Por Raulino Júnior ||RauLendo: leituras em pauta||
CALADO, Carlos. Tropicália: a história de uma revolução musical. 1ª ed. São Paulo: Ed. 34, 1997. (Coleção Ouvido Musical).
Por Raulino Júnior ||RauLendo: leituras em pauta||
Você conhece as manifestações da arte africana? Tem noção do quanto ela é rica e plural? Caso não tenha tanto conhecimento assim, você tem uma ótima oportunidade para aprender: o historiador Vítor Queiroz volta a Salvador para ministrar o curso Arte Africana, de 23 a 26 de abril, das 18h30 às 21h30, na Aliança Francesa, que fica na Ladeira da Barra (Avenida Sete de Setembro). O curso tem como objetivo apresentar a produção escultórica, pictórica e musical da África Subsaariana, além de desmistificar preconceitos associados ao continente africano. Os interessados em participar da atividade deverão fazer o investimento de R$ 180, que corresponde ao total de 12 horas de aula. Também será possível fazer aulas avulsas, pagando R$ 50 por dia. Para fazer a inscrição, basta entrar em contato pelo telefone/WhatsApp (71) 99123-9050.
Arte Africana
A arte africana, ao longo do tempo, deixou muitas contribuições para todo o mundo. Apesar de não ser o foco do curso, Vítor destaca a influência do Egito na arte grega, romana e na de todo o Mediterrâneo. “A estética, principalmente, da escultura e da arquitetura do Egito, está na base do que a gente chama de estilos clássicos do Mediterrâneo e da Europa. como um todo”. De acordo com o historiador, a África Subsaariana foi conhecida tardiamente pelos europeus, no século XV. “O grande momento de influência da arte africana no Ocidente tem a ver com o Modernismo. No final do século XIX e, principalmente, no início do século XX, com Pablo Picasso, Matisse, Derain… Uma série de artistas vão se encantar pelas obras que o colonialismo do século XIX, na África, vai fazendo chegar às grandes metrópoles coloniais. Ou seja: Paris, Londres e, em menor grau, Lisboa”.
Na arte brasileira, segundo Vítor, há pouca influência direta da arte africana. Para ele, isso reflete, em grande parte, o nosso desconhecimento de arte africana. “A gente não pode esquecer que somos um país extremamente africanizado. Somos o maior receptor de africanos escravizados do hemisfério ocidental, da modernidade. Temos uma série de influências indiretas no Brasil, na Afro-América como um todo, nos cultos afro-brasileiros, afro-americanos, em diversos gostos estéticos. Estão, por exemplo, em costumes funerários, na decoração de túmulos. Tudo isso das duas regiões que eu vou privilegiar no curso, que são a África Ocidental, o Golfo da Guiné; e a África Central, a região de Congo, Angola, Zaire. Eu acho que a influência é imensa e indireta. Temos uma série de gostos e fazeres estéticos bastante africanizados. Isso, quando a gente fala de música, fica superevidente. Lembrando que a música-símbolo do Brasil, é uma música profundamente centro-africana, com o nome em quicongo, que é o samba”.
E qual será, diante de toda a diversidade artística, a manifestação da arte africana que mais chama a atenção do autor do curso? “A coisa que eu acho mais incrível da arte africana é a extrema diversidade estética, o que também está ligado à imensa quantidade de povos e de línguas espalhados pela África. Outra coisa que eu acho incrível é exatamente esse binômio, essa dialética entre tradição e inovação, que caracteriza a arte africana o tempo todo. Ela sempre vai incorporando técnicas novas, materiais novos, objetos novos, e vai se refazendo o tempo todo; mantendo uma série de cânones. O que também é muito bacana na arte africana, de modo geral, é a ideia de uma arte, que a gente poderia chamar, de multimídia. Quando a gente olha uma máscara no museu, várias máscaras juntas numa vitrine, olha aquilo ali como objetos estáticos. Na verdade, aquilo ali é vestido com roupas de tecido, roupas de palha. Aquilo é dançado, aquilo tem música… Uma outra última coisa que eu acho incrível da arte africana é exatamente essa junção de coisas. Numa mesma manifestação, que a gente poderia chamar de estética africana, tem diversão, tem toda uma cosmologia, um aparato místico, uma série de símbolos de poder. Tudo isso está conjugado, mas não dá pra dizer, porque a África, como eu falei e vou falar no curso, é imensa. Então, não dá para fazer generalizações tão grandes”, alerta.
Cronograma
As aulas vão abordar os seguintes conteúdos:
Vítor Queiroz
Além de historiador, o soteropolitano Vítor Queiroz é mestre em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutor em Antropologia, também pela Unicamp. A sua tese se debruçou sobre a obra de um dos mestres da música brasileira: Dorival Caymmi. Intitulada A Pedra que Ronca no Meio do Mar: baianidade, silêncio e experiência racial na obra de Dorival Caymmi, a pesquisa mostrou a atmosfera da “mitologia caymmiana”. Em janeiro deste ano, Vítor ministrou o curso livre de Música Popular Brasileira, oferecido pelo Centro de Formação em Artes (CFA), da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), em Salvador. Na ocasião, o Desde fez uma cobertura exclusiva e produziu a série de reportagens Música Popular Brasileira em Curso, que pode ser lida neste link: MPB em Curso.
Jornalismo em tempo real é a aposta do #DesdeEmTrânsito
Por Raulino Júnior
Chegamos à nossa última história da série 8 Histórias Para Contar, que comemorou os oitos anos do Desde e revisitou algumas de nossas experimentações jornalísticas. Para finalizar, o destaque vai para o projeto #DesdeEmTrânsito. Ele surgiu para a gente sentir o gostinho do jornalismo “em tempo real”. A ideia é fazer cobertura jornalística de eventos, palestras e mesas de debate usando o Twitter. A instantaneidade desse rede social tem tudo a ver com a análise diária dos acontecimentos sociais, uma vez que informar é a base disso tudo. Óbvio que essa informação não pode ser feita de qualquer jeito, sem apuração. Responsabilidade e jornalismo devem sempre andar de mãos dadas.
O #DesdeEmTrânsito faz o nosso jornalismo pulsar ainda mais na veia. Porque, em pouco tempo, a gente tem que receber a informação, apurar quando for necessário e postar o tuíte. Claro que já erramos algumas vezes, já pedimos desculpas, mas nada atrapalhou nem impediu a nossa vontade maior, que é a de informar. A primeira edição do projeto foi em 2015. De lá pra cá, já fizemos cinco, três delas em 2017. Clique na imagem abaixo e confira os posts.