Arquivo da categoria: Dança
Oficina de Butoh na Escola de Belas Artes da UFBA
Por Raulino Júnior
Calé Miranda nasceu no Rio de Janeiro, é diretor de teatro e pesquisador das relações da dança butoh com a mitologia afro-brasileira. Integra o grupo Cia. da Ação!, do qual é diretor artístico.
Mostra Bonfim em Cena movimenta Senhor do Bonfim
A Filarmônica
A Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses fará 62 anos de atividade, no mês de junho, e vai continuar comemorando o fato de ser uma das mais renomadas do ramo. Na trajetória, coleciona apresentações em lugares emblemáticos da Bahia, como o palco do Teatro Castro Alves (TCA).
De acordo com o presidente da sociedade, Rafael Ribeiro, de 29 anos, que está há quase 14 no grupo, a tônica da Filarmônica é, principalmente, formar músicos cidadãos. “A Filarmônica é uma instituição da comunidade. Ela está inserida na sociedade bonfinense para instruir, para formar, para educar; não só musicalmente, mas educar na formação cidadã do jovem bonfinense. Então, tem esse foco, tem esse objetivo. A banda da Filarmônica é só uma parte, mas ela também tem uma escola; e a escola é que é o importante. O objetivo principal é educar através da música”, esclarece. Rafael toca saxofone (alto, barítono, tenor e soprano) e está no início de sua gestão na Filarmônica, para um mandato de dois anos. “Eu só espero contribuir”, fala com confiança.
A formação cidadã a que Rafael se refere fica evidente quando se escuta o discurso de Lara Camila, 15 anos, que toca clarinete. “A Filarmônica é crucial na vida de todos os adolescentes e jovens, porque ela prega a educação em primeiro lugar. Faz mais de quatro anos que eu estou aqui e é a minha segunda família, meu segundo lar. É como se eu tivesse vários irmãos em um só lugar. A sensação é maravilhosa”, reconhece. Contudo, a adolescente não pretende seguir carreira na música. Eu quero ser médica, só que eu vou ter um hobby“. A estudante faz questão de destacar que todo o ensinamento que recebe é de graça, bem como os instrumentos e as roupas.
O maestro Tenison Santana, 26 anos, afirma ter sentido “uma satisfação muito grande” ao se apresentar novamente na Mostra Bonfim em Cena. “Poder replicar os conhecimentos que a gente aprende fora daqui de Bonfim com os nossos colegas, como o nosso professor, que é o Miranda, é uma satisfação porque a gente pôde, além de fazer esse trabalho com o pessoal da Filarmônica, citar compositores vivos daqui da cidade, que são nomes bastante conhecidos; com canções bastante conhecidas e poder homenageá-los presentes aqui na plateia. É uma emoção até muito grande para a gente que faz parte da Filarmônica, que está acostumado a tocar peças de compositores que já faleceram. Além de tudo, peças populares, para mostrar que a Filarmônica tem uma grande versatilidade. Tanto toca peças eruditas como toca peças populares também, principalmente o forró, já que estamos tratando da Capital Baiana do Forró”. Tenison é graduado em trombone pela Escola de Música (EMUS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e está prestes a concluir o mestrado em Educação Musical, também pela EMUS.
E quais serão os pŕoximos acordes da Filarmônica? Rafael Ribeiro responde: “Temos muitos projetos na cabeça e alguns até no papel também. Participamos, agora, de um edital lançado pelo Fórum daqui para rodar a região de Senhor do Bonfim e distritos, levando música para os bairros, para a população mais carente e áreas de maior vulnerabilidade social e maior criminalidade. A gente espera também firmar uma parceria com a ferrovia. Somos uma Filarmônica oriunda dos ferroviários e a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) começou, agora, a despertar para a área social. Então, esperamos nos unir como parceiros para desenvolvermos trabalhos na área de música e de formação de jovens. Esses são os passos para 2015″.
Com a palavra, Adriana Santana
Adriana Santana tem 23 anos e é autora do projeto que deu origem à Mostra Bonfim em Cena. Formada em Produção em Comunicação e Cultura, pela Faculdade de Comunicação (FACOM) da UFBA, a bonfinense realizou uma vasta pesquisa, em 2013, sobre gestão e uso de equipamento cultural no interior, tendo o Centro Cultural Ceciliano de Carvalho como objeto. Da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso à aprovação no edital de Dinamização de Espaços Culturais, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), foi um pulo. Em entrevista exclusiva para o Desde, ela conta um pouco sobre a realização da iniciativa.
Desde que eu me entendo por gente: Na sua opinião, como idealizadora do projeto, qual é a importância dele para a cultura de Bonfim?
Adriana Santana: Ele é muito importante para movimentar um espaço cultural da cidade, da região, o único centro de cultura do Território Piemonte Norte do Itapicuru que não tem atividades permanentes de cultura. Tem esse nome de espaço cultural, mas recebe mais atividades de outra natureza do que da natureza artístico-cultural. Então, é muito importante movimentar este espaço. É muito importante promover entretenimento e lazer para o público da cidade, da região. E tem sido muito bacana fazer isso. A gente chegou, agora, à oitava edição neste domingo [dia 5 de abril], aí vamos até maio realizando um monte de coisa.
Desde: O projeto tem atendido às suas expectativas iniciais?
AS: Sim. Acho que a gente tem conseguido trazer programação de muita qualidade, tem sido uma surpresa a cada noite. Porque, quem vê de fora, acha que não tem tanta gente boa fazendo arte aqui na cidade e a gente mostra que não; que é o contrário.
Desde: E qual o legado você quer que a Mostra Bonfim em Cena deixe para a cidade, para a região?
AS: Eu quero que, após seis meses de programação contínua, o Centro Cultural consiga receber atividades contínuas daqui pra frente. Que as pessoas entendam a importância de ter atividades aqui, de realizar atividades, que o poder público entenda a importância disso e continue realizando, não deixe esse espaço parado, como estava antes da Mostra Bonfim em Cena.