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Banda Mel retorna ao Carnaval de Salvador e evidencia a importância do axé music manter sua essência

Marcia Short e Robson Morais cobram presença da poesia do samba-reggae nas músicas atuais do gênero

Robson Morais e Marcia Short: vozes e potências da Banda Mel. Foto: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior || Especial – Carnaval sem Confete ||

A antológica Banda Mel fez o seu retorno ao Carnaval de Salvador na noite de domingo, no circuito Dodô (Barra-Ondina). Capitaneada por Marcia Short e Robson Morais, vocalistas que ingressaram no grupo, respectivamente, em 1989 e 1990, a atração foi acompanhada por um público saudosista pela época em que a axé music tinha mais riqueza poética, tanto nas letras quanto nas melodias. Canções como Prefixo de Verão, Baianidade Nagô, Crença e Fé e Mulher Primazia, obviamente, figuraram no repertório e foram acompanhadas em coro. Marcia falou sobre a emoção que viveu: “Eu estou arrepiada até agora. Esse foi o estado em toda a avenida. Saudade é um negócio que é tão genuíno, é tão verdadeiro. E a gente via isso no olhar das pessoas, o abraço, o acolhimento, o respeito, o reconhecimento dos que vieram antes. Isso que a gente tem falado tanto, de preservar os que vieram antes. Acho que a gente precisa regar essa raiz, adubar essa raiz, pra essa árvore voltar a dar frutos suculentos, frutos frondosos, frutos frescos. A gente está alimentando a raiz. Daqui a pouco, tudo volta pro lugar”. Robson destacou a lealdade das pessoas ao trabalho da Banda Mel: “Tiveram pessoas aqui que eu não acreditei que viriam, que vêm me sinalizando que viriam pra ver a gente e estavam aqui. Pessoas do Distrito Federal, de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro… Estavam aqui e não queriam subir no trio, não. Queriam ir na pipoca, do lado da gente. Isso é muito bacana. E vieram na pipoca até agora, até o final. Debaixo de chuva, cheia de questões, mas estavam aqui, chegaram até o fim. Então, essa lealdade ao nosso trabalho, essa confiança no trabalho da gente, essa alegria toda nos comove ainda e isso e muito bom”.

Essência do Axé

Por onde passam, Marcia e Robson fazem questão de levantar a bandeira a respeito da qualidade e essência do axé. O Desde entrevistou os cantores a fim de saber sobre qual essência eles se referem. Marcia foi categórica: “O samba-reggae. A mola mestra de tudo. O motivo de tudo. Se hoje a gente está passando nesse caminho ladrilhado, foi o samba-reggae que abriu. O nome axé music foi uma brincadeira que ficou séria, mas a mola mestra de toda a cena da música da Bahia, que vigora até hoje, chama-se samba-reggae”. Ao ser questionado sobre o que dessa essência falta atualmente no gênero, Robson não titubeou: “Qualidade. Muita música curtinha, muita música feita pra ser sucesso imediato e aí o pessoal esquece da qualidade. Acho que isso está faltando e acho que gente pode contribuir muito com isso também. Obviamente, vamos chamar todos os nossos amigos compositores, os antigos, que compunham música pra gente lá atrás, e os novos compositores, pra gente tentar buscar canções novas, formas novas de tocar o nosso samba-reggae, porque a gente também precisa evoluir, mas com essência toda, a célula lá de trás”. Marcia complementa: “Eu acho que, quando tem quem consuma, a gente tem que ficar atento, pra gente não invadir o espaço dos outros. Eu acho que mulher é poesia e a mulher tem que ser cantada com amor e respeito. Quem deu passagem pra todo mundo aqui foi uma mulher. Eu tenho algumas ressalvas com relação às letras. Eu acho que essa linha de composição é delicada, mas eu não aponto nem como bom nem como ruim. Eu só consumo o que eu gosto. Se eu não gosto, eu não ouço”.

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