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“A Língua Portuguesa é cheia de Charme”
No Dia Nacional da Língua Portuguesa, Desde entrevista professor gaúcho que difunde o idioma nas plataformas digitais
Por Raulino Júnior
É impossível ter contato com o professor, designer gráfico e escritor Thiago Charme e não brincar com o seu sobrenome, que, usando uma figura de linguagem muito comum na Língua Portuguesa, caiu como uma luva para ele. Inclusive, não foi por acaso que fizemos um trocadilho no título desta entrevista. Luis Thiago do Nascimento Charme tem 38 anos e é natural de Arroio dos Ratos, município do Rio Grande do Sul. Filho de Maria Cleusa do Nascimento Paiva e Gildo Ramires Charme (in memorian), ele é oriundo de uma família grande. Tem quatro irmãos cheios de Charme: Rejane, Vander, Daniela e Willian. O sobrenome incomum é, ao que tudo indica, de origem francesa. “Na verdade, não é um erre ali no meio. O sobrenome mesmo, dos meus avós paternos, é Chalme, com ele”. De acordo com Thiago, há muitas variações do sobrenome. “Nós, irmãos, temos essa diferença também. Todo eles têm o esse no final, menos eu. Pra dizer a verdade, de todos os primos, parentes e tios de quem eu tenho notícia, de mais perto, o único que é realmente Charme sou eu”. O fato é que os Charmes não vieram ao mundo para seguir modelos e tradições. E Thiago personifica isso nas suas vivências e atitudes. Em 2009, quando começou a dar aula, já utilizava as tecnologias da informação e da comunicação como recurso pedagógico. Em 2011, isso se consolidou, participando de projetos de criação de canais de veideoaulas. Daí em diante, não parou mais. Em 2015, criou o TuboAulas. “Era um projeto que abrigava outros professores. Daqui e dali, as coisas foram mudando um pouco de visão. Não houve dedicação de alguns professores. A partir de 2019, comecei a pensar em algumas mudanças no meu formato. A primeira delas, voltar o meu material para Língua Portuguesa e Literatura, que sempre gostei bastante. Não queria que fosse um trabalho maçante, só focado em ENEM, porque o meu intuito sempre foi compartilhar conhecimento, democratizar o conhecimento”. No ano passado, em conversa com alguns amigos, um deles, Jean Azevedo, do canal Geografia com JeanGrafia, sugeriu um novo nome para o novo conceito do projeto: Português com Charme. No canal, Thiago promove processos de ensino e de aprendizagem de forma ampla, nada é à toa. Inclusive, as cores escolhidas para a arte da plataforma. “A cor amarela do canal foi quase que 100% inspirada no álbum AmarElo, de Emicida. Tanto a música quanto o álbum como um todo foi uma transformação para a minha vida. É como se eu estivesse ressurgindo de certa forma e me reconstruindo o tempo todo através de cada uma das músicas do álbum”, confidencia. Toda a identidade do canal foi pensada com a ajuda do namorado, Oliver Luys, que também é designer gráfico e empreendedor. Thiago é formado em Letras com habilitação em Língua Portuguesa, Inglesa e Respectivas Literaturas, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); e em Publicidade, curso pós-médio que fez na Escola Técnica Estadual Irmão Pedro. Nesta entrevistONA especial, feita por WhatsApp e comemorativa pelo Dia Nacional da Língua Portuguesa, Thiago Charme diz o que faz para não se tornar uma gramática ambulante, reflete sobre preconceito linguístico, linguagem neutra e pretoguês. Ainda fala de sua relação com Salvador e com o baianês e diz por que a Língua Portuguesa é cheia de charme: “Eu amo todo esse conceito de jogar com as palavras. De trabalhar as palavras em todo o seu sentido”. Leia e fique à vontade.
Desde que eu me entendo por gente – Desde 2011, você usa o YouTube para promover processos de ensino e de aprendizagem na área de Linguagens e seus Códigos. Qual contrapartida tem do público que te acompanha?
