Crônica, Cultura, Desde Já, DEZde, Jornalismo Cultural

Memória afetiva

Imagem: reprodução do blog Papo de Fran

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

Todas as pesquisas que a gente faz sobre memória afetiva nesses buscadores da internet, a gente sempre encontra algo relacionado às lembranças da nossa primeira infância. Tem até textos de especialistas da área de psicologia falando sobre isso. Contudo, acho que a memória afetiva ultrapassa épocas. Infância, adolescência, vida adulta: todas essas fases proporcionam memórias afetivas que a gente nunca quer esquecer, porque lembrar de momentos especiais faz um bem danado, é prazeroso.

Quem não tem uma música que, só de ouvir, traz a atmosfera da infância ou da adolescência para os dias de hoje? Eu lembro que, num determinado momento da manhã, sempre que tocava Sintonia (Moraes Moreira/Fred Góes/Zeca Barreto) no rádio, eu já sabia que tinha que levantar para me arrumar para ir à escola. Tocava sempre na mesma hora, todos os dias. Eu adorava acordar ao som da música. Por isso, até hoje gosto da canção. Ficou na minha memória afetiva. Sempre que ouço Moraes entoar “Escute essa canção/Que é pra tocar no rádio/No rádio do seu coração…”, me remeto para aquele momento. Lembrança boa demais. A mesma coisa acontece quando escuto Tô Te Filmando (Sorria), música de Arnaldo Saccomani e Thaís Nascimento, gravada pela banda Os Travessos. Mesmo não sendo correspondido por minha paixão adolescente, essa música me traz ótimas lembranças de um período muito bom da minha vida. É revitalizante guardar esses momentos cheios de afeto.

Tem cheiros que, do mesmo modo, contribuem para isso. Para mim, por exemplo, cheiro de pipoca doce e de amendoim salgado tem um significado muito grande. Lembro de minha mãe. Teve uma época que ela vendeu esses itens. É só sentir o cheiro para lembrar. Vem toda a imagem na minha cabeça. Lembro dos potes com os amendoins, dos sacões com as pipocas… Sempre lembranças boas e felizes.

Propagandas também ficam na nossa memória afetiva de forma muito forte. Nem gosto de Natal, mas gosto de quase todas as canções da festa. Lembro da propaganda do Banco Nacional, que tinha uma música que marcou geração: “Quero ver/Você não chorar/Não olhar pra trás/Nem se arrepender do que faz…”. O filme também era muito bonitinho. Casamento perfeito entre a imagem e o som. Ficou na memória.

E comida?! Inúmeras comidas estão na nossa memória afetiva. A minha é o cuscuz. Me acompanhou durante toda a vida. Lembro da infância, em que comia misturado no café; na adolescência (e na vida adulta também!), foi, muitas vezes, a salvação da lavoura. Me tirou de vários apuros. Já adulto, lembro de aprender a comê-lo com um bocado de coisa dentro, o cuscuz tropeiro. Isso me remete aos pensionatos onde morei e à turma boa que conheci neles. Impossível esquecer.

A memória afetiva nos leva a momentos bons da nossa vida. Por isso, é uma lembrança sempre cheia de amor e de afeto. É democrática. Todo mundo tem a sua. Acho que renderia muito se tivesse produção de séries ou filmes tratando do assunto. Eu seria um espectador assíduo. Há quem diga que existem memórias afetivas que não são boas. Prefiro esquecer dessas. Como dizem os internautas mais novos: não sou obrigado.

