Crônica, Cultura, Desde Já, Jornalismo Cultural

A Salvador do “daqui a pouquinho”

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

Em Salvador, quase tudo atrasa, quase nada começa no horário. O atraso está institucionalizado nessa cidade. É incrível e revoltante! Isso é uma verdade tão verdadeira que as pessoas marcam os compromissos já prevendo o atraso. Pois é. Somos todos reféns.

Quem é pontual, perde tempo. O motivo: ter chegado no horário. A pessoa se esforça para chegar ao compromisso com pontualidade, mas como ninguém chega, ela fica lá, isolada, perdendo tempo. Aí, sempre tem alguém que, achando que está fazendo a melhor coisa do mundo, traz a satisfação: “A gente vai começar daqui a pouquinho. Vamos aguardar só mais cinco minutinhos”. Tudo em “inho” piora tudo.

Isso também demonstra o quanto o Brasil é um país que valoriza muito mais quem age “fora da lei”. Por aqui, alguma coisa só começa quando os atrasados chegam. Pode?! Pode. Quem é pontual que espere! A raiz de muitos problemas está nesse comportamento tão simples e banal. É complicado.

E reunião com colegas? Uma comédia anunciada, mesmo antes de ouvir as desculpas mais “criativas” pelo telefone: 1. “Chego daqui a pouquinho. Me atrasei porque derrubei café na minha roupa e tive que lavar”. 2. “Chego daqui a dez minutos. Não tinha ninguém em casa e eu tive que levar a minha vó ao médico”. Ah, tá!

Já fui a um evento que estava marcado para começar às 8h e só teve início às 10h40. Haja paciência! Verdade seja dita: espetáculos em teatros costumam sempre começar no horário. Quer dizer, depois dos três sinais, atrasam um minutinho. Falei em “inho”, para não fugir da tradição. Mas não serei tão espartano assim. Palmas para os teatros e vaias para Salvador e sua institucionalização do atraso.

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Cultura, Desde Então, Jornalismo Cultural, Música

Fábio Jr. – Acústico: romantismo em forma de música

Capa do CD Fábio Jr. – Acústico, de 2002: baladas românticas. Foto: reprodução do site oficial do cantor

Por Raulino Júnior ||Desde Então: análise de produtos culturais de outrora|| 
Que Fábio Jr. é um romântico inveterado, todo mundo sabe. Em 2002, o cantor e compositor lançou o CD Fábio Jr. – Acústico, pela BMG Brasil, e deixou ainda mais evidente essa característica. Produzido por Nilo Romero e César Lemos, a obra traz canções emblemáticas da carreira de Fábio, como 20 e poucos anos (Fábio Jr.) e Só você (Vinícius Cantuária). 

Basta o play ser acionado, para o CD arrebatar o ouvinte. A primeira faixa é Em cada amanhecer (Maurício Gasperini/Mauro Gasperini/Juno). A letra fala de arrependimento: “Quando a noite traz o silêncio/Estou sozinho, então, eu penso/Como fui deixar/Você se afastar de mim“. E Fábio, que também é ator, empresta toda a sua experiência dramática para interpretar a canção. O resultado é um golaço! As faixas seguintes, Enrosca (Guilherme Lamounier) e Eu me rendo (Sérgio Sá), desfrutam da mesma emoção. O disco esfria um pouco em Minha outra metade (César Lemos/Fábio Jr.), mas ressurge forte e vibrante na encorajadora 20 e poucos anos. O desabafo egoísta presente na música é um convite à perseverança: “Você já sabe/Me conhece muito bem/Eu sou capaz de ir/Vou muito mais além/Do que você imagina/Eu não desisto assim tão fácil, meu amor/Das coisas que eu quero fazer e ainda não fiz/Na vida tudo tem seu preço, seu valor/E o que eu quero, dessa vida, é ser feliz/Eu não abro mão/Nem por você/Nem por ninguém/Eu me desfaço dos meus planos/Quero saber bem mais que os meus 20 e poucos anos“. É impossível não destacar a balada Caça e caçador (Eric Bulling/Cláudio Rabello). A música contagia pela letra e pelo balanço. A propósito, todos os arranjos do CD foram elaborados com muito cuidado.

