Cultura, Jornalismo Cultural, Notícia

Debate sobre impactos da Reforma da Previdência na vida dos jornalistas esclarece pontos e tece críticas aos profissionais da área

Da esquerda para a direita: Moacy Neves, Ana Izabel Jordão e Augusto Vasconcelos. Foto: Manoel Porto

“Antes de falar da Reforma da Previdência, é importante a gente saber o que é a Previdência”. Foi  assim que Augusto Vasconcelos  advogado, professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia (SBBA)  abriu, na noite de ontem, o debate Os impactos da Reforma da Previdência na vida dos jornalistas, realizado no Espaço Cultural Raul Seixas, que fica na Avenida Sete de Setembro, em Salvador. O advogado fez um rápido apanhado histórico sobre a Previdência e, ao falar da seguridade social, foi didático: “A seguridade social é composta por um tripé: saúde, previdência e assistência social. A ideia da Previdência é um avanço extraordinário. Agora, é preciso entender o porquê da Reforma. Quais são as razões que estão por trás da proposta? Nós queremos ter Previdência? Essa é a primeira pergunta que deve ser feita”. Vasconcelos citou alguns pontos polêmicos da proposta da Nova Previdência encampada pelo Governo Bolsonaro, na figura de Paulo Guedes, atual ministro da Economia. “A Previdência, em si, cumpre um papel importante para a distribuição de renda. A Constituição de 1988 prevê esse benefício. O discurso do governo é que existem privilegiados no sistema tributário. Isso é uma mentira!”, enfatizou.

A advogada Ana Izabel Jordão, 38 anos, que trabalha com Previdência há 15, falou, especificamente, como a Nova Previdência afeta a vida dos jornalistas. De acordo com ela, esses profissionais devem atentar, principalmente, para as regras de transição. “Os jornalistas precisam atentar para a questão da falta de regra de transição. Porque, como nós não temos regras de transição, hoje a gente tem uma aposentadoria por tempo de contribuição, que possibilita uma aposentadoria sem aplicação de fator, com a idade média de 56 anos, para mulheres, e 61 anos, para homens; mas com as regras de transição tão ruins que estão propostas, praticamente, isso vai acabar e você só vai ter a opção de 65 anos de idade. Então, o jornalista que esteja ali entre os seus 50, 55 anos e tenha já, pelo menos, metade do tempo de contribuição (20 anos, 25 anos), a ele vai restar tão-somente aguardar a aposentadoria por idade, que agora, no momento da lei, o que está sendo proposto, é de 65, para homens, e 62, para mulheres; mas a lei mesmo estabelece que isso vai aumentar, a cada vez que a expectativa de sobrevida do brasileiro aumentar. Então, quando você chegar em 65, a idade mínima pode ser 67. A gente precisa encampar essa bandeira e correr atrás para que isso não seja aprovado e que seja criada uma regra de transição mais adequada para essa massa de trabalhadores que já estão no meio do caminho, que são os mais prejudicados”, explicou. Durante o debate, Ana falou sobre os problemas presentes na atual proposta da Reforma da Previdência e deu dicas aos jornalistas, como a de fazer o cadastro no site Meu INSSAtravés da página, os profissionais podem acompanhar todas as informações da vida laboral, como os dados sobre contribuições previdenciárias.