Desde – Qual limite você coloca para não se tornar uma gramática ambulante? Ou seja, como evitar ser um consultor de gramática durante todo o tempo e por todas as pessoas?
Desde – No Behance, você diz que decidiu fazer Letras porque queria se comunicar e escrever bem. O curso, por si só, te trouxe isso? Por quê?
Desde – No livro Preconceito Linguístico, Marcos Bagno faz críticas a profissionais de Letras que dão curso com o objetivo de ensinar a falar e escrever bem a Língua Portuguesa. De acordo com o linguista, isso acontece porque a sociedade elege uma variante da língua como sendo de prestígio. Qual é a sua opinião sobre isso?
Desde – Você é designer gráfico. Se a Língua Portuguesa fosse uma imagem, qual seria?
Desde – Entre abril e junho de 2019, você morou em Salvador. O baianês te encantou? Incorporou algumas expressões ao seu vocabulário?
Desde – Qual poema da Língua Portuguesa mais te comove? Por quê? Declame para os leitores e para as leitoras.
Desde – A Língua Portuguesa, além de ser matriz da nossa cultura, contribui para a nossa atuação política no mundo. A linguagem neutra é um exemplo disso. Para você, a resistência ao uso dela terá longevidade ou não tem mais jeito?
Desde – O Pretoguês, conceito cunhado por Lélia Gonzalez para falar sobre a marca de africanização do português falado no Brasil, é também um ato político, porque evita um silenciamento que insiste em prevalecer. Como você incorpora tal discussão na sua prática pedagógica?
Desde – A Língua Portuguesa é cheia de charme? Por quê?
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Canais de Thiago Charme nas redes sociais digitais:
Instagram:
@ThyagoCharme e @PortuguesComCharme
TikTok: @PortuguesComCharme
Twitter: @ThiagoCharme e @PortuguesCharme
YouTube: @PortuguesComCharme
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Carta aberta aos organizadores da 9ª edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica)
O Caso Escola Base e a falta de uma regra básica do Jornalismo
Não precisa fazer nenhuma pesquisa para afirmar que, de 1994 para cá, é quase impossível ter um estudante ou profissional de Jornalismo, no Brasil, que não conheça o Caso Escola Base. Se tem, as faculdades estão falhando. O emblemático episódio começou a figurar nas manchetes dos jornais, rádio e TV em março daquele ano e, por falta de um requisito básico da prática jornalística, a apuração, “matou” socialmente seis pessoas. Explico: Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada e Paula Milhim, donos da Escola de Educação Infantil Base, localizada em São Paulo, foram acusados de abuso sexual por Cléa Parente e Lúcia Tanoue, mães de estudantes da instituição. Além deles, Maurício Alvarenga (marido de Paula e motorista do transporte escolar) e o casal Mara França e Saulo Nunes (pais de aluno da Escola Base) também foram acusados de fazer parte de um suposto esquema de pedofilia. O fato é que a imprensa, capitaneada pela Rede Globo, dona do furo jornalístico (Cléa e Lúcia entraram em contato com a emissora com o objetivo de que a denúncia não deixasse de ser investigada e, claro, buscando uma notoriedade para o caso), tomou a queixa das mães como verdade e uma série de reportagens que exploravam o episódio de forma sensacionalista foram veiculadas a partir de então. O estopim foi a reportagem da Globo, conduzida por Valmir Salaro, no Jornal Nacional, em 29 de março de 1994. A única “prova” sobre o “crime” que os jornalistas tinham era o depoimento das mães e as declarações de Edélcio Lemos, delegado do caso, que também deixou de cumprir a sua função com responsabilidade. Por falta de provas, o inquérito foi arquivado, mas os acusados ficaram com marcas que ressoam até hoje.
