#Desde7, Cultura, Jornalismo Cultural

Oficina para “focas” encerra as comemorações pelos sete anos do Desde

Uso de blogs como experimento para a prática jornalística é o tema da oficina que será realizada na Biblioteca Pública do Estado da Bahia

Oficina para “focas” promovida pelo Desde. Imagem: divulgação

Desde encerra as comemorações pelos seus sete anos em atividade compartilhando um pouco da própria experiência na blogosfera. No dia 27 de janeiro, das 9h às 11h, na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), em Salvador, Raulino Júnior, jornalista e editor do blog, vai ministrar a oficina Uso de blogs por “focas” como experimento para a prática jornalística. O objetivo da oficina é estimular estudantes de Jornalismo e profissionais que estão no início da carreira a criar blogs para servir como portfólio, bem como mostrar como o uso da ferramenta pode ser fundamental para quem está começando. Com a plataforma, o foca pode experimentar todos os gêneros jornalísticos (entrevistas, crônicas, reportagens, resenhas etc.) e, dessa forma, mostrar o seu trabalho em possíveis seleções da área, além de ter mais liberdade para escolher as pautas e direcionar as produções.
“Foca” é um termo utilizado entre os jornalistas para se referir a estudantes de Jornalismo ou a quem está no início da carreira. No livro Manual do Foca: guia de sobrevivência para jornalistas, a jornalista e professora da Universidade de Brasília (UnB)Thaïs de Mendonça Jorge, afirma: “Foca é o jornalista novato, bisonho – ou seja, não experimentado -, aquele que ainda pensa em fazer um curso de Jornalismo ou o jovem quem está caminhando para essa profissão”, p.13. Citando Carlos Alberto Nóbrega da Cunha, a autora diz ainda que “foca nos Estados Unidos é cub, que em inglês significa filhote. A palavra cub também designa os escoteiros novatos, os lobinhos“, p. 13.
Inscrições
A oficina é gratuita, com direito a certificado. Para participar, basta enviar e-mail para viva.bpeb@fpc.ba.gov.br e solicitar a inscrição. As vagas são limitadas. Durante a atividade, os participantes terão informações sobre a origem dos blogs e suas principais características, o uso eficaz de blog no jornalismo, importância do uso das tags nos posts e produção multimídia.
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Música e contemporaneidade

Curso de MPB no CFA encerra atividades discutindo a música feita no Brasil de hoje

Carla Visi: “O povo brasileiro é muito criativo”. Foto: Raulino Júnior

O último dia do curso de Música Popular Brasileira, ministrado por Vítor Queiroz, no Centro de Formação em Artes (CFA), em Salvador, foi marcado por euforia e muita discussão. A temática principal da aula estava relacionada à produção musical dos dias de hoje. Então, os cursistas se envolveram bastante, uma vez que muitos dos artistas citados estão em atividade e a plateia acompanhou de perto a trajetória artística de cada um deles. Vítor falou de BRock, o rock produzido no Brasil nos anos 80, do século passado. Músicas e informações sobre BlitzCazuzaUltraje a RigorTitãs Legião Urbana entraram em cena. Para falar do pagode, não deixou de citar Beth Carvalho e Zeca Pagodinho. Indagado sobre se há diferença entre pagode e samba, o historiador não fugiu da roda: “O pagode está num contexto do samba. É um dos sambas. Às vezes, a gente vê uma questão de marca social: ‘Pagodeiro é ruim; sambista é bom’. Mas é mais uma diferenciação social. O pagode é uma variação do samba. Dá para dizer que o pagode é muito mais próximo do partido alto e do samba baiano”. A banda Raça Negra também foi mencionada.
A descentralização da produção musical é a grande tônica que marca a música na contemporaneidade. Nesse sentido, a ascensão do Axé Music na Bahia e a cena do Tecnobrega, no Pará, são dois exemplos que evidenciam isso. Além do universo do funk. Na aula, os estudantes escutaram músicas do Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Daniela Mercury, Gaby Amarantos, Gera Samba (É o Tchan), MC G15 e MC Fioti.”Periferia consome periferia”, reforçou Vítor.
Sobre a aula de hoje, o historiador considerou como um desfio: “Foi um grande desafio falar do que estamos vivendo. Então, eu comecei na virada dos anos 70 para os anos 80. A gente está descobrindo, tateando o que é que vai permanecer e o que é que não vai. O interessante é isto: ver um processo de descentralização, de informações musicais chegando de vários centros, a partir dos anos 80. O que vai acontecer agora? É um grande pergunta!”, reflete.

