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Tem gente que te imita?

Ilustração: reprodução do site Dreamstime

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

Toda imitação é admiração. Ninguém duvida disso. E acho até que é indiscutível. Quem imita, gosta tanto da pessoa que começa, automática e calculadamente, a repetir os trejeitos e modos de ser dela. Às vezes, é por osmose mesmo. Fica evidente. Não tem como disfarçar. Quantas vezes a gente já se pegou pensando (e até falando mesmo!): “Essa cantora imita Beltrana”, “Aquele programa é a cópia do outro”, “O cantor Fulano veio na rebarba de Sicrano. É a mesma coisa”. No universo das artes, e se potencializa quando falamos de artistas famosos, a percepção de quem imita e de quem é imitado é mais nítida. Contudo, também há imitação no dia a dia de pessoas que não têm projeção midiática. Será que tem alguém que te imita?
Sim. Porque você também é admirado(a) por alguém. Apura as vistas! Você bota aquela roupa massa numa semana. Na outra, o seu admirador está com peças parecidas, só muda a cor. Você usa uma expressão com frequência, que é a sua cara, olha Beltrano usando também, no mesmo contexto! A sua forma de brincar, de ser e de estar: tudo isso é “imitável”. Tem gente imitando até legenda de rede social. Quem imita, admira, mas também se limita.

Imitar vem do latim imitari, no sentido de retratar, fazer igual. É um esforço mínimo. Imitar é limitar-se. É você pegar aquela referência que tem e não imprimir a sua identidade. Tolhe o seu eu-criativo, te deixa preguiçoso. É uma limitação voluntária! É dizer para o mundo: “Eu não acredito muito em mim, tenho medo de arriscar. Por isso, vou seguir o caminho mais fácil e que já foi aberto por outra pessoa: vou imitá-la!”.

O curioso é que tem artista por aí, principalmente da música, que se acha todo original, o descobridor de tudo. Quando você olha, uma imitação bem desinteressante da referência que ele tem. Falta luz, sobra oportunismo.

Sigamos.
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