No intuito de descobrir como o caso marcou a vida dos envolvidos, o jornalista e editor-chefe do portal Casa dos Focas, Emílio Coutinho, lançou, em 2016, o livro-reportagem Escola Base: onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira (Editora Casa Flutuante, 135 páginas). Com prefácio de Heródoto Barbeiro, a obra traz um significativo trabalho de investigação de Emílio. Em dez capítulos, o jornalista descortina a história e mostra para o leitor o que aconteceu com as pessoas que participaram diretamente dela. A narrativa é interessante e quem lê se coloca o tempo todo no lugar de Coutinho, na difícil jornada de busca dos personagens, uma vez que, na época de lançamento do livro, o episódio já tinha 22 anos de ocorrido. O casal Shimada, por exemplo, já morreu. E será que todo mundo quis falar sobre o caso ou, como alguns jornalistas que cobriram, na época, as pessoas preferiram o silêncio? No livro, Emílio Coutinho narra todas as aventuras para colher os depoimentos e consegue uma entrevista exclusiva com Valmir Salaro, um dos poucos profissionais que reconhecem o erro. A leitura vale a pena.
Em tempo: Emílio Coutinho está prestes a lançar mais um livro sobre o caso, mas com outra perspectiva. Trata-se de O Filho da Injustiça, parceria do jornalista com Ricardo Shimada, filho do casal Shimada. De acordo com uma postagem do próprio Emílio, no portal Casa dos Focas, o livro “mostrará outro aspecto dessa história e colocará o leitor na pele de umas das vítimas mais próximas da Escola Base”. Vamos aguardar.
Referência:
COUTINHO, Emílio. Escola Base: onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira. São Paulo: Editora Casa Flutuante, 2016.
Imersão Poética
Colégio de Berimbau publica livros sobre memórias da cidade
Em 2017, incentivados pelo projeto “Berimbau, meu pedacinho de Brasil”, os estudantes do 6º ano do CEDBA fizeram entrevistas com moradores de Conceição do Jacuípe a fim de saber a origem dos nomes curiosos e esquisitos das ruas da cidade. A atividade de sala de aula extrapolou todos os muros possíveis e resultou na produção do livro Tem Nome Esquisito Minha Rua: descobrindo a história que há por trás dos nomes “esquisitos” das ruas de Conceição do Jacuípe, organizado pela professora Elizabeth de Jesus Silva. Através da publicação, os moradores e interessados ficaram sabendo por que, por exemplo, a “Rua Mela Rego” tem esse nome. E o que falar de Rua do Cacete, do Garrancho, do Fogo e a Toca do Sapo?! Tudo está explicado no livro. Assim como a origem do apelido “Berimbau”: “Tudo começou por causa de uma feira livre que surgiu na cidade, em 1914. Essa feira era frequentada por trovadores, violeiros, pandeiristas e tocadores de berimbau. Um certo dia, fizeram uma trova que se encerrava com o nome ‘Feira de Berimbau’, surgindo, assim, o segundo nome do município de Conceição do Jacuípe”.
A comunidade escolar gostou tanto da experiência que a repetiu em 2018. Do projeto “Como nosso Berimbau começou a tocar”, nasceu o livro Como esse Berimbau começou a tocar: um passeio pela história de Conceição do Jacuípe. O mote se manteve o mesmo, ou seja, possibilitar que as pessoas conhecessem mais sobre a origem e cultura da cidade. O que mudou é que, com o aprendizado do passado, as autoras da obra – Arali Ferreira de Aquino Oliveira, Elizabeth de Jesus Silva, Maria Paula Batista de Souza e Núbia Leticia Santos de Souza – ousaram ainda mais. O livro ficou com 54 páginas (mais que o dobro do primeiro, que tem 24) e um personagem foi criado para tornar a leitura ainda mais lúdica. Em Como esse Berimbau começou a tocar, João Vitor, o Berimba, tem que fazer uma pesquisa de História sobre o município onde ele mora. Para cumprir com a atividade, ele recorre a Dona Ana, sua avó, e a Seu Antonio, que conhecem Berimbau como ninguém. Ao conversar com eles, Berimba vai organizando o seu trabalho. Nessa viagem, ele aprende sobre aspectos históricos e culturais da cidade. O livro traz ainda a seção “Você Sabia?”, que tem a função de explicar mais a fundo alguns dados presentes na narrativa. No final, uma ótima sacada metalinguística: as autoras sugerem que a pesquisa de Berimba se transforme num livro sobre a cidade. Foi o que aconteceu. Veja o convite de Berimba no vídeo abaixo:
Comunidade escolar e moradores da cidade
Núbia Letícia de Souza, uma das responsáveis pelas produções das obras literárias, além de ter sido estudante do CEDBA, trabalha no colégio desde 2007. É professora de Língua Portuguesa, mas, atualmente, está na vice-direção da unidade de ensino. Em entrevista via WhatsApp, ela falou sobre o sentimento da própria comunidade escolar em relação aos livros publicados: “Enquanto alguns envolvem-se e procuram informações o tempo todo, querendo ajudar a fortalecer o projeto, outros mantêm-se mais desconfiados da utilidade, principalmente porque não é algo comum às escolas públicas a produção de material bibliográfico. Mas, para o grupo de trabalho, o desafio é justamente este: sair da mesmice e produzir conhecimento de um jeito realmente eficaz e útil, não apenas para adquirir uma nota numa avaliação, mas para viver com mais consciência de nós mesmos e de tudo que nos cerca. Conhecer a nossa cidade proporciona isso”.
Para a professora Maria Paula Batista, que está no CEDBA desde a fundação, em 1991, e ensina Matemática para as turmas do 7º e do 9º anos, houve um envolvimento maior da comunidade escolar no segundo livro. Em resposta também enviada pelo WhatsApp, ela afirmou: “Embora tenhamos uma parcela de pais e alunos que ainda não perceberam a importância deste projeto, muitos têm reconhecido e demonstrado interesse. Sabemos que é um trabalho de formiguinha. No desenvolvimento dos trabalhos para o segundo livro, o envolvimento da comunidade escolar foi bem maior que o primeiro. Quase cem por cento”. Maria, que também faz parte da equipe responsável pelas publicações, diz ainda que os moradores da cidade receberam bem a edição dos livros. “Os moradores têm valorizado o nosso trabalho. Isso nos alegra e nos dá incentivo para continuarmos pesquisando e escrevendo sobre a nossa cidade. Percebemos que eles têm sede de conhecimento sobre a terra natal”. Núbia endossa isso: “Diante da confiança que a sociedade conjacuipense já consolidou ao Colégio Estadual Domingos Barros de Azevedo, boa parte dos moradores recebeu muito bem os dois livros publicados. Muitos se surpreendem com a qualidade do material e com o fato de uma escola pública conseguir fazer esse tipo de coisa. Muitos nos sugerem outros temas para fazer novos livros ou reclamam porque não falamos ainda de assuntos que acham importantes. Mas onde temos a chance de explicar a natureza e o propósito dos nossos livros, sempre colhemos elogios, palavras de apoio e o interesse pela aquisição dos materiais. Além da satisfação pessoal e do amadurecimento profissional, o reconhecimento dos munícipes que leem os nossos livros é muito importante para a continuidade do trabalho da escola”, reconhece. As duas produções estão à venda na própria escola e custam R$ 10 (Tem Nome Esquisito Minha Rua) e R$ 25 (Como esse Berimbau começou a tocar).