Carlos Leal: “Achei o curso muito interessante”. Foto: Raulino Júnior

O jornalista Carlos Leal, 47 anos, que pesquisa música há algum tempo, achou o curso interessante: “Eu tenho um projeto de uma biografia de Xisto Bahia e várias coisas que eu já sabia, fiquei sabendo mais além do que eu imaginava, através do curso. E outra coisa também que me instigou bastante: foi chegar em casa e ouvir as músicas referências das aulas. Então, acho que eu nunca ouvi tanto Carmen Miranda, Aracy de Almeida, como ouvi essa semana. Fantástico!”.
Carla Visi, cantora, jornalista e gestora ambiental, salientou que, com o curso, ficou ainda mais evidente a criatividade do povo brasileiro.”O curso me atualizou, me fez ter contato com pessoas que gosto muito. É bom você sempre ter essas referências históricas e eu tenho muita tranquilidade, como uma artista também, em ver que o povo brasileiro é realmente esse povo muito criativo. Independe muito do fluxo do mercado também, que, apesar de ser extremamente determinante por um lado, porque somos artistas, precisamos nos manter, precisamos do sustento; por outro lado, há toda uma cena que se cria de forma muito espontânea e, por ser um povo muito criativo, ele vai driblando as dificuldades e criando das suas agruras, das suas dificuldades, do mundo marginal. E isso é semente, é adubo pra gente que ama música. O povo brasileiro é incrível e a nossa cultura é riquíssima”.
Sobre a abordagem da cena do Axé feita durante o curso, Carla opina: “O Axé é muito específico. O Axé é muito rico, como as outras correntes, os outros movimentos da música brasileira. Aí você tem que ter um semestre só dedicado à música do carnaval, ao Axé e aos seus desdobramentos”. Como parte da turma era formada por músicos e cantoras, Vítor popôs que os artistas presentes fizessem uma demonstração das variações de sambas presentes na Bahia. A aula virou um pagode, com direito a canjas de Clécia QueirozMarilda Santanna e Carla Visi.
Balanço

Último dia de aula do curso de MPB: debates e reflexões acerca da música do Brasil. Foto: Raulino Júnior

Vítor fez um balanço positivo do curso: “Achei ótimo! O pessoal é muito caloroso! Isso é bem bacana de Salvador. Então, tem uma energia, tem uma vida. Muita gente contribuindo com a aula. Isso é muito legal! É uma pena que o curso vai rendendo e a vontade é de ampliar; porque, de fato, cada aula daria um curso sozinho”. O pesquisador disse ainda que conseguiu chegar no objetivo que traçou: “O meu objetivo foi alcançado. Adorei dar esse curso. Também aprendi bastante. O meu objetivo é sempre aprender com meus alunos e também revisar bibliografia”.

Mira Matos: “O CFA está aberto para atender a todo o público”. Foto: Raulino Júnior

Mira Matos, coordenadora do CFA, também ficou satisfeita com a repercussão do curso de MPB: “O curso de Vítor foi um sucesso total. É um curso livre e, pra gente, todos os cursos são importantíssimos. Tanto os de música quanto os de dança e teatro. O Centro de Formação em Artes está aqui aberto para servir e atender a todo o público que vem aqui em busca de novos aprendizados”.

