham que estão contribuindo para um mundo melhor. Ledo engano.
Na verdade, a juventude de agora é mais ativa em outras situações. Parte da juventude é ativa para usar drogas e soltar fumaça 24 horas por dia. Parte da juventude é ativa para consumir bebidas alcoólicas e sair dirigindo os seus carros possantes. Parte da juventude é ativa para passar por cima de tudo e de todos em busca de seus duvidosos objetivos. Parte da juventude é ativa para reproduzir coisas rasas e superficiais. Afinal, esses são os principais “valores” da atualidade, não é mesmo? É uma pena.Conviver com pessoas que não se pronunciam é, quase sempre, revoltante. Saber que o que elas dizem não corresponde ao que, realmente, fazem, gera uma revolta ainda maior. Tudo isso é muito incômodo. É difícil constatar que uma parcela da juventude brasileira tem muita identidade com os seguintes versos da música Terra de Gigantes, do grupo Engenheiros do Hawaii: “A juventude é uma banda/Numa propaganda de refrigerantes”. Ou seja: a juventude de hoje é pura ficção.

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