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Com a Palavra, Cultura, Entrevista, Festival, Jornalismo Cultural

Festival BEIRA! convoca agentes culturais que estão fora da cena hegemônica para compor grade de sua 1ª edição

Artistas, produtores culturais, mestres e mestras da cultura indígena e afro-brasileira poderão submeter propostas ao festival on-line até o dia 18

Arte: Luiza Marinho

Por Raulino Júnior

Festival BEIRA! – Bienal de Experimentos Interculturais Radicados na América Latina terá a sua primeira edição em março (de 19 a 28) e nasce com o intuito de reunir agentes culturais que não fazem parte da cena hegemônica. Pensado em 2019 por Carolina Caldas e Gabriel Pangoniso projeto foi selecionado no Programa de Ação Cultural (ProAC) do estado de São Paulo, na categoria Produção e Realização de Festival de Cultura e Economia Criativa com Apresentação On-Line. De hoje até as 20h do dia 18 de fevereiro, artistas, produtores culturais, mestres e mestras da cultura indígena e afro-brasileira poderão se inscrever no chamamento público para integrar a programação do BEIRA! As modalidades são: a) Mostra de Diálogos (rodas de conversa para discutir cultura, festivais, políticas públicas etc.); b) Oficinas (espaço para compartilhar conhecimentos sobre cultura e artes nas beiras); c) Mostra de Espetáculos (artes cênicas, cultura popular e outras produções artísticas de grupos e artistas da América Latina) e d) Mostra Aldir Blanc (espaço de integração de artistas da América Latina. Só podem se inscrever nessa modalidade artistas que tiveram projetos contemplados no ProAC). Para fazer as inscrições, as pessoas interessadas deverão acessar o site www.beira.art.br. Todos os selecionados receberão cachê, exceto os da Mostra Aldir Blanc, por já terem recebido incentivo do Programa de Ação Cultural. Os valores variam de R$ 300 a R$ 5.000. É importante ler o edital na íntegra. A curadoria será feita por Fernanda MissiaggiaLeila Borari e Sanara Rocha.

Desde conversou com Carolina Caldas e Gabriel Pangonis, produtores culturais e idealizadores do BEIRA! Na entrevista exclusiva, feita por e-mail, eles deram mais detalhes sobre o festival e falaram sobre quais serão os critérios para selecionar os inscritos, as expectativas, a curadoria e as possibilidades de implementar a 2ª edição. Leia e fique à vontade.

COM A PALAVRA, GABRIEL PANGONIS

Foto: Autorretrato

Desde que eu me entendo por gente – O BEIRA! é um festival multicultural e independente, inspirado na frase “Em redor do buraco, tudo é beira”, que Ariano Suassuna popularizou num dos tantos causos que contou. Fazendo uma brincadeira, para você, o que é que tem no buraco?

Gabriel Pangonis: Acho que para nós, a frase significa uma inversão de ponto de vista sobre o centro. Geralmente, o centro é colocado acima, mais importante, mais chique, mais valioso etc. No meio das nossas discussões, a gente chegou no ponto de vista contrário, que é o centro como um buraco, um lugar por onde as coisas escorrem, que absorve o que está ao redor, quase um buraco negro que atrai para si tudo que está em volta. A gente que circula ao redor da cidade de São Paul sabe muito bem como é essa dinâmica. A gente que vem de um ambiente universitário acadêmico também sabe como isso funciona. Todas as estradas levam ao centro, as grandes metrópoles como esses buracos por onde a gente se enfia buscando alguma ideia distorcida de sucesso ou oportunidade. No entanto, ao redor do buraco, tudo é beira. Se tudo é beira, se todos nós que estamos ao redor do buraco somos a beira, então é gente, é saber, é pensamento, é produção de sensibilidade e beleza para caramba! Se parar para contar, tem, com certeza, mais beira que buraco. Então, nós pensamos justamente aí, um evento que reúna a galera que está na beira e construa coletivamente uma força que resista a essa atração do buraco. Poeticamente, esse é o nosso propósito.

Desde – Hoje, o festival lançou o chamamento público convocando agentes culturais para compor a programação. Quais são as expectativas? Qual público a produção pretende atrair?

