Cultura, Desde em Trânsito, Jornalismo Cultural

#DesdeEmTrânsito: seminário “Ajuda humanitária em pauta: como cobrir conflitos armados, desastres naturais e epidemias”

Por Raulino Júnior

O projeto Conexões MSF, promovido pela organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), chegou a Salvador com uma programação composta por debates, conversas, exposições,  palestras e exibição de filmes. As atividades seguem até 4 de junho e você pode conferir o que está programado até lá neste link: www.msf.org.br/conexoes. Hoje, na Associação Bahiana de Imprensa (ABI), estudantes e profissionais de jornalismo se reuniram para acompanhar o seminário Ajuda humanitária em pauta: como cobrir conflitos armados, desastres naturais e epidemias. As questões relacionadas com coberturas de crises humanitárias foram debatidas por Ana de Lemos (diretora de comunicação da MSF-Brasil), Claudia Antunes (coordenadora de relações com a imprensa da MSF-Brasil), Miguel Pachioni (o porta-voz, no Brasil, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR) e a jornalista Nathalia Tavolieri, que já fez reportagens em campos de refugiados sírios e integra a equipe do programa Profissão Repórter, da Rede Globo. O Desde esteve lá e fez uma cobertura via Twitter (@RaulinoJunior), para mais uma edição do especial #DesdeEmTrânsito. Veja o resultado.

Damaris Giuliana, assessora de comunicação da MSF-Brasil, faz a abertura do seminário. Ao longo dos tweets, usamos “o” MSF, fazendo referência a um “órgão”. Contudo, vimos que o correto era tratar “a” MSF, em que a palavra “organização” fica subentendida. O Desde pede desculpas pelo erro.
Mais sobre a história da MSF: www.msf.org.br/nossa-historia

 

Link para o banco de imagens da MSF: media.msf.org
Link para o Guia de Fontes em Ajuda Humanitária: guiadefontes.msf.org.br
Atenção! É importante diferenciar “refugiado” de “migrante”.
O que é apatridia: www.acnur.org
Link do filme no YouTube: www.youtube.com
A pessoa NÃO É, a pessoa ESTÁ.
Link da reportagem do Profissão Repórter: g1.globo.com
É importante atentar para essa questão…
Acabou! Até a próxima edição do #DesdeEmTrânsito!

Todas as fotos foram feitas por Raulino Júnior.

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#6AnosDoDesde, Cultura, DESDEnhas, Jornalismo Cultural, Música, Resenha

Homem no Pop: o funk tropical de Caio Dias

Caio Dias: funk tropical de Maceió. Foto: Manoel Max

Por Raulino Júnior  ||DESDEnhas: as resenhas do Desde||

Músicas dançantes, muito suingue e narrativas sobre relacionamento, sedução e desilusão amorosa: esses são os ingredientes do EP Funk Tropical, do cantor e compositor Caio Dias, lançado em março deste ano. O disco tem produção musical assinada por Victor Euzébio e Matheus Damasceno e é composto por quatro faixas, todas de autoria de Caio. Quem gosta da cena pop, vai gostar do som do cantor mineiro de 27 anos, radicado em Maceió. Isso porque Caio Dias segue a gramática exigida para esse gênero e se diferencia por um detalhe: é homem.

No Brasil, já houve até uma tímida tradição de boy bandsSidney Magal e Latino fizeram história. Mas um homem, no universo pop, com a estética proposta por Caio, não tem precedentes por aqui. E isso diferencia o artista, que, antes de enveredar para o pop, fez parte da prestigiada banda Baú Novo, de “samba alternativo”, que ficou em atividade de 2012 a 2015, em Goiânia.

Imagem: José Alves Neto

Em Funk Tropical, Caio mostra a sua faceta mais popular. As músicas têm letras simples e de fácil assimilação. Todas grudam. Só Vai Bastar, que abre o EP, fala de flerte e sedução. O refrão avisa: “Só vai bastar um olhar pra eu te convencer/A ser minha companhia até o amanhecer/Prometo dar uma noite cheia de prazer/E ainda pago a sua bebida“. A música tem uma boa batida de funk e é um convite para dançar. Tanto é que Caio tratou logo de produzir um videoclipe dela, em que propõe uma coreografia um pouco confusa e sem criatividade. A produção já tem mais de 3800 visualizações no YouTube.

Na faixa seguinte, Vírus, o mote é a dominação. O vírus “domina” o ser amado, direciona o desejo dele e sustenta o sentimento de posse, enumerando coisas materiais: “Me olha de relance/Mas finge que esqueceu/Daquela noite suada entre você e eu/Me finjo de amante/Que não te conheceu/Mas chego perto de mansinho/Pra te lembrar o que é meu/Esse teu tênis branco/Teu dinheiro no banco/Esse teu falso encanto/Agora entendeu?/Teu cabelo na moda/Tua fama na roda/Teu desejo agora sou eu/Agora entendeu?“. Vírus é, no que diz respeito à letra, a mais fraca do EP.

Já a divertida Freelance é um bom acerto. Quem escuta, visualiza o que a letra diz e fica com vontade de cantar o refrão junto com Caio: “Virei freelance/Tô vendendo romance/Porções de meia hora de puro prazer/Vi seu recado/Querendo meu serviço/Mas já deixei gravado, pra não te atender“. Além disso, o suingue é envolvente, próprio para pista de dança.

Spell, toda escrita em inglês, é uma praga em forma de música e traz eu-lírico feminino: “I’ll became a witch/I’ll remember your name/I’ll throw you a spell/I’ll win your game“. A música é boa. Ao escutá-la, o ouvinte associa a forma de cantar de Caio e o arranjo a Elvis Presley e seu rockabilly.

O funk tropical de Caio Dias é uma mistura de tudo e atende ao que ele se propõe. Vale a pena escutar. Sem preconceitos.

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#6AnosDoDesde, Crônica, Cultura, Desde Já, Jornalismo Cultural

A incrível falta do que falar

Imagem: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

A era é do nada e do esvaziamento. Por mais contraditório que pareça, a sociedade da informação vive desinformada. A palavra eleita para preencher essa lacuna? Incrível. Pois é! Tudo é incrível! Ou melhor, quando não se tem o que dizer, diz-se que algo é incrível e ponto. Resolve. Saco vazio, ao contrário do que dizem, fica em pé; e por muito tempo.

Na comunicação, isso é muito comum. Recentemente, um apresentador de TV daqui de Salvador, ao fazer a cobertura ao vivo de um show que unia dois expoentes do forró tradicional, soltou: “O show tem um repertório incrível!”. Limitou-se a isso. Ele não tinha mais o que falar. Ou não sabia, coitado. Talvez, por viver numa era de poucas exigências, nem se preocupou em pesquisar sobre os artistas, a fim de conhecer melhor o universo de cada um. No fundo, não era necessário. Ele sabia que não seria cobrado. Nem pelo público nem pelo seu chefe. O jogo virou. Agora, é a vez da superfície. É incrível!

Na vida, isso está presente o tempo todo. Por exemplo: ao ser convocada para dar uma opinião acerca de um produto cultural, pela falta de repertório não assumida, a pessoa limita-se a resumir tudo num sonoro “incrível”. Falar que não conhece, no pensamento dela, é pior, vale mais ser uma repetidora do adjetivo que caiu nas graças do povo. Outro bom sinal do “incrivilismo” fica evidente quando o espectador sai de um espetáculo de teatro ou dança, cujo conteúdo não ficou, assim, tão compreendido na cabeça e, na falta do que falar quando o amigo que estava em cena indaga sobre o que ele achou, o “incrível” aparece.

De incrível em incrível, a pessoa enche o papo. Fica bem na fita, finge enganar a audiência, que finge acreditar, e tudo permanece como está: incrível!

Sigamos.

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A gente não poderia ter um outro da gente?

Fonte da imagem: Dreamstime

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

Não poderia? Ia resolver muitos dos nossos problemas. Às vezes, não dá para dar conta de tudo. Nada melhor do que um outro da gente para assumir as responsabilidades que temos (e que adoramos ter, mas que cansam muito!). É uma ideia egoísta mesmo, sem subterfúgios nem esforços para dizer o contrário. Sendo assim, não teríamos problema de confiança nem de falta de disciplina. O outro eu seria exatamente como somos, física e intelectualmente. O barato é que ele se revezaria com a gente em todas as atividades do cotidiano. De fato, seria muito bom.

Enquanto eu fosse ao trabalho, o meu outro eu ficaria em casa adiantando o texto que eu teria que produzir e as leituras que eu teria que fazer. À noite, quando chegasse em casa, seria dispensado dos afazeres domésticos, pois ele assumiria essa parte também. No dia seguinte, o meu outro eu ficaria mais “de boas” e eu seria responsável pelas coisas mais chatas e pesadas. Tudo assim, num harmônico equilíbrio. A gente revezaria as doenças e também o “acordar cedo” para um compromisso. Nos dias de frio, isso seria sopa no mel! Eu ficaria enroladinho nas cobertas, enquanto o meu outro eu sairia para mais um dia de lida. O máximo de esforço que eu poderia fazer era dar um sonolento “bom dia”. Olha que beleza!

Imagine ter um outro de você para fazer aqueles exames médicos periódicos que são indiscutivelmente necessários? Outra vantagem é que você poderia participar de todos os eventos de que tivesse interesse, sem sacrificar o trabalho para isso. Quando precisasse lidar com gente falsa e de discurso estrategicamente sedutor, você teria como escapar. Falaria para o seu outro eu: “Você pode dar atenção a ela? Não tenho saco! Para aproveitar o tempo, faço as compras do mês e reservo a pousada da próxima viagem”. Seria a glória!

Ter um outro eu significaria não perder tempo, fazer tudo e não se cansar (física e emocionalmente). A vida ficaria bem mais equilibrada. Todos teriam direito a um outro eu. Contudo, se fizessem ações que prejudicassem outras pessoas, perderiam esse “benefício” da vida. Por um outro eu urgente!

Sigamos.

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