Críticas aos jornalistas

O jornalista Moacy Neves, 49 anos, que mediou o debate, fez críticas aos jornalistas. De acordo com ele, os profissionais trabalham com informação e se informam muito pouco. “A gente se informa muito pouco sobre os problemas que nos afligem. Então, por exemplo, tem muitos jornalistas mais antigos que não se apercebem que até 1995 ele tinha direito à aposentadoria especial. Jornalista, por exemplo, que trabalhava em redação, que ia para a rua fazer matéria e que tinha direito à aposentadoria especial. Então, muitas vezes, ele vai fazer o seu pedido de aposentadoria e não tem nem a informação de que ele pode requerer, anterior a 95, o tempo de aposentadoria especial. Então, ele vai precisar de menos tempo para se aposentar. A gente trabalha com a informação à sociedade e muitas vezes a gente deixa de se informar sobre questões específicas nossas”, pontuou. Moacy ainda reforçou que a desinformação faz o profissional não refletir sobre práticas do mercado que não são vantajosas para a categoria. “Nós escrevemos muito nos veículos sobre a Reforma Trabalhista, mas deixamos de observar que muitas das questões dessa reforma nos atingem diretamente, como a contratação via pessoa jurídica, via MEI (Microempreendedor Individual), sem direitos que são garantidos para quem tem carteira assinada. Isso já é uma realidade nas redações e cria duas categorias de jornalistas: aqueles mais caros para o veículo e aqueles mais baratos. É evidente que num processo demissional, mais na frente, o trabalhador mais antigo, com vínculo empregatício, vai virar alvo”. Moacy tem quase 28 anos de profissão e é o candidato da chapa única (batizada de “Começar de Novo”) à presidência do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (SINJORBA). As eleições vão acontecer nos dias 17 e 18 de julho.

Augusto Vasconcelos endossou as observações de Moacy e criticou o jornalismo. “Houve a Greve Geral e as pautas eram: os transtornos da greve. Não vi nenhum veículo questionando por que as pessoas foram para as ruas, o que motivou a greve”. Para Moacy, a postura dos jornalistas dá, sem que eles queiram, vazão para que as fake news ganhem espaço. “O jornalista tem um papel social importantíssimo. Se a gente não cumpre esse papel social de passar uma boa informação, a gente termina permitindo, sem que a gente queira isso, que as fake news se proliferem. Nessa questão da Reforma da Previdência, por exemplo, muita informação está sendo passada de forma deturpada. Assim como a Reforma Trabalhista, que se dizia que ia gerar emprego, fala-se que a Reforma da Previdência vai economizar recursos para que o governo aplique no setor produtivo ou em investimento. Isso é uma falácia. O que se quer é que o governo tenha cada dia mais caixa para atender ao interesse do setor financeiro, da especulação, de aumentar a sua fatia no orçamento da União e garantir recursos a setores que nem precisam”, esclarece.

Padrão
Acessibilidade, Cultura, Jornalismo Cultural, Reportagem, Reportagem Especial

Um olhar mais do que necessário

Em oficina na sede da ABI, jornalista Ednilson Sacramento deu dicas de como fazer a abordagem, na Comunicação, sobre pessoas com deficiência

Ednilson Sacramento: acessibilidade na mídia. Foto: Gabriel Conceição

Por Raulino Júnior ||Reportagem Especial|| 
Na manhã de ontem, profissionais de Comunicação e interessados na temática da acessibilidade se reuniram na sede da Associação Bahiana de Imprensa(ABI), em Salvador, para ouvir as dicas e experiências do jornalista Ednilson Sacramento, durante a oficina Pauta eficiente: como abordar a deficiência na imprensa. Idealizada por Ednilson, a atividade é um desdobramento de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), da graduação em Jornalismo, defendido em 2017, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA). “Falta formação para abordar a pauta na imprensa”, afirmou Sacramento, que abriu a oficina falando sobre a condição da pessoa com deficiência no Brasil e de sua própria história: “Atualmente, curso Produção Cultural na Facom e faço parte do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COMPED). Eu não nasci com a deficiência, adquiri com o tempo”. Ele teve uma perda gradual da visão, ocasionada por uma retinose pigmentar. Aos 33, 35 anos, não sabe dizer ao certo, houve a perda definitiva. Hoje, aos 57, ele usa a experiência de vida e os conhecimentos adquiridos na academia (além de jornalista, é bacharel em Humanidades, pela UFBA, e licenciado em História, pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC)) para elucidar questões sobre como deve ser o tratamento ideal, na imprensa, para pessoas com deficiência.
“Deficiência não significa ineficiência”