A literatura infantil foi adotada nos dois livros porque “as novas gerações serão multiplicadoras das histórias contadas pelos mais velhos”, como diz um dos textos presentes no preâmbulo de Como esse Berimbau começou a tocar. Falando de nova geração, os estudantes contribuíram bastante com a produção de cada volume. Além de auxiliar no trabalho de pesquisa, alguns deles ilustraram os dois exemplares. As obras valorizam a história oral, algo muito forte na nossa cultura, principalmente pela herança africana; e trabalham com a memória, elemento importante para manter os nossos costumes e tradições sempre vivos. O desafio que fica para a comunidade escolar do CEDBA agora é o seguinte: escrever uma biografia sobre Domingos Barros de Azevedo. Um livro falando sobre quem foi ele, por que o colégio foi batizado com esse nome e qual a relação de Domingos com a cidade. Vamos lá?!
A saga de Zé-do-Burro
Zé e Rosa, sua mulher, andam sessenta léguas para chegar até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador. Zé faz todo o percurso carregando uma cruz “tão pesada quanto a de Cristo” nos ombros. Ao chegar no destino, ele se depara com preconceito, aproveitadores de todo tipo e a resistência do Padre Olavo. A atitude do padre é provocada por que, ao contar toda a história que lhe levou até ali, Zé afirma ter ido a um terreiro de candomblé, apelar para Iansã. Aí começa todo o conflito religioso, que é a base do texto de Dias Gomes.
A peça estreou no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, no mesmo ano em que foi escrita. Flávio Rangel assinou a direção e o ator Leonardo Villar fez o protagonista. O texto foi adaptado para o cinema (1962), para a TV (1988), traduzido para mais de dez idiomas e vencedor de prêmios importantes, como o Prêmio Melhor Peça Brasileira, em 1960, pela Associação Paulista de Críticos Teatrais.
Dias Gomes consegue reproduzir com propriedade os costumes baianos em O Pagador de Promessas. Há personagens caricatos na obra, mas isso não tira o seu brilho. O clímax é constante na narrativa, repleta de reviravolta. A trama prende o leitor do início ao fim e o convida a refletir sobre a sociedade brasileira da época, e sobre a atual também. Conheça a saga de Zé!
Referência:
GOMES, Dias. O pagador de promessas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
Em entrevista, coordenador da Biblioteca Abdias Nascimento, Eduardo Pereira Odùdúwa, fala sobre os projetos e desafios da instituição
Por Raulino Júnior
EPO: Tem várias outras atividades que a gente tem interesse de fazer, mas a gente não tem braço, não tem espaço. Nosso grande desafio, agora, é a sede própria. Isso vai viabilizar muita coisa. A gente quer fazer um trabalho mais específico com as crianças, inclusive nessa questão de formação de leitores, e é muito mais complicado a gente ir até às escolas e em outras instituições. Com a sede, a gente tem essa possibilidade de trazer as crianças e fazer um trabalho mais específico.
“Amor” é tema de concurso literário da Litteris Editora
Por Raulino Júnior
Felipe Ferreira lança “Griphos Meus” na Livraria Cultura do Salvador Shopping
Por Raulino Júnior
Às 19h, desta sexta-feira, 12 de dezembro, o coração de Felipe Ferreira estará batendo ainda mais forte: o escritor lançará seu primeiro livro, Griphos Meus: cinema, literatura, música, cultura, política & outros gozos crônicos, na Livraria Cultura, do Salvador Shopping. A obra é uma produção independente e reúne textos do autor publicados nos sites Cinem(ação), Ambrosia e Publikador, dos quais é colunista. Além disso, o livro traz textos inéditos, como poemas, crônicas e alguns de cunho erótico. Em julho, ao participar da série Perfis do Desde, Felipe revelou o plano de publicar um livro até o final de 2014. Agora, que a ideia virou realidade, ele fala com exclusividade para o Desde. Leia a entrevista!
Desde que eu me entendo por gente: Por que “Griphos”?
Felipe Ferreira: Quando comecei a pensar num nome, para poder criar uma identificação e tentando ver o que resumiria bem essa questão de escrever, de se dedicar à palavra, à escrita, fui caçando por sinônimos, pela etimologia da palavra “grafia”. “Grifo” tem a ver com grafia, escrita. Para diferenciar, ter originalidade e ser o meu grifo, não qualquer grifo, coloquei com “ph”.