Desde fez a cobertura exclusiva de todos os dias do curso de Música Popular Brasileira, ministrado por Vítor Queiroz. Você pode ver todas as reportagens clicando aqui. Abaixo, segue uma enquete com alguns dos participantes do curso. A pergunta: para você, qual é a atual situação da MPB? Não deixe de ver!

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Uma manhã em 2018

No quarto dia do curso de MPB no CFA, Tropicalismo fica no centro das discussões

Marilda Santanna: cantora, pesquisadora de música e apaixonada pelo Tropicalismo. Foto: Raulino Júnior

Um frame do programa Divino, Maravilhoso, apresentado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, em 1968, na lendária TV Tupi, foi o gancho para o historiador Vítor Queiroz iniciar a quarta aula do curso de Música Popular Brasileira (MPB). Isso porque o Tropicalismo, movimento cultural formado por um coletivo de artistas entre 1967 e 1968, foi um tema recorrente na aula de hoje. Mas falou-se sobre mais coisas, como o próprio Vítor faz questão de esclarecer: “Não só a Tropicália, mas da MPB dos anos 60 e 70, dos artistas mais associados à MPB: vem na cabeça Chico, Gil, Caetano, Bethânia, né? Desses artistas, ali naquele contexto, um contexto dos anos 60, de luta política por hegemonia dentro da esquerda e entre esquerda e direita, e depois de 1968, como o recrudescimento da ditadura civil-militar, um momento de desespero e de outra produção. Em geral, foi um debate bacana. Os alunos perguntaram sobre outras coisas e aí fomos completando o quadro”.
Segundo historiador, a Tropicália “era uma vanguarda bastante explosiva”. Para reforçar isso, ele colocou o famoso áudio do inflamado discurso de Caetano, durante o Festival Internacional da Canção, em 1968. “A Tropicália foi uma verdadeira descida aos infernos do Brasil”, pontua Vítor. O pesquisador ainda opinou, de forma veemente, sobre o movimento: “Considerar a Tropicália como música, é uma pena, todo mundo fazia um pouco de tudo. Achar que todo mundo concordava com tudo , é uma pena. Não se pode burocratizar a Tropicália”.

No quarto dia do curso, Vítor Queiroz fala sobre Tropicália e de toda a MPB dos anos 60 e 70. Foto: Raulino Júnior

Vítor falou um pouco sobre Nara Leão, Gal Costa, Maria Bethânia, Raul Seixas, Clara Nunes, Tom Zé, Jorge Benjor (que considera um injustiçado dentro da MPB, por não ter o prestígio que deveria ter), Joyce (outra que ele considera desprestigiada na MPB), Glauber Rocha e Elis Regina. Inclusive, ao falar de Elis, advertiu: “Cuidado com o mito Elis”. E continuou: “Ela flertou com a postura Jovem Guarda: ser alienada e gostar de ser alienada. O lado sombrio de Elis Regina é extremamente oportunista”, opinou. Obviamente, houve muita discussão sobre Elis Regina na aula. No final, venceu o indiscutível talento da cantora.
Marilda Santanna, cantora, pesquisadora de música, professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura), saiu entusiasmada da aula: “A Tropicália, para mim, é um tema muito apaixonante. É um processo da linha evolutiva da música brasileira que quebra com uma série de paradigmas de sonoridade, mas em compensação absorve antropofagicamente uma série e referências. De Vicente Celestino às guitarras; a todo um pensamento, não só poético, mas de sonoridade, de um momento político muito conturbado. Em relação à aula de Vítor, eu estou choramingando, porque amanhã é o último dia. Ele é uma figura extremamente conhecedora da música brasileira, e mais do que isso, ele conhece também a questão histórica-social. Eu acho importante, porque a música não gravita fora de um contexto. Nada é estanque, tudo tem uma razão de ser”, avalia.
Amanhã, o Desde publica a última reportagem da série Música Popular Brasileira em Curso. Não deixe de acompanhar!
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A canção nossa do dia a dia

Curso de MPB no CFA aponta características do gênero

Larissa Caldeira: dissertação de mestrado centrada no cancioneiro de Tom Zé. Foto: Raulino Júnior