Fábio, como sempre, emociona ao cantar Pai (Fábio Jr.), que é uma declaração de amor daquelas bem rasgadas. A gravação ficou no estilo voz e violão, com o instrumento vocal bem marcado. É acústico, não é? Não tinha como ser de outro jeito. O lado de intérprete do cantor paulista é o seu maior trunfo. Fábio sabe usar isso nos momentos certos. Nesse sentido, em Se quiser vai (Simone Saback), o artista chega ao clímax. Em 2006, no seu CD duplo Dois Quartos, a cantora e compositora Ana Carolina regravou a música de Simone, mas, curiosamente, com outro título: Vai. Contudo, o espírito da letra fica bem mais definido na interpretação de Fábio.

A única falha de Fábio Jr. – Acústico foi colocar músicas importantes da carreira de Fábio como pot-pourri. Isso acontece com O que é que há (Fábio Jr./Sérgio Sá), Pareço um menino (César Augusto/Piska), Quando gira o mundo (Rosa Girón/versão: Cláudio Rabello), Sem limites pra sonhar (Rosa Girón/M. Perez Garcia/versão: Cláudio Rabello e Jeremy Brick), Alma gêmea (Peninha) e Felicidade (U.Tozzi/R. Riefoli/G. Bigazzi/versão: Cláudio Rabello). Todas elas mereciam estar isoladas no CD. A execução de cada uma é bem rápida e deixa o ouvinte pedindo um pouco mais. Talvez essa tenha sido a intenção.

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Crônica, Cultura, Desde Já, Jornalismo Cultural

Quando blogueiros e educadores se encontram…

Card do Encontro com Blogueiros, promovido pelo Colégio Estadual de Conceição do Jacuípe (CECJ). Foto: captura de tela feita em 9 de julho de 2015

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

É uma festa! Não tem expressão melhor para traduzir um encontro de blogueiros e educadores. Tive a honra de participar de um, no começo do mês, em Conceição do Jacuípe (que, por sinal, é o meu chão), e foi isso que ficou. Ainda mais que o encontro foi feito para e com estudantes do ensino médio. Festa completa.
O verbo compartilhar está na moda e isso ficou evidente na experiência de “ir aonde o povo está”. Os estudantes, cheios de vontade de aprender e de ensinar, compartilharam com os convidados o melhor deles: respeito, interessse, educação e inteligência. Narrando, aqui, não dá para descrever o que aconteceu naquela manhã de sábado, 11 de julho. Qualquer palavra que eu use vai ser pequena diante da grandiosidade do fato.
A educação esteve viva, conectada com a realidade. Por isso, o encontro foi tão prazeroso. Quem disse que estudar é chato? Muito pelo contrário! Estudar, quando a gente encontra pessoas dispostas a fazer a diferença, é a melhor coisa do mundo. É gratificante ver professores comprometidos com a arte de educar. Só os mais sensíveis sabem o que é isso.
Blogueiros são cheios de expectativas e gostam de liberdade. Educadores gostam de liberdade para encher estudantes de expectativas. Quando blogueiros e educadores se encontram, o processo de ensino/aprendizagem ganha mais uma possibilidade de sentido. E isso é muito bom. Dá satisfação.
Ass.: um blogueiro educador.
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Em entrevista, coordenador da Biblioteca Abdias Nascimento, Eduardo Pereira Odùdúwa, fala sobre os projetos e desafios da instituição

Eduardo Pereira Odùdúwa, na sede da Biblioteca Abdias Nascimento, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Foto: Raulino Júnior. Edicão de imagem: Josymar Alves