 GP: A primeira expectativa, e foi para aí que nós direcionamos grande parte dos nossos esforços de articulação, é fazer esse chamamento público chegar nas beiradas do país. Tem uma bolha para ser rompida aí. Nós somos produtores que estamos na beira, mas nós estamos na beira do centro da cidade de São Paulo, uma beira ainda muito próxima do centro, uma beira privilegiada em relação às milhares de beiras do país e da América Latina. Então, estamos colocando a energia em furar a nossa bolha e convidar fazedores de cultura de todas as beiradas possíveis. Estamos tentando chegar em todos os estados do país, e fazer isso não chegando apenas nas capitais. Chegar em todos os países da América Latina, mas indo além das capitais também. Buscar fazer contato direto com comunidades indígenas e quilombolas. Então, a primeira expectativa é essa, chegar e se apresentar como um espaço de encontro para toda essa galera. O primeiro público que a gente quer são justamente esses mesmos fazedores de cultura. Infelizmente, não é possível ter todos na programação, mas se além de ter alguns poucos na programação a gente conseguir reunir essa galera para participar do encontro, um dos maiores objetivos da Beira terá acontecido. E quanto ao público em geral para o evento, como é uma edição on-line, nós temos perseguido entrar em contato e estabelecer um diálogo com o público das beiradas também. Falando de público, a beira é onde o teatro, a arte e outras ofertas culturais não costumam passar, chegar e ficar. Temos o prazer de ter construído uma parceria forte com a Libraria, empresa do interior do estado de São Paulo, que está acessibilizando para o público surdo a imensa maioria das ações do festival e vai nos ajudar, colocar o evento à disposição de visão desse público. Para gente, esse tipo de trabalho de construção de público e engajamento junto a grupos desprivilegiados é uma das coisas mais prazerosas do trabalho.

Desde – Quais critérios serão levados em consideração para a escolha dos selecionados? Por quê?

GP: As propostas serão avaliadas pela comissão tendo por base os critérios abaixo elencados, a saber: compatibilidade com os princípios da BEIRA!; potência de efeitos, ecos e importância na realidade da comunidade na qual está presente ou com a qual se comunica; adequação aos recursos técnicos do festival; pluralidade cultural, étnica e socioeconômica. Esses critérios foram definidos para tentar trazer para perto do evento pessoas diversas, que não necessariamente estejam fora dos circuitos oficiais, mas que tenham ações importantes em suas localidades e em suas comunidades. Valorizando mais a real capacidade dessas pessoas de terem um impacto transformador positivo em suas realidades do que sua excelência ou reconhecimento.

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COM A PALAVRA, CAROLINA CALDAS

Foto: Bruna Trindade

Desde que eu me entendo por gente – Quais artistas da América Latina, que estão “na beira”, você acompanha e admira?

Carolina Caldas: Antes de responder essa pergunta, eu queria ressaltar que uma das ações da 1ª edição da BEIRA! é o BEIRA! Indica, que vai ser uma divulgação dos grupos que se inscreveram para o festival, mas que não “couberam” na programação e que gostaríamos muito que todxs ficassem atentos a estes trabalhos muito bacanas. Eu acredito que o desejo de produzir um festival representa também o desejo de expandir o olhar para fora das nossas “bolhas”. E também de expandir as nossas perspectivas para o que é esta “beira”, porque ela não é um conceito fixo, depende muito das perspectivas envolvidas e queremos muitas perspectivas construindo esse projeto com a gente, para não cairmos na tentação de taxar “esse grupo é da beira, esse outro não”. Acho que a ideia de olhar para grupos da “beira” é na verdade o desejo de conhecer mais trabalhos, de assistir muitas coisas que talvez, sozinhos, nós não encontrássemos. E sobretudo é o desejo de construir uma comunidade latino-americana de artistas que queiram somar, colaborar, formar uma rede, e não excluir ou hierarquizar. Mas, voltando a sua pergunta, esses são alguns dos muitos grupos que a equipe da BEIRA! acompanha e admira atualmente: Magiluth (Recife/PE), Grupo Ponto de Partida (MG), Barracão Teatro (Campinas/SP), Cia. Mundu Rodá (SP), Grupo Pandora de Teatro (SP), Cia. Les Commediens Tropicales (SP), E quem é gosta? (SP), Coletivo Arame Farpado (RJ), Coletivo Matuba (RJ), Selvática Ações Artísticas (Curitiba/PR), Suraras do Tapajós (PA), No barraco da Constância tem! (CE), e Inquieta Cia (CE).

Desde – Fernanda Missiaggia, Leila Borari e Sanara Rocha serão as curadoras. Como se deu a escolha delas? Por quê?

CC: Antes de a nossa 1ª edição ser contemplada pelo PROAC/Lei Aldir Blanc, fizemos uma série de lives no instagram @beirabienal para inaugurar nossas redes sociais. Nosso intuito era escutar produtores e artistas que nos inspiram por suas trajetórias, para ganhar mais “chão” antes da empreitada de começar a produzir o festival propriamente dito. Queríamos ouvir e aprender com a experiência de outros, expandir nossos horizontes. Aprendemos muito com essa experiência que chamamos de “Encontros 1:1” (que podem ser vistos no IGTV da @aflorarcultura, produtora parceira e também onde a BEIRA! nasceu, como parte da “Semeadora de Projetos” da Aflorar). Bom, como para nós a curadoria tem a ver muito com escuta e com cuidado, optamos de forma consciente por uma curadoria composta totalmente por mulheres. Este foi o primeiro critério de escolha. Também porque, parafraseando a Leila Borari, uma de nossas curadoras, que disse em um dos “Encontros 1:1” que “a representatividade não é só uma palavra bonita”. A gente acredita não só no poder simbólico dessa representatividade, mas, também, acreditamos que essas perspectivas geralmente excluídas dos debates sobre arte e cultura movem e transformam as estruturas internas do ambiente da produção cultural de forma muito mais criativa e potente. Que sentido teria falar de “beira” sem incluir e abrir este espaço da curadoria para quem mais entende de estar na beira, na margem da sociedade, há tanto tempo, do que as mulheres? Não é por acaso que eu gosto de me referir a essa equipe composta por Fernanda Missiaggia, Leila Borari e Sanara Rocha como “nossas curadoras”, porque, na sua sonoridade, a palavra “curadora” traz afeto e também a ideia de “cura”. Sanara Rocha também fez uma fala para nós ressaltando como esse movimento de estar em uma equipe de mulheres, construído pelas mãos e olhares de uma mulher negra, pesquisadora, artista, mulher-tambor, do nordeste do país, de uma mulher indígena, artista, turismóloga e produtora no norte do país e de uma mulher branca, mãe, arte-educadora e produtora do interior de SP, é também uma forma de homenagearmos todas as nossas ancestrais que foram tão invisibilizadas. Então, eu levo bastante a sério quando eu falo de “curadoras” e de “cura”. Outro critério bastante importante foi que gostaríamos de ter pontos de vista plurais, que viessem de regiões e tivessem origens distintas. E buscando somar todos esses ideais, chegamos, através de indicações bastante afetivas, nos nomes dessas três mulheres muito incríveis, com quem estou tendo o prazer de aprender muito. E nós somos muito gratos a elas por terem topado essa aventura.

Desde – Esta é a primeira edição do festival. Claro que, muitas vezes, o fomento à cultura depende de leis de incentivo. Nesse sentido, a BEIRA! veio para ficar? Os organizadores vão tentar fazer próximas edições?