O que caracteriza uma canção? A resposta para essa pergunta foi o que norteou a aula de hoje do curso de Música Popular Brasileira (MPB), ministrado por Vítor Queiroz, no Centro de Formação em Artes (CFA), em Salvador. Na verdade, as respostas. De acordo com Queiroz, toda tentativa de conceituar algo é problemática e com a definição de canção não seria diferente. Contudo, o historiador trouxe algumas questões que ajudaram os participantes a refletir sobre tal questão: “Canção, no sentido mais amplo possível, a gente poderia falar de qualquer música que envolve letra. No sentido ultrarrestrito, será canção popular, das Américas, que depois foi para outros lugares do mundo, a canção industrial ou pós-industrial, adaptada aos três minutos dos antigos 78 rpm (rotações por minuto), adaptada ao rádio, feita pra prender a atenção do ouvinte, geralmente com uma forma narrativa. Antes do rádio, veio dos teatros musicais também em toda a América. As características são: textos poéticos-musicais circulares, em que o ouvinte é chamado a atenção. Geralmente, reflete o cotidiano do ouvinte. Agora, por que é problemático esse conceito, como qualquer conceito? Na verdade, como toda regra tem exceções, esse conceito tem um monte de exceções”, pontuou.
Durante o encontro, Vítor falou sobre a trajetória de alguns artistas do rádio, como Orlando Silva, Angela Maria, Aracy de Almeida, Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, Emilinha Borba e Marlene. Tudo isso para que o formato de canção ficasse bem compreendido para os cursistas e também para que cada um percebesse como o cotidiano é uma temática constante nas letras dessas criações. Artistas como Tom Zé, Moreira da Silva, Marisa Monte, Bezerra da Silva, Wilson Batista, Silvio Caldas, João Gilberto, Wando e MC Orelha também tiveram suas canções analisadas, a fim de mostrar as características comuns dos formatos delas.
A jornalista e musicista Larissa Caldeira, 29 anos, opinou sobre a estratégia didática de Vítor para introduzir os conhecimentos acerca do gênero canção: “Ele estabeleceu o conceito geral do que seria canção, principalmente no que se refere ao popular, e, posteriormente, tentou trazer coisas mais específicas em relação a refrão, letra, parte A, parte B, a partir de alguns autores, a exemplo do Tatit, que a gente chegou a discutir também. Porém, eu acho que a perspectiva mais geral contribui mais para a gente compreender a música brasileira para além só de harmonia, melodia e ritmo. Porque a própria voz, a própria língua portuguesa é extremamente musical”. Larissa, que canta e toca violão, cavaquinho e ukulele, se interessou pelo curso também por motivos acadêmicos: “Estou finalizando a minha dissertação de mestrado e a minha pesquisa é sobre Tom Zé, sobre a relação dele com a crítica musical. Estou fazendo isso a partir de dois discos: o Estudando o Samba e o Estudando o Pagode. Então, quando surgiu esse curso, eu falei: ‘É uma oportunidade de pensar novas coisas, de discutir novas coisas’. Já que eu estou trabalhando com um artista complexo e tenho pensado em regimes estéticos a partir desse artista e a partir dos comentários críticos que se diz sobre esse artista, o curso me proporciona essa maneira de novas reflexões, não só a partir da minha zona de conforto, daquilo que eu já estudei ou daquilo que eu já sei. Além da oportunidade de conhecer novas pessoas, novos pesquisadores, novas maneiras de se pensar”.