Por Raulino Júnior

O arte-educador Eduardo Pereira Odùdúwa, 34 anos,é um representante fiel do cidadão que contribui para transformar a sociedade na qual está inserido: engajado, consciente e mobilizador. Há sete anos, fundou e coordena, junto com a sua mulher, Isis Sacramento, a Biblioteca Abdias Nascimento (BAN), que fica na Avenida Afrânio Peixoto, a famosa “Avenida Suburbana”. A instituição é a primeira biblioteca independente, em Salvador, especializada em cultura afro-brasileira e africana. Em 2012, o espaço virou Ponto de Leitura, através do Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura. Nesta entrevista, Eduardo fala sobre as ações e perspectivas futuras da BAN.” Nosso grande desafio, agora, é ter a sede própria. Isso vai viabilizar muita coisa”, aposta.
Desde que eu me entendo por gente: O nome da biblioteca é Abdias Nascimento, que faz referência a um ícone do povo negro e da nossa cultura. O que motivou a homenagem?
Eduardo Pereira Odùdúwa: Na época, eu, minha esposa e mais cinco pessoas, todos arte-educadores, resolvemos criar esse projeto porque a Lei 10.639/03, que obriga as escolas a ensinarem a história e cultura afro-brasileira e africana, tinha sido recentemente criada, mas a gente percebeu que não havia uma acessibilidade ao material que era produzido sobre essa cultura.  Coincidentemente, em 2008, Abdias veio a Salvador para receber o título de doutor honoris causa, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), e nós o conhecemos. Tanto ele quanto Elisa Larkin Nascimento [viúva de Abdias]. Resolvemos fazer essa homenagem porque Abdias é uma figura que tem tudo a ver com a nossa proposta, tanto na literatura, no teatro e nas artes plásticas. Aqui, apesar de ser uma biblioteca, tem uma atuação bem ampla.
Desde: Há algum diálogo com as outras bibliotecas de Salvador?
 
EPO: A gente é cadastrado na Fundação Pedro Calmon, a fundação que gerencia as bibliotecas aqui na Bahia, e na Fundação Biblioteca Nacional também. Já fizemos parte de algumas redes de bibliotecas, mas o nosso vínculo é via Pedro Calmon mesmo.
Desde: Como ocorre o sistema de empréstimo de livros?
EPO: A gente faz um cadastro. As pessoas interessadas vêm aqui, preenchem a ficha e trazem a documentação básica (comprovante de residência e xérox da identidade). O empréstimo é gratuito, por sete dias, e pode ser renovado.
Desde: A visitação é grande?
EPO: Hoje, estamos atendendo, praticamente, por visita agendada, porque aqui não tem um fluxo tão constante. Isso, na realidade, é um problema de todas as bibliotecas de Salvador. Como a gente faz muitas atividades externas, nas escolas, nos terreiros, em algumas Organizações Não Governamentais (ONGs) que são parceiras, as pessoas conhecem o nosso trabalho e quando têm interesse de visitar e até mesmo fazer empréstimo de algum livro, entram em contato, por telefone ou pelo e-mail, a gente marca o dia da visita e ela acontece.
Desde: O que essa experiência de sete anos de estrada trouxe? Quais foram os desafios? [A BAN foi fundada em 30 de maio de 2008].
 
EPO: Essa é a nossa quarta sede provisória. Nós estamos, agora, começando a construir a nossa sede própria, em Periperi. Eu acredito que, em novembro, nós estejamos inaugurando a sede definitiva. Essa foi uma experiência que a gente teve, de estar mudando, mas sempre mantendo esse eixo entre Periperi e Praia Grande. Nós começamos em Escada, depois fomos para Itacaranha, em seguida para Periperi e viemos para cá. Daqui, a gente só sai com o nosso espaço próprio.

Eduardo posa ao lado do acervo da BAN: mais de 1000 títulos. Foto: Raulino Júnior