Desde que eu me entendo por gente: Os textos do livro têm temáticas predominantes ou falam de tudo?
Felipe Ferreira: Falam de tudo: cotidiano, daquela fadiga do homem moderno e de saudade, de sentir falta do que você não tem mais. Todo mundo tem esse momento saudosista.
Desde que eu me entendo por gente: Griphos Meus tem prateleira?
Felipe Ferreira: Quando fui fazer o registro do ISBN (International Standard Book Number), eles perguntaram qual era o gênero, para poder catalogar. Eu me questionei: “Qual é o gênero?”. Fui analisando cada segmento e encaixei como ensaios brasileiros. Foi o que mais acolheu a ideia da multifuncionalidade do livro.
Desde que eu me entendo por gente: Quando você escreve, pensa num leitor como foco?
Felipe Ferreira: Pode ser aquela coisa meio segmentada. Uma crítica de cinema pode atingir mais o pessoal de cinema; mas, ao mesmo tempo que atinge o pessoal de cinema, vai atingir quem não é crítico, quem não é da área, quem não produz, mas quem gosta, quem curte, quem assiste sem compromisso. Acho que o ideal é você ter uma abrangência de abordagem e a mensagem passar por várias pessoas, sem ter apartheid. A leitura é universal.
Desde que eu me entendo por gente: Com o livro, você acaba perpetuando as suas ideias. Aonde é que você quer que ele chegue?
Felipe Ferreira: Quanto mais longe você pensar, mais perto do que pensou, você chega. Ao lançá-lo em Salvador, penso em criar um público para a obra em livrarias e pontos culturais. Depois, quem sabe, partir para outros estados: Rio, São Paulo. É um trabalho de formiga. Aos poucos, vou criando um público. Não só no meu estado, mas no Brasil todo. É um trabalho árduo, de formiga, mas tem que ser feito.
Desde que eu me entendo por gente: Você já pensou nos possíveis desdobramentos dessa obra? Por exemplo: um diretor de teatro se interessar em montar um espetáculo que tenha como base o seu livro?
Felipe Ferreira: É uma coisa que eu penso, mas não fico com isso na cabeça. É uma coisa natural. Se tiver de acontecer, vai acontecer e será muito bem-vindo. Só teria que avaliar o projeto, se realmente teria a ver com o perfil e o objetivo do livro. Seria interessante fazer essa transferência de linguagem das páginas para o palco.
Desde que eu me entendo por gente: Felipe: antes e depois do Griphos. Agora, com o livro impresso. Qual a diferença?
Felipe Ferreira: Acho que, agora, eu posso dizer que sou escritor. Porque se você é ator, você atua; se é cineasta, você produz cinema. Hoje, eu posso afirmar com todas as letras que sou escritor. É sacramentar o seu ofício. É você concretizar aquilo que está na sua alma, no seu dom, na sua persona.
Desde que eu me entendo por gente: Fazendo um trocadilho com o título do livro: quais são os seus “griphos” para o futuro?
Felipe Ferreira: Escrever sempre. Disso eu não tenho dúvida. Focar bem na venda, na divulgação e fazer reverberar muito o Griphos Meus, meu primeiro livro; e , claro, já tendo ideias, estímulos e insights para um próximo livro.
Para colocar na agenda…
Lançamento do livro Griphos Meus, de Felipe Ferreira, com sessão de autógrafo
Livraria Cultura, do Salvador Shopping
12 de dezembro, às 19h
O livro custa R$ 29 e vai ser vendido pela internet, no Instagram, Twitter ou através do e-mail felipe.grifosmeus@outlook.com.
Felipe Ferreira tem 23 anos e é formado em Letras com Inglês pela Universidade Católica do Salvador. Além de escritor, é roteirista.