CC: Com certeza, a BEIRA! veio para ficar. Desde que o projeto era apenas um sonho para mim e para o Pangonis, já vislumbrávamos a sua continuidade. Pode até soar engraçado, mas na nossa primeira reunião, em uma mesa de bar na Praça Roosevelt (em São Paulo), saímos com o planejamento para os próximos 10 anos de BEIRA!. Somaram-se a essa ideia/sonho de mesa de bar, Raíza Penteado, Luan Assunção e Luiza Marinho (que fecham conosco a coordenação do festival) e, desde o início, nós concebemos o projeto com sede de continuar. Mesmo porque acreditamos que um festival tem a possibilidade de realizar um papel de mediação entre a cultura independente e a cidade. Se conseguirmos abraçar o máximo de grupos e artistas que pudermos, que ainda não tem uma produção tão estruturada, e facilitar a apresentação deles para o mundo, será a concretização do nosso sonho. A BEIRA! surgiu porque a gente acredita que uma mudança estrutural dentro desse meio tão desigual (como é o meio artístico) é possível, mesmo que de passinho em passinho… Nosso objetivo é movimentar e transformar (esperamos que pra melhor) a cadeia de produção cultural, mas isso não se faz em apenas uma edição de alguns dias. É uma ação continuada, como diz o ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”… Então, o nosso desafio para realizar essa continuidade é ter estratégias de longo prazo mesmo com políticas de fomento à cultura muito limitadas no país em que a gente vive. Como garantir que vamos continuar sem ter certeza que o fomento virá no próximo ano? Acho que os artistas e grupos independentes do nosso país, justamente aqueles que estão na “beira”, são os nossos melhores professores para nos guiar nessa trajetória. O que podemos fazer nesse sentido é ficar perto de quem nos inspira nessa resiliência e estar sempre abertos e humildes para escutar e aprender. Tem um desejo de continuar e de transformar muito grande que nos carrega.

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Canais do Festival BEIRA! nas redes sociais digitais:

Instagram: @BeiraBienal

Facebook: @BeiraBienal

YouTube: @BeiraBienal

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Chegar ao fim não é fracasso

Imagem: reprodução do site Slideshare

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

As coisas findam, acabam, terminam. E não há nada de mau nisso. Faz parte do processo natural da nossa “ser humanidade”. Não é fácil constatar, mas é algo que acontece e a gente não deve se culpar. Tem coisas que já acabaram, já deram o que tinham que dar e as pessoas insistem em mantê-las, apenas por orgulho. Isso faz aquilo que foi genial ir perdendo a graça, o vigor, o ânimo. Desde criança, a gente aprende que tudo nasce, cresce, se desenvolve e morre. Na vida adulta, parece que a gente gosta de ver a coisa agonizar.

Na sua excelente autobiografiaRita Lee explica por que resolveu se aposentar dos palcos: “Aquela cena manjada da celebridade vetusta solitária e saudosa de sua juventude não era minha praia, nem lamentar que os bons tempos não voltam mais, menos ainda tentar exibir boa forma em público com plásticas e botoxes para me dizer viva. Envelhecer com bom humor e uma boa dose de sarcasmo não é para maricas. Sempre dei mais valor à dignidade de uma Hilda Hilst do que àquelas em busca da fonte da juventude que não percebem o tempo como aliado da feitiçaria feminina”, p. 326. Uma decisão corajosa e muito acertada. A cantora e compositora percebeu que já tinha dado o que tinha que dar. A sua contribuição para a música e para a cultura brasileira já tinha sido reconhecida e foi bem-sucedida. Só chegou ao fim. Melhor do que ficar fazendo o mais do mesmo, de novo, mais uma vez.

A televisão é fera em insistir em formatos que já se desgastaram, que não têm mais oxigenação. Vejo A Praça é Nossa no ar e fico me perguntando: por que manter um programa de “humor” com piadas sem graça e superultrapassadas na grade? Só pela tradição. Envaidece dizer que o programa está no ar há duzentos e cinco anos. Insistir na mesma coisa é matar a criatividade. Não só nas artes, mas em qualquer âmbito da nossa vida.

Chegar ao fim não pode ser sinônimo de fracasso. Houve um percurso, uma caminhada, um tempo produtivo. O que vale é o que foi vivido. O fim é só o começo de algo que também chegará ao fim. Tudo é um ciclo.

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