Desde: Qual foi a razão para implementar o projeto da biblioteca?
EPO: Na realidade, o Subúrbio, e isso já é uma coisa comprovada hoje, é a região de Salvador que tem o maior número de população negra e a maior quantidade de terreiros de candomblé. Então, a questão da negritude é muito forte aqui, apesar de a consciência ainda não ser muito grande. As pessoas ainda não têm essa consciência racial, ainda é uma briga que a gente está travando, mas a cultura negra aqui é muito forte. Há muitos grupos culturais de capoeira, de música, de dança. Esse foi o motivo.
Desde: Você é leitor? Qual livro você está lendo no momento?
EPO: Sou. No momento, eu estou lendo um livro sobre Abdias Nascimento, da coleção Grandes Vultos que Honraram o Senado. Aqui na Bahia, só existem dois exemplares desse livro. Foi lançado recentemente e um dos exemplares, que é o que está aqui em Salvador, ficou conosco. Recebemos das mãos de Elisa Larkin. [Eduardo não lembra onde Elisa deixou o segundo exemplar, mas tem certeza de que não foi em Salvador. O livro que fala sobre Abdias é de autoria de Elisa Larkin Nascimento. A coleção é uma iniciativa do Senado Federal].
Desde: Você, como arte-educador, o que acha sobre a prática da leitura no Brasil e na Bahia? 
EPO: A gente já não tinha uma cultura muito forte de leitura, né? Neste momento, a gente vive uma crise, por  causa da questão da internet, dos meios eletrônicos. Eu acho, na realidade, que é um momento de mudança. Estão sendo criadas outras possibilidades de leitura, que a gente precisa saber como acompanhar, para não perder o hábito do livro impresso, do livro físico. Como arte-educador, como eu faço um trabalho de contação de história também, eu estimulo. Sempre que vou contar história, eu levo o livro impresso, para que as crianças vejam, tenham contato, e aquelas que já sabem ler, possam ler, recontar a história. Então, eu acho que essa é uma estratégia.
Desde: Quais serão as próximas ações da BAN?

EPO: Tem várias outras atividades que a gente tem interesse de fazer, mas a gente não tem braço, não tem espaço. Nosso grande desafio, agora, é a sede própria. Isso vai viabilizar muita coisa. A gente quer fazer um trabalho mais específico com as crianças, inclusive nessa questão de formação de leitores, e é muito mais complicado a gente ir até às escolas e em outras instituições. Com a sede, a gente tem essa possibilidade de trazer as crianças e fazer um trabalho mais específico.

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A seguir, Eduardo Pereira Odùdúwa descreve, de forma específica, cada atividade realizada pela Biblioteca Abdias Nascimento. Todas as ações são gratuitas.

Sede da BAN, na Avenida Afrânio Peixoto (Suburbana). Foto: Raulino Júnior

Curso de Língua e Cultura Yorubá: “Eu sou professor de língua iorubá, formado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO). O curso, que dura de três a seis meses, existe desde o primeiro ano da BAN. A cada semestre, nós temos uma nova turma”.
Oficina de Percussão e de Atabaques: “Nós fizemos nos dois primeiros anos, paramos e retomamos neste ano. Estamos com uma turma numa academia, em Águas Claras”.
Coral Afro nkorin Yorùbá: “É um coral de língua iorubá, formado por ex-alunos do curso. Ao longo do curso de iorubá, as pessoas sentiram essa necessidade de expressar, mostrar essa cultura, os diversos valores culturais. Aí, em 2013, alguns alunos resolveram se organizar e formar esse grupo”.
JAM da BAN: “É uma jam session e sarau poético que acontece uma vez por mês, no Parque São Bartolomeu. Reúne a juventude, os músicos locais e a gente leva o nosso acervo de poesia africana e afro-brasileira. A gente tem uma coleção de literatura angolana muito rica”.
NaEncruza: “É um encontro que a gente faz, especificamente, com os povos de terreiro ou para discutir questões relacionadas a esses povos. Nós vamos até o terreiro, fazemos uma discussão ou trazemos alguns representantes aqui para nossa sede”.
Acervo Itinerante: “Há uma resistência muito grande, hoje em dia, de as pessoas virem até o espaço da biblioteca. Sendo assim, nós levamos o nosso acervo, uma vez por mês, para as escolas públicas daqui da região. É justamente o momento que a gente faz a aproximação e, a partir daí, as pessoas entram em contato pra vir aqui e conhecer, de fato, todo o acervo e as atividades”.
Omodé Griô: “É uma contação de história. Neste momento, nós não estamos fazendo. Fizemos até o ano passado, no Centro de Referência de Assitência Social (CRAS) da Barroquinha, com as crianças ali do Centro Histórico e do entorno”.
Agbá Griô: “É um projeto com os mais velhos, que começamos no ano passado. A gente trabalha com o pessoal do grupo de idosos Conviver Vó Maria, daqui de Periperi. A gente faz um trabalho de resgate da memória, comparando as histórias que eles conhecem com as histórias africanas”.
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Cultura, DESDEnhas, Jornalismo Cultural, Resenha

Viagem pictórica

Cartaz da exposição. Foto: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior ||DESDEnhas: as resenhas do Desde||
Pontos lotados, aperto, confusão, barulho, pregações, imprudências, humor e ironia. Tudo isso pode ser visto, em forma de arte, na exposição Bolo no Buzú (assim mesmo, com acento no “u”, infringindo uma regra gramatical), da artista Lilian Morais. Com um olhar crítico, a publicitária e pesquisadora de artes visuais retratou o que acontece nos ônibus do transporte público de Salvador. Não deu outra: muito riso e reflexão. O riso vem das coisas que, de fato, são engraçadas (que Lilian soube explorar muito bem!) e a reflexão aparece quando o visitante se identifica com algumas situações e percebe o quanto o serviço de transporte é precário. Na verdade, quem vê a exposição apenas reforça aquilo que já sabia.
Lilian consegue brincar e ressignificar palavras, como fica evidente na tela intitulada CAB no BUZU. A superlotação comum nos ônibus serviu de mote para a pintura, que é ambígua por natureza. Será que cabe tanta gente no buzu? É muita demanda para pouca oferta. E a passagem só aumenta!

CAB no BUZU. Foto: Raulino Júnior

A tela Baculejo no CAB deixa evidente a eterna guerra de braço entre opressores e oprimidos.

Baculejo no CAB. Foto: Raulino Júnior

Nem as dispensáveis pregações ficaram de fora. Uma maioria alheia ao discurso do líder religioso do ônibus. Nessa tela, vale a pena destacar a pintura do letreiro da linha do ônibus, que formou a expressão “Fazenda Grande Dor”. A brincadeira, obviamente, se refere à linha “Fazenda Grande do Retiro”. Colocar a expressão pela metade foi uma sacada genial e tem muito a ver com a tela e com a realidade de quem pega ônibus, pois os pregadores se colocam como fazendeiros tocando o gado. Imagine isso ao meio-dia?! Faminto?! É de doer!

Pregação. Foto: Raulino Júnior

Diante de tanta imprudência no trânsito, corroborada pelos motoristas dos ônibus, o que resta fazer é pedir proteção a qualquer força que você acredita. Lilian sugeriu Jah.

JAH. Foto: Raulino Júnior

A Suburbana e o Rio Vermelho: dois mundos de Salvador que reúnem pessoas do mundo inteiro! Lilian é antenada! Na tela Suburbana, ela faz referência à capa do famoso disco dos The Beatles. Para chegar à Suburbana, é preciso dar a volta ao mundo? Essa é a sugestão provocativa que Lilian deixa no ar.

Suburbana. Foto: Raulino Júnior

Na tela O Carnaval, Lilian evidencia a festa para “gringo ver”. Nesse sentido, é crítica e repleta de humor. Barack Obama, por exemplo, diverte-se na dita “maior festa popular do mundo”, só para reforçar o clichê, com fantasia feminina.

O Carnaval. Foto: Raulino Júnior

E para quem faz a festa, mesmo com todos os problemas crônicos do transporte público da capital baiana, o bolo (no sentido real e figurado) é indispensável à comemoração.

Bolo no BUZU. Foto: Raulino Júnior

Ao todo, Lilian Morais apresenta ao público 20 telas, em pintura acrílica. A curadoria é de Francisco Maia. Durante o passeio nas imagens, o visitante se depara com os problemas e situações peculiares do transporte público de Salvador. No final do trajeto, o observador encontra o caos, representado por uma instalação provocadora. Vale a pena embarcar na viagem proposta por Lilian!

No final, o caos. Foto: Raulino Júnior

O trabalho está exposto no Palacete das Artes, na Graça, e fica até o dia 3 de agosto. Os horários de visitação são os seguintes: de terça a sexta, das 13h às 19h; nos domingos e feriados, das 14h às 19h.

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