Durante o encontro, Ednilson disse que o que se costuma ver nas coberturas jornalísticas é uma abordagem biomédica da pessoa com deficiência, em vez da abordagem social. Na primeira, segundo ele, apenas a doença prevalece; já na segunda, que é a mais adequada, a pessoa é vista como pessoa. Soa até estranho afirmar isso, mas, por incrível que pareça, é necessário enfatizar. Por isso, a primeira recomendação que passou foi voltada para a linguagem utilizada nas matérias. Ela deve ser condizente com as singularidades da pessoa. Em vez de “preso em cadeira de rodas”, o ideal é usar “pessoa em cadeira de rodas”. A pessoa sempre tem que ser colocada em primeiro lugar. “Deficiência não significa ineficiência”, destaca o jornalista. O uso de “cadeirante” é aceito, mas a palavra não é formal. Não se deve usar termos como “deficiente”, “diferente”, “especial”, “aleijado”, “vítima”, “retardado”, “excepcional” e a expressão “portador de necessidades especiais” para se referir a pessoas com deficiência. O adequado é “pessoas com deficiência” mesmo. Para as pessoas que não têm deficiência, o que deve ser usado é “pessoas sem deficiência”, e não “pessoa normal”.O tom, muitas vezes dramático de algumas reportagens em que há o protagonismo de pessoas com deficiência, principalmente no audiovisual, é outra coisa que não faz sentido. “A ideia não é não pautar, é não fazer uso dessa atmosfera dramática”, pontuou Ednilson. Na ocasião, citou o programa Teleton, do SBT. De acordo com ele, a abordagem da edição de 2018 foi um pouco melhor.A importância do uso da janela com interpretação da Língua Brasileiros de Sinais (LIBRAS), legenda para surdos e ensurdecidos e audiodescrição (narração que descreve em palavras as cenas sem diálogos), nas produções audiovisuais, foi destaque na oficina. De acordo com Ednilson, o princípio da redundância, que consiste no fato de repetir uma informação, mesmo que ela esteja posta de forma escrita, é uma medida que auxilia bastante também. Para conteúdos imagéticos, a descrição é a maneira mais adequada para garantir a acessibilidade. Nesse sentido, é importante informar as cores que aparecem na imagem, usar períodos curtos, evitar uso de adjetivos e anunciar o tipo de imagem (card, fotografia, cartaz, ilustração).

Para entrevistar uma pessoa com deficiência, os profissionais de Comunicação devem seguir as mesmas recomendações de quando a entrevista é com uma pessoa sem deficiência. Só precisam se preocupar em perguntar se a fonte vai precisar de alguma acomodação específica ou de um intérprete. Caso o local da entrevista seja desconhecido, é fundamental saber se há estrutura física com acessibilidade.

Destaque para as redes públicas

Quem acompanhou a oficina, achou a atividade bastante significativa. Para I’sis Almeida, 23 anos, bacharela em Artes pela UFBA e estudante de Jornalismo da mesma instituição, a formação preenche uma lacuna constante na academia e na sociedade. “Essa formação é essencial. A gente tem a infelicidade de não ter na nossa graduação, na grade curricular. Não somente o caso das pessoas com deficiência, a gente não tem uma formação em como saber abordar os casos de racismo na mídia, a gente não sabe como lidar com as questões de gênero, com as questões de classe, com as questões LGBTs e uma série de outras questões que dizem respeito, para mim, sobretudo, aos direitos humanos e à dignidade humana. Para mim, a importância é para além da área da Comunicação, mas principalmente para a Comunicação, porque eu acho que a Comunicação é, praticamente, a mãe de tudo. Você não educa uma criança, sem comunicar. Então, eu acho que o jornalista, hoje, precisa ser o profissional que está formado, adaptado pra lidar com os mais diversos níveis de público”. Questionada sobre como pretende usar os conhecimentos adquiridos na oficina, a estudante não titubeia: “Eu tenho um portal que é direcionado para adolescentes e adultas negras e isso já me orientou, me escureceu [por ideologia, ela não costuma usar “esclareceu”] mais como dentro do nosso portal a gente vai poder aplicar estratégias para que o nosso conteúdo seja inclusivo. Mais especificamente, na graduação, acho que a única forma que a gente tem é cobrando à diretoria, à coordenação que isso seja incluído na grade curricular”. O portal a que I’sis se refere é o Black Fem, do qual é uma das coordenadoras.

