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Para tudo, um remédio

Imagem: reprodução do site da Biblioteca Virtual em Saúde.

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

De acordo com uma pesquisa feita pelo Conselho Federal de Farmácia, em 2019, 77% dos brasileiros se automedicam. Um índice extenso e preocupante. Mas, falando a verdade verdadeira, não é nenhuma surpresa. Afinal, todos nós já fizemos ou fomos incentivados a fazer isso. A automedicação é uma coisa natural, arraigada na cultura brasileira. Quando você não faz isso, vira o estranho, uma vez que todo mundo está fazendo. O assunto é sério e é curioso como até as autoridades não estão muito preocupadas com isso. Haja vista que as autorizações de funcionamento de farmácias e drogarias explodem no país e os critérios para a compra não são tão rígidos assim. A gente encontra uma farmácia, literalmente, em cada esquina. Fácil de acessar. E não podemos esquecer que esses estabelecimentos vivem e querem ter lucro. “Tão natural quanto a luz do dia”.

No dia a dia, é comum alguém sempre ter uma solução para aquela dorzinha ou desconforto que a gente sente. “Toma tal remédio, menino, que isso passa”, “Não precisa ir ao médico, é só tomar o remédio ‘X’ que resolve”. É claro que a ida ao médico tem várias questões envolvidas, que, definitivamente, não é o objeto desta crônica, mas a prática da automedicação é e precisamos falar sobre ela. Tem gente que tem uma farmacinha em casa ou carrega vários remédios na bolsa ou na mochila. Quando qualquer sintoma incomum aparece, é só botar aquele remédio para dentro. Preocupante… A pesquisa já citada revelou que os remédios mais utilizados pelos brasileiros na automedicação são, nesta ordem, os antibióticos, os analgésicos, os antitérmicos e os relaxantes musculares. E olhe que há toda uma política para a prescrição e venda de antibióticos!

O ditado “De médico e louco todo mundo tem um pouco” ganha até um sentido literal nesse contexto. Atualmente, todo mundo se acha médico consultando o Google para saber o que pode tomar para melhorar os sintomas da doença X, Y, Z… É mais fácil e prático. E tem profissional de saúde avalizando isso. Certa vez, levei a minha filha num grande hospital de Salvador e a profissional que fez o atendimento recomendou que a gente pesquisasse no Google como fazer uma lavagem nasal. Deu um nó na nossa cabeça. Se ela, que é a profissional da área, não quis nos ensinar, pra quê ter hospital hoje em dia?! Foi só um parêntese revoltado. Voltemos. Também é considerada uma forma de automedicação quando os pacientes, por conta própria, mudam a dosagem dos remédios. Tomam a mais ou a menos. Quando eu disse que todo mundo se acha médico, não estava mentindo…

Nem tudo precisa de remédio, mas nós não estamos habituados a isso. A nossa cultura é a do remédio. Sendo assim, a automedicação ganha espaço, deita e rola. De fato, um assunto pouco discutido e que precisa de mais espaço na sociedade. Algumas notícias dão conta de que o SUS (Sistema Único de Saúde) pretende promover campanhas para combater esse comportamento nocivo e perigoso. Tomara que vingue.

Sigamos.

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