Arquivo mensal: agosto 2011
TEM ANÔNIMO QUE “SE ACHA”
IArtigo
Você já reparou como as pessoas são bastante preconceituosas quando emitem uma opinião sobre algum famoso? Elas se colocam num patamar superior em relação àqueles que alcançaram a fama, duvidando de todo e qualquer ato praticado por eles. Por trás disso tudo, uma exagerada presunção.
Que o preconceito é uma característica inerente à raça humana, ninguém duvida. E ele fica ainda mais evidente quando as pessoas se referem aos famosos. Todo mundo, mesmo sem conhecer aquela pessoa tão conhecida, tem uma opinião formada sobre ela. “Ah, eu não gosto de fulano por isso, aquilo e aquilo outro”. Um comentário como esse não é baseado em quase nada, somente numa ideia preconcebida sobre o alvo. Muitas vezes, os críticos não pesquisam uma linha sobre o criticado, apenas fundamentam os seus comentários pelo o que ouvem de outras pessoas.
Quando, por exemplo, um artista famoso diz que ele próprio é quem atualiza o seu blogue, parte do público coloca isso em questão. “Você acha que ele escreveria tão bem? Claro que não! Isso aí é trabalho da assessoria”. A pessoa que se tornou famosa não pode ter estudado como outra qualquer? Será que ela também não adora ler e por isso tem intimidade com a língua portuguesa? Aqui, não se trata de ingenuidade, trata-se de constatar que as pessoas são capazes, independentemente de serem famosas ou não.
Outro dia, numa famosa rede social, um internauta fazia comentários negativos em relação à cantora Claudia Leitte e, num determinado momento, a chamou de mediócre (assim mesmo, com o agudo no “ó”). Eis a pergunta: quem, na verdade, é o medíocre dessa história? Fica a reflexão. Não dá para se colocar num pedestal e achar que você é melhor que todo mundo. Você não é. Não se iluda.
ESTUDIOSOS DISCUTEM QUESTÕES LIGADAS À NEGRITUDE
Sabrina Gledhill e Jaime Nascimento
Desde que eu me entendo por gente: Negritude é algo que vai muito além da cor da pele? Por quê?
Sabrina Gledhill: É uma pergunta que, realmente, eu teria que pensar muito para responder, mas claro que negritude é uma filosofia. É uma questão de amor próprio, de visão de cultura, de história, de ancestralidade. Eu acho que têm muitas pessoas que são consideradas negras e que não têm negritude, no sentido de ter orgulho da cultura dos seus ancestrais negros. Aqui no Brasil se diz que todo mundo tem ancestralidade tripla, mas a ênfase é mais nos europeus. A parte indígena nem se fala. Existem muitos preconceitos e muita falta de informação sobre a África. Algumas pessoas acham até que a África é um país.
Jaime Nascimento: Sim. Isso pode ser mais ligado à questão do pertencimento, das pessoas se perceberem como negras ou não. Por exemplo, o nosso Rei do Futebol tem esse entendimento? Alguma vez ele se declarou? Eu não estou falando de ser militante, de carregar bandeira, não; mas de colocar “minha posição é essa”. Infelizmente, tem um monte de gente que não é negra; mas, felizmente, tem muita gente que é. Inclusive, não sendo fenotipicamente negra, mas considerando-se como tal. É questão de pertencimento, de percepção individual de cada um.
DQEMEPG: Muita gente costuma confundir preconceito e discriminação. Para esclarecer, diferencie cada conceito.
SG: Preconceito é uma questão muito pessoal. Discriminação é o que se faz no dia a dia para oprimir e excluir pessoas. O preconceito é a base de tudo isso. É uma coisa que, infelizmente, as pessoas aprendem no berço e com a televisão. Pode ser até inconsciente. O preconceito fere, mas é a discriminação que realmente perpetua as desigualdades.
JN: O preconceito é a sua opinião, positiva ou negativa, em relação à determinada coisa. A discriminação é a sua ação em função disso. Inclusive, o que a lei proíbe é a discriminação. Você não pode tratar as pessoas de forma diferente em função de uma característica física, psicológica, religiosa, sexual, o que for. A não ser que seja uma coisa da própria lei que vise, justamente, a promoção da igualdade. É o que se chama de discriminação positiva. O contrário não pode ser feito: discriminar prejudicando. Ninguém pode fazer isso e se fizer está passível de cumprir as penas que a lei impõe. A diferença básica é essa: a discriminação é a ação em função do preconceito.
# As péssimas fotos foram feitas por Raulino Júnior. Locação: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB).