#Desde7, Cultura, Jornalismo Cultural, RauLendo: leituras em pauta

Passo a passo para o respeito

Reprodução da capa do Manual de Comunicação LGBTI+

Por Raulino Júnior ||RauLendo: leituras em pauta||

Da inadequada sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) à LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais). O “+” se refere a outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero), muita coisa mudou, mas muita coisa ainda precisa mudar. É com o intuito de fazer com que as coisas mudem, que a rede GayLatino e a Aliança Nacional LGBTI lançaram recentemente a 2ª edição do Manual de Comunicação LGBTI+, cujo objetivo é “contribuir para diminuir preconceitos e estigmas e colaborar para o melhor entendimento de termos que são recorrentes entre a população LGBTI+, mas que podem não ser usuais no dia a dia de comunicadores(as) e estudantes, a fim de contribuir para um jornalismo mais inclusivo e atento às realidades”. O documento, que foi organizado por Toni Reis (presidente da Aliança Nacional LGBTI), é rico em informações e apresenta os conceitos de forma muito didática, para ninguém se confundir. Por isso, o tempo todo, o livreto pede para o leitor “substituir preconceito por informação correta”.
E, pelo didatismo da obra, isso pode ser feito sem muito esforço. Basta ler. O leitor vai se deparar com a explicação de conceitos que podem parecer simples, mas que carregam uma carga ideológica importante. Um exemplo introdutório é o uso de “orientação sexual” no lugar de “opção sexual”. Justificativa: ninguém opta por sua orientação sexual. A atração sexual, afetiva e emocional, nesse caso, é involuntária. Além disso, o manual traz uma boa reflexão sobre identidade e expressão de gênero, mostrando o lado científico da coisa, e explica o motivo do uso da Bandeira do Orgulho LGBTI+ e o que cada cor representa. Questões relacionadas a preconceito, discriminação e estereótipos também são tratadas no documento, com destaque para a LGBTIfobia institucionalizada. Tudo que foi conquistado até agora, no Brasil e no mundo, é abordado no texto do impresso. Contudo, o mais importante que a leitura evoca é aquilo que todo mundo quer: respeito.

Explicação didática sobre identidade e expressão de gênero e orientação sexual. Imagem: reprodução do Manual

Toda a sociedade deveria ler o manual, independentemente de trabalhar na área de comunicação ou não. Com conhecimento, ninguém vai sair por aí falando “homossexualismo”, “o travesti” e tantas outras inadequações.

Referência:

REIS, Toni (org.). Manual de Comunicação LGBTI+. 2ª ed. Curitiba: Aliança Nacional LGBTI/GayLatino, 2018.
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Sonoridades compartilhadas nas Américas Negras e História da Arte são temas de cursos que serão ministrados em Salvador

Sons das Américas Negras e História da Arte no Ocidente estarão em pauta na capital baiana

Cartaz de divulgação do curso traz a reprodução da tela neoexpressionista Philistines (1982), de Jean-Michel Basquiat

Os amantes de música e de arte que moram em Salvador terão a oportunidade de se aprofundar um pouco mais nessas temáticas: em agosto, o historiador Vítor Queiroz vai ministrar os cursos Som de Preto: histórias e sonoridades compartilhadas nas Américas Negras (de 20 a 24 de agosto, das 9h às 13h) e Uma Introdução à História da Arte (de 27 a 31 de agosto, das 9h às 13h), na Aliança Francesa, que fica na Ladeira da Barra (Avenida Sete de Setembro). Os interessados deverão fazer o investimento de R$ 100 (para cada curso específico) ou R$ 150 (para os dois). Quem quiser fazer aulas avulsas, vai ter que desembolsar R$ 30 por dia (carga horária: 4h). Para saber mais informações sobre os cursos e sobre a inscrição, basta entrar em contato pelo telefone (71) 99123-9050 (WhatsApp).

Em entrevista concedida ao Desde, por WhatsApp, Vítor falou sobre o que pretende abordar em cada curso e sobre o objetivo das propostas. “No Som de Preto: histórias e sonoridades compartilhadas nas Américas Negras, pretendo abordar as histórias compartilhadas que se materializam nas sonoridades do atlântico negro. Ou seja, vai ser um passeio pela música do Brasil, mas também da Argentina, do Caribe e dos Estados Unidos, focando temas que são transversais a todos esses lugares (como, por exemplo, o corpo, a dança e a sexualidade nessas músicas afro-atlânticas). Uma tese que está por trás desse curso é de que o atlântico e o atlântico negro têm uma série de experiências em comum e essas experiências são também comunicadas. Então, isso tem a ver com tudo: movimento negro, política e identidade negra nas Américas. Quem tiver interessado em política negra, negritude, movimento negro e religiões negras na América, é bem-vindo”.

Já no curso de Introdução à História da Arte, Queiroz afirma que vai focar nas artes visuais. “Vou trabalhar com períodos artísticos, com criadores, principalmente de artes visuais (pintura e escultura).  Na verdade, a gente vai percorrer vários períodos da arte ocidental. Então, vamos ficar na arte da Europa e de suas extensões. Ou seja, os países que foram colