Artigo de Opinião, Opinião

Crítica virou ofensa pessoal

Por Raulino Júnior

Não se pode criticar. Esse é o acordo tácito que impera na sociedade há algum tempo. Falo de crítica. Desrespeito é outra coisa. Afinal, não estou falando dos críticos das redes sociais, tão sabedores de tudo. Ô cótcha! Esses a gente descarta. Refiro-me a qualquer crítica que é feita para um amigo, colega de trabalho ou de profissão, para um parente, um professor ou para alguém que, de certa forma, tem algum tipo de relação conosco. Já percebeu como a pessoa se incha?

Fonte da imagem: http://br.freepik.com.

Ao fazer uma breve pesquisa para saber mais sobre a palavra “crítica”, a gente se depara com um significado que deveria ser compreensível para todo mundo, mas não é. Em seu Dicionário de FilosofiaNicola Abbagnano explica o seguinte sobre o verbete: “Termo introduzido por Kant para designar o processo através do qual a razão empreende o conhecimento de si: ‘o tribunal que garanta a razão em suas pretensões legítimas, mas condene as que não têm fundamento'”. Simples assim. Se eu acho que algo não tem fundamento, eu condeno. Há algum mal nisso? Hoje em dia, mais do que nunca, há. Crítica virou ofensa pessoal das mais intoleráveis.

Você critica uma pessoa e ela perde toda uma suposta admiração que tinha por você. A partir de agora, quem criticou vira a pior pessoa do mundo, que ninguém quer ver nunca mais. É uma morte social.

Nas redes sociais da internet, artistas e famosos são, constantemente, alvos de críticas. Algumas bastante contundentes; outras, radicais, agressivas e desnecessárias. Não entendo algumas posturas de caráter nazifascista, mas também não entendo a postura de quem está do outro lado. É comum os afamados bloquearem as pessoas que nem sempre comentam aquilo que eles querem ler. Não deixa de ser engraçado. E infantil. A minha turma da antiga 4ª série era mais madura. O mundo é feito de opostos, de discordâncias. O universo de elogios e puxa-saquismos existe, é real; mas basta olhar para o lado para deixar de flutuar, colocando os pés no chão.

Existe também o medo de criticar para não se queimar. Isso está tão arraigado na nossa sociedade! Perpetua os conchavos e modela comportamentos. Uma pena. Quando alguém tem que fazer uma crítica, fica cheio de dedos, temendo a já citada morte em vida. Para aliviar, depois de fazer um comentário que não é tão positivo para o interlocutor, o sujeito solta: “Não é uma crítica, eu só estou pontuando que você poderia e blá, blá, blá…”. É uma crítica, sim! E é legítima! Por que esse medo de assumir? Nessa ânsia de não querer se indispor, as relações vão ficando cada vez mais podres e hipócritas.

Podem me criticar, dizer que sou chato de galocha nível máximo, que critico os meus colegas jornalistas sem nunca ter passado por uma redação, desconhecendo, assim, a sua dinâmica; que eu me acho, que sou intransigente, teimoso e nada flexível. Fiquem à vontade. Só digo uma coisa: eu não vou mudar por causa de vocês, mas também não vou mudar com vocês. Seria uma bobagem. Sigamos.
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#5AnosDoDesde, Cultura, Jornalismo Cultural

#5AnosDoDesde: Ana Paula Lima

Ana Paula Lima: “A família é sempre algo muito importante”. Imagem: captura de tela feita em 10 de janeiro de 2016

A jornalista Ana Paula Lima, de 23 anos, acredita que o papel do jornalismo cultural na sociedade brasileira é o de mostrar as tradições de um povo e ir muito mais além do que uma “agenda cultural”. “Em um país tão grande como o Brasil, o jornalismo cultural ajuda a gente a conhecer as tradições e costumes que não temos acesso, por causa de barreiras geográficas ou intelectuais, e a conhecer melhor nossas próprias tradições também. A divulgação ajuda na preservação, principalmente de bens culturais imateriais, por exemplo. Por isso, eu acredito e defendo um jornalismo cultural que é muito mais que uma simples ‘agenda cultural’. Ou seja, não é pautado apenas pelos shows ou eventos que acontecem. Mas é criativo, apura, ouve e conta histórias, fala de gente… Eu, particularmente, adoro quando o jornalismo se preocupa com ‘coisas reais’, vai além do feijão com arroz. Enfim, um povo é muito mais forte e inteligente quando conhece a sua cultura e se o jornalismo cultural ajudar um pouquinho nesse processo, para mim ele já terá cumprido o seu papel”.
O projeto #5AnosDoDesde foi concebido para comemorar os cinco anos do blog Desde que eu me entendo por gente.  “A família é sempre algo muito importante”, reflete Ana Paula. Assista ao vídeo.

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#5AnosDoDesde, Cultura, Jornalismo Cultural

#5AnosDoDesde: Sandra Rosa

Sandra Rosa: “Cresci e amadureci, de uma forma muito consciente”. Imagem: captura de tela feita em 10 de janeiro de 2016

Para a socióloga Sandra Rosa, 51 anos, o papel do jornalismo cultural é o de documentar as inúmeras manifestações culturais que existem no nosso país. “Nosso território nacional é extenso, possibilitando, assim, uma diversidade gigante de manifestações intelectuais/artísticas. Penso que o papel do jornalismo cultural está na disseminação dessas manifestações. Levar às pessoas os inúmeros acontecimentos culturais ocorridos ou não em seu entorno. Dessa forma, seu papel é de fundamental importância, pois consegue diminuir a distância da ação cultural expressada”.
O projeto #5AnosDoDesde foi concebido para comemorar os cinco anos do blog Desde que eu me entendo por gente. “Cresci e amadureci, de uma forma muito consciente”, declama Sandra. Assista ao vídeo.

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