I’sis Almeida: “A importância é para além da área da Comunicação”. Foto: Raulino Júnior

A jornalista e assessora de imprensa da ABI, Joseanne Guedes, 30 anos, destacou a importância de a entidade abrigar o evento e trazer a temática para a mesa de discussão: “A ABI é uma entidade que reúne os profissionais ligados à atividade da imprensa, à atividade da comunicação e é importante a gente sempre estar ‘linkado’ com essas pautas, uma pauta de relevância extrema, trazida por Ednilson. Nós temos uma deficiência muito grande na nossa formação. Eu acho que a sociedade, de um modo geral, não está acostumada a lidar com essas temáticas. Então, a ABI, nesse sentido, firmou essa parceria com Ednilson como uma forma de trazer essa capacitação para os profissionais. A gente precisa estar sempre atento sobre como utilizar as nomenclaturas corretas e também a dar um tratamento digno e conveniente para essas pessoas com deficiência”.

Na opinião de Ednilson, as redes públicas de comunicação têm feito um trabalho que se aproxima do ideal, quando se trata da cobertura abordando pessoas com deficiência: “Hoje, no Brasil, a gente tem uma cobertura um pouco mais condizente com as novas tendências dos direitos humanos, do respeito à diversidade, nas redes públicas de comunicação. A gente ainda tem uma dificuldade com os veículos privados, que parece que ainda não atentaram para uma cobertura que dê a representação devida a alguns segmentos. Aí vale para pessoas com deficiência, indígenas, quilombolas e outras tantas. O terreno das redes públicas de comunicação tem sido muito mais fértil. A gente tem uma série de veículos que buscam enquadrar um pouco o seu noticiário para essas minorias, mas as redes públicas, sem sombra de dúvidas, têm avançado nesse sentido”, reconhece.

Para Ednilson, levar a oficina para a ABI foi uma forma de dar uma contrapartida para os colegas de profissão e para a sociedade: “Eu acho que esse pequeno contributo que eu tenho trazido é um retorno que eu estou dando, não só para a comunidade como um todo, mas para os profissionais que geram opiniões, que mudam decisões. É uma proposta que atinge não só a sociedade em particular, mas a classe de Comunicação”. Ele pretende lançar um guia para jornalistas, tratando da temática. Enquanto não consegue parceria para editar a obra, multiplicará os conhecimentos através das oficinas.

Padrão
#Desde8, Cultura, Desde Então: análise de produtos culturais de outrora, Jornalismo Cultural

Tropicália na História e a história da Tropicália

Tropicália: música e manifesto. Imagem: reprodução do site da Editora 34

Por Raulino Júnior ||Desde Então: análise de produtos culturais de outrora||

Lançado em 1997, o livro Tropicália: a história de uma revolução musical, de Carlos Calado, é um importante registro para a história do movimento. Para quem não foi contemporâneo daquela efervescência artística, vale a pena se debruçar nas mais de 300 páginas que narram como o Tropicalismo nasceu, chegou ao ápice e se desfez. A obra é repleta de depoimentos de pessoas que participaram ativamente da revolução artística e cultural que entrou em cena, no Brasil, entre 1967 e 1968. Além disso, retrata, com se Carlos fosse uma testemunha ocular, os bastidores dos festivais de música que marcaram a história da televisão brasileira. Com linguagem simples e atraente, Calado consegue “prender” o leitor durante toda a narrativa. Isso se dá também porque ele entrelaça o que conta com muitas curiosidades, o que faz o interesse pela história manter-se sempre vivo.