Aula sobre canção provoca um rico debate em curso de MPB no CFA. Foto: Raulino Júnior

Para falar de canção, Vítor tocou em temáticas que suscitaram muito debate entre o público. “Com a aula de hoje, eu peguei dois temas que têm uma ressonância emocional muito grande no país: crime e amor romântico. Como esses dois temas mexem com nódulos emocionais, medo, amor etc., eu fui mostrando como a gente tem uma dialética entre o cotidiano, os músicos profissionais, os músicos amadores, os ouvintes, na construção de canções que falem do cotidiano. Como o crime e o amor foram vestidos de canção, nesse sentido”.
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A música brasileira e o samba como identidade

Gênero musical é destaque do segundo dia do curso de MPB no CFA

Clécia Queiroz: cantora, compositora e difusora do samba. Foto: Raulino Júnior

O curso de Música Popular Brasileira ministrado por Vítor Queiroz, no Centro de Formação de Artes, em Salvador, segue discutindo aspectos relacionados ao nosso fazer musical e hoje foi a vez de falar de samba. Para isso, Vítor fez todo um preâmbulo sobre a história do Rio de Janeiro, que, sem entrar em questões polêmicas, é o estado que marca a sedimentação do gênero impulsionado pelas tias baianas, sendo Ciata a mais conhecida. O pesquisador trouxe informações sobre o Teatro de Revista e mostrou como essa manifestação artística foi importante para a consolidação do samba e de toda a MPB. A turma ouviu modinhas, que, de acordo com Queiroz, podem ser vistas como a origem da seresta e da sofrência. Nomes como os de Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Noel Rosa, Orlando Silva, Mário de Andrade, Carmen Miranda e Moreira da Silva figuraram na aula. Gêneros como samba de nego, samba de breque, lundu e chorinho foram discutidos também. Obviamente, houve muita audição de músicas, um dos pontos altos do encontro.

Curso de MPB: samba como identidade nacional. Foto: Raulino Júnior

Vítor falou ainda sobre a importância do rádio na popularização da música nacional, principalmente como estratégia no Governo Vargas. Para o Desde, ele disse qual foi o objetivo da aula sobre samba: “Hoje, é exatamente a carne do prato principal, porque é a consolidação, tanto do discurso do que seria MPB e também do samba enquanto um símbolo nacional durante a Era Vargas. São referências obrigatórias para todo mundo que vai pensar música popular brasileira”.

Clécia Queiroz, cantora, compositora, atriz e professora de dança, achou que o curso foi bem pensado e gostou da abordagem acerca do samba: “Para mim, foi fundamental fazer junções. A minha pesquisa é mais para o samba de roda, do século XIX para cá, mas, evidentemente, a relação dele com o samba carioca é bastante importante”, conclui. Clécia está preparando quarto disco e, na sua discografia, constam Chegar à Bahia (1997)Samba de Roque (2009) e Quintais (2016). Nos dois últimos, Vítor, que é sobrinho da artista, participou da direção artística.

Edson de Souza: “O samba mudou, mas não perdeu as raízes”. Foto: Raulino Júnior

O professor de música da educação infantil, Edson de Souza, 37 anos, afirmou que as informações adquiridas no curso, a respeito do samba, provocaram uma viagem no tempo. “Foi uma volta no tempo, de como o samba surgiu. Com o passar do tempo, houve algumas mudanças, mas ele não perdeu a sua raiz. Às vezes, por a gente não conhecer profundamente, a gente acaba criticando. Hoje, o professor trouxe temas importantes, dos quais eu desconhecia, como alguns autores e formas como o samba se desenvolveu durante o tempo”.

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Música Popular Brasileira em Curso

CFA inicia curso sobre a história da MPB

Vítor Queiroz no CFA: MPB em pauta. Foto: Raulino Júnior

Hoje, o Desde inicia a série de reportagens Música Popular Brasileira em Curso, oriunda do curso livre de MPB oferecido no Centro de Formação em Artes (CFA) e ministrado por Vítor Queiroz, historiador, mestre em História Social da Cultura e doutor em Antropologia. Na primeira aula, o baião e os gêneros sertanejos estiveram em pauta. Vítor também falou sobre Dorival Caymmi e provocou os participantes ao indagar: “O que é MPB?”.
A pergunta fez os cursistas refletirem sobre o rótulo e provocou um bom debate acerca do que é e de como está caracterizada a Música Popular Brasileira. “O Brasil é um país que tem uma produção de música fora do normal. A gente está imerso em música. O que eu estou chamando de MPB é música comercial brasileira, feita para vender. “Popular” no sentido de algo que é veiculado comercialmente”, explicou Vítor. Nesse sentido, logo no começo da aula, ele mostrou arquivos de programas antigos de rádio, que já evidenciavam como o caráter comercial sempre esteve presente na propagação de música. “Não devemos romantizar a MPB. Ela sempre foi comercial”, acrescenta.
Quem acompanhou a aula, fez uma viagem histórica através das músicas de Alvarenga e RanchinhoTom ZéMônica SalmasoLuiz Gonzaga e Dorival Caymmi. Isso porque Vítor fazia associações com produções do passado e dos dias de hoje, a fim de deixar evidente como a dinâmica de todo o processo de construção da MPB não mudou tanto. O professor enfatizou que estamos vivendo um momento de muitas fusões: “É muito difícil, hoje, dizer o que é samba, axé, MPB. Existe muita mistura de gêneros musicais”. Uma coisa que não muda, segundo Queiroz, é a influência de Luiz Gonzaga nos artistas que fazem forró: “Todo forró feito hoje, no Brasil, vem de Luiz Gonzaga”.

Anderson Costa: “Definir MPB é muito complexo”. Foto: Raulino Júnior

Anderson Costa, 34 anos, professor da educação básica, pesquisador e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), avaliou positivamente o primeiro dia de curso: “É um curso bastante interessante, por retomar a história da formação da Música Popular no Brasil, desvendando coisas no debate que, de certa forma, se dá no senso comum, mas ganha profundidade a partir dos fluxos de formação da própria música. Os diálogos que acontecem durante a própria aula e as inquietações das pessoas trazem um enriquecimento e uma complexidade para o curso que, para mim, é singular e bastante importante para o meu aprendizado enquanto acadêmico e pessoa que gosta de música e de compreender a nossa história a partir da música popular”. Para ele, definir MPB é difícil e complexo: “E uma diversidade muito grande pensar em Música Popular Brasileira, mas, para mim, o que resume de forma mais genérica o que seria MPB, seria o que é que o povo brasileiro produz sonoramente, dentro de uma diversidade muito grande, dentro de diversas matrizes”.
Pelo visto, a provocação feita por Vítor no começo da aula surtiu efeito, uma vez que todo mundo percebeu o quanto é complexo definir MPB. “Hoje, eu fiquei brincando com os limites do que seria MPB, no tempo e no espaço. O que é MPB? O que está dentro? O que está fora? Uma questão: num território que teve uma transformação de um país predominantemente rural para um país predominantemente urbano, em muito pouco tempo, onde estão as músicas não urbanas associadas a rural, sertanejo, caipira? Decidi começar comendo pela bordinha do prato. Em vez de chegar direto no samba, Caetano Veloso, Clara Nunes, no centro do que seria MPB, comecei pelo o que talvez fique nas zonas de sombra”.
Veja, no vídeo abaixo, a entrevista exclusiva que Vítor Queiroz concedeu para o Sem Edição.

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Série de reportagens sobre curso de Música Popular Brasileira abre comemorações pelos sete anos do Desde

Cobertura exclusiva de curso promovido pela FUNCEB é a primeira ação do blog para comemorar aniversário

Música Popular Brasileira em curso. Imagem: divulgação

Como já foi anunciado aqui, em texto publicado no dia 1º de janeiro de 2018, o Desde está comemorando sete anos em atividade. E, como é de praxe, em todo aniversário do blog há ações especialmente pensadas para agradecer e fortalecer o vínculo com os nossos leitores, além de propor reflexões sobre o nosso universo cultural. Dessa vez, não vai ser diferente: vamos produzir a série de reportagens Música Popular Brasileira em Curso, que será oriunda do curso livre de Música Popular Brasileira oferecido pelo Centro de Formação em Artes (CFA), da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB). A partir da próxima segunda-feira, 8 de janeiro de 2018, os leitores já vão poder acompanhar os conteúdos produzidos.
O Curso
O curso livre segue com inscrições abertas até o dia 8 de janeiro e será ministrado por Vítor Queiroz, historiador, mestre em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutor em Antropologia (Unicamp). Na ocasião, Vítor pretende fazer um apanhado histórico da música feita no Brasil e levantar debates e implicações desse processo. O professor promete também fazer muita audição de músicas durante cada encontro. Ao todo, os cursistas vão participar de cinco aulas e o Desde vai cobrir todas elas, com exclusividade. A sequência das aulas (e da série de reportagens do blog) é a seguinte:
  • 8/1: Viva São João (o que é MPB, o surgimento da MPB, o baião e os gêneros sertanejos, Dorival Caymmi);
  • 9/1: Artigo nacional (samba e identidade nacional na Era Vargas, crime e malandragem);
  • 10/1: As canções que você fez pra mim (do samba-canção a Roberto Carlos, do brega ao pagode romântico);
  • 11/1: Você não gosta de mim, mas a sua filha gosta (da Tropicália ao surgimento do rock nacional);
  • 12/1: Eu me transformo em outras (o declínio das gravadoras, as cenas independentes, o axé e o funk).

Vítor Queiroz: historiador faz panorama da música brasileira em curso na FUNCEB. Foto: Grácia Queiroz

As aulas começam no dia 8 e vão até 12 de janeiro, sempre das 8h30 às 12h30. A atividade é aberta para qualquer pessoa, independentemente se tem relação com música ou não. Para se inscrever, os interessados devem comparecer ao CFA, que fica na Rua do Bispo, n.º 29, Pelourinho, Salvador-BA. A taxa de inscrição é de R$ 100 (cem reais). Para saber mais informações, ligue para (71) 3117-6367.
Então, está combinado: na próxima semana, começa uma nova aventura do conhecimento aqui no blog! Até lá!
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Sete anos e um meio!

Desde: há sete anos sendo um meio de difusão de conteúdos culturais.

Sete anos se passaram. 1º de janeiro de 2011 foi o início de tudo. Hoje, comemorando mais um aniversário, temos a certeza de que estamos apenas no começo. O blog Desde que eu me entendo por gente surgiu de forma despretensiosa, com o objetivo de realizar experimentações jornalísticas para informar aspectos da nossa cultura ao público. Com o tempo, foi ganhando corpo e reforçando a sua identidade. Por aqui, se faz um pouco de tudo que está relacionado ao universo jornalístico: entrevistas, resenhas, crônicas, reportagens etc. Contudo, temos a plena consciência de que somos apenas mais um meio que produz conteúdo jornalístico. Esse, inclusive, é o mote de nossa campanha de comemoração pelos sete anos do blog. Somos um meio difusor de conteúdos culturais. Não temos a verdade absoluta dos fatos, mas a nossa forma de fazer jornalismo está pautada na responsabilidade, no profissionalismo e no respeito ao ser humano. Esses são os nossos princípios. Sabemos que todo mundo tem um lado, nós somos um meio para mostrar um desses lados. Queremos que você reflita com as nossas matérias, opine, discorde, critique. Esse exercício é fundamental para manter a prática jornalística viva. Muito obrigado pela companhia até hoje!

#Desde7: a hashtag que vai acompanhar todas as postagens de 2018.

Para comemorar os sete anos no ar, algumas ações serão realizadas ainda neste mês, podendo se estender até fevereiro. O que pode ser dito é que todos os conteúdos pensados têm relação com música, algo sempre presente no blog, e com a prática jornalística engendrada no Desde, num exercício de metalinguagem. O intuito, nesse sentido, é o de compartilhar a nossa própria experiência ao longo desses anos. O resto está guardado a sete chaves. Para saber, continue acompanhando as nossas postagens. Até lá e feliz 2018!

Raulino Júnior
Professor, compositor, jornalista, produtor cultural e editor do Desde.

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