Por Raulino Júnior ||Desde Então: análise de produtos culturais de outrora||
A banda cearense Mastruz com Leite gravou o seu em 1997, no Parque de Vaquejada da Fazenda Mastruz com Leite, em Pentecoste, no Ceará. O disco, que é um clássico na história do grupo, saiu pelo selo SomZoom Studio e teve direção artística de Emanoel Gurgel (o mentor da banda). De fato, a gravação ficou muito boa. Isso se deve pela escolha do repertório e pela competência dos vocalistas daquela formação: Kátia Cilene, França, Aduilio Mendes, Bete Nascimento e Tony Silveira. De acordo com informações do site Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, o CD vendeu um milhão e meio de cópias.
O álbum começa com um pot-pourri vibrante, que inclui as músicas Na Ponta do Pé e Forrobodó, ambas de Luiz Fidélis. A partir daí, a sequência musical faz o ouvinte se sentir naquele show, que foi gravado nos dias 5, 6 e 7 de setembro. Ao todo, Mastruz com Leite Ao Vivo I tem 21músicas. Canções como Rock do Sertão (Luiz Fidélis), Meu vaqueiro, Meu Peão (Rita de Cássia), Leito da Saudade (Ferreira Filho/Rômulo César/Cláudio Mello), Meu Estrangeiro (Rita de Cássia) e Flor do Mamulengo (Luiz Fidélis) figuram na obra. Destaque também para Meio-Dia (Luiz Fidélis/Danilo Lopes), sucesso do CD Rock do Sertão, de 1994. Na letra, um discurso forte, que fala de seca, dificuldades e esperança. O pot-pourri com Filha do Sol e Os Dez Mandamentos, as duas compostas pela dupla Dadá di Moreno e Jeová de Carvalho, merece ser ouvido, e com empolgação. O xotezinho Noda de Caju (Luiz Fidélis) é outra preciosidade do disco. A obra termina com mais um pot-pourri, dessa vez incluindo as divertidas músicas Cabeça com Bob’s (Eliezer Setton/Elizete Setton) e Barriga Crescida (Eliezer Setton).
Atualmente, a Mastruz com Leite não é nem de perto aquela banda que fazia um forró com dedicação, fincado nos ensinamentos de Luiz Gonzaga. Hoje, o grupo é congênere da péssima Avioẽs do Forró (é bem difícil encontrar o forró ali). Fica a lembrança.