O livro começa do fim, narrando a prisão de Gilberto Gil e Caetano Veloso, expoentes da Tropicália, em 27 de dezembro de 1968, e segue falando da influência de João Gilberto na musicalidade dos dois artistas. No terceiro capítulo, intitulado A Turma do Vila Velha, o autor conta como Gil e Caetano se conheceram (uma curiosidade que quase todo mundo quer saber! De acordo com o jornalista, “Gil e Caetano se conheceram pessoalmente em Salvador, numa tarde de 1963. Caetano vinha andando pela rua Chile, próximo da Farmácia Chile, quando viu o violonista se aproximar. Ele estava acompanhado por Roberto Santana, amigo em comum que já tinha prometido apresentá-los [sic] ao saber que Caetano era fã do violão e da bossa de Gil”, p. 45) e, obviamente, fala sobre a estreia do show Nós, Por Exemplo, apresentado no Teatro Vila Velha, em 22 de agosto de 1964. Além de Gil e Caetano, o show reuniu, entre outros artistas, Maria Bethânia e Maria da Graça, a Gal. O quarteto formaria, doze anos depois (1976), o grupo Os Doces Bárbaros.
Carlos Calado vai mostrando para o leitor cada artista que contribuiu para formatar a Tropicália. Nesse sentido, fala de Tom ZéGal CostaMaria Bethânia, Nara Leão, CapinanTorquato NetoRogério Duprat e Os Mutantes (Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee). Bethânia substituiu Nara Leão no musical Opinião e emprestou toda a sua dramaticidade à interpretação da música Carcará (João do Vale), que virou uma canção de protesto. Sempre que se apresentava num show, o público pedia para Berré (como a irmã de Caetano era chamada pelos mais íntimos) cantar. Bethânia foi ficando desconfortável com essa situação de ser “musa de canção de protesto”. Por isso, não participou do disco coletivo dos tropicalistas, porque não queria mais integrar grupos ou movimentos artísticos.

A antológica capa do disco Tropicália ou Panis et Circenses, de 1968. A foto foi feita pelo fotógrafo Olivier Perroy. Imagem: reprodução do site da Revista Fórum.

Além de conhecer a história da Tropicália e a importância do movimento para a História do Brasil, quem lê o livro fica sabendo algumas curiosidades: o rápido casamento, informal e contra a vontade das respectivas famílias, de Gil e Nana Caymmi; que Caetano já foi apelidado de “Caretano”; que a convivência entre emepebistas e tropicalistas não era boa; que Nara Leão e Capinan não estão na foto da capa do disco Tropicália ou Panis et Circenses (Philips, 1968) porque não chegaram a tempo para participar da sessão de fotos. Por isso, usaram molduras com as imagens dos ausentes. Caetano segura a de Nara; e Gil, a de Capinan; que o nome Tropicália foi uma sugestão do produtor de cinema Luís Carlos Barreto, que se baseou numa exposição homônima de Hélio Oiticica; e que “a foto com os integrantes do grupo tropicalista não foi realizada com um conceito muito definido”, p. 196.
Os incontáveis erros ortográficos encontrados na obra causam estranheza, uma vez que, antes de ser publicado, em geral, o texto de um livro passa por uma rigorosa revisão. O leitor encontra “espectativas” (p. 43), “em baixo” (p. 57), “bode espiatório” (p. 141), “destróem” (p. 155) e “sizudo” (p. 183). Isso não compromete em nada a narrativa, mas, obviamente, deve ser motivo de atenção. Calado esmiúça a explosão do movimento tropicalista, narrando os shows, os festivais dos quais os artistas participaram e todos os conflitos envolvidos no manifesto cultural, que, respeitando as razões e o contexto, remete muito à Semana de Arte Moderna, de 1922. O livro, assim como a Tropicália, vai ficar para a História.
Referência:

CALADO, Carlos. Tropicália: a história de uma revolução musical. 1ª ed. São Paulo: Ed. 34, 1997. (Coleção Ouvido Musical).
Padrão