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No Dia do Feirante, Desde lança exposição “Tá Pago!”

Exposição “Tá Pago!” será publicada no 25 de agosto. Foto: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior 

Uma exposição para refletir sobre uma atividade profissional imprescindível para o Brasil, sobre saúde, economia e sobre a polissemia de uma expressão: é a Tá Pago! Será publicada no Dia do Feirante, 25 de agosto, aqui no Desde. É dinheiro vivo! É cultura viva! Até lá!
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“Rolê” e “lugar” são as palavras da moda

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

De tempos em tempos, algumas palavras e expressões caem no gosto popular e são exaustivamente usadas. “É sobre isso” e “Tá tudo bem”, por exemplo, imperam há, pelo menos, cinco anos e são usadas como “argumentos” em alguns debates. Agora, as palavras da vez são “rolê” e “lugar”. Elas figuram em podcasts, telejornais, programas de entretenimento, instituições de ensino, publicações em redes sociais digitais… Estão em tudo quanto é lugar do rolê! Brincadeiras à parte, é bom acompanhar a riqueza e variação da língua. Estranho mesmo é quando as palavras são deslocadas de seus significados originais e ganham sentidos sem sentido. Vejamos…

“Rolê”, por exemplo, pode ser tudo. E é. Não é difícil, ao assistir a alguns programas de entrevistas, ouvir dos entrevistados frases do tipo: “Esse rolê de estar sempre no combate é cansativo”, “Cada pessoa tá no seu rolê,  buscando o seu”, “É um rolê que está acabando com a minha saúde mental, que eu tenho que cuidar”, “Eu não fiquei sabendo desse rolê. O que aconteceu?”. Tudo é rolê. E rolê não é nada. Claro que estou sendo radical, só para apimentar a crônica, porque sei que o contexto existe e é importante, mas é estranho ouvir algumas pessoas botando rolê em tudo. Às vezes, chega a ser engraçado. Parece que as pessoas não estão refletindo muito sobre o que dizem. Enfim…

Em tempo: tanto “rolê” quanto “rolé” são palavras usadas com o mesmo significado (passeio, volta). Ainda assim, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) registra apenas “rolé” significando “passeio”. No documento, “rolê” é descrito como um movimento de capoeira. A língua é viva e do falante. Daí vem a riqueza. Isso tudo só para dizer que “rolê” e “rolé” são variações usadas no Brasil. Aqui, optei pela forma com acento circunflexo (som fechado), porque foi a que ouvi sendo usada.

E “lugar”? Além de ser usada em todos os períodos, tem os mais diferentes sentidos também: “Não estou nesse lugar. É um lugar que não me pertence e que nem quero” (a pessoa não fala isso se referindo a lugar físico), “Fica num lugar de querer chamar atenção pela polêmica, pela lacração”, “Acaba caindo num lugar de querer resultado imediato, para agora”. É um uso que não é figurado nem denotativo. É um uso presente. E está na moda. Entra num rolê de um lugar muito desgastante, sabe?

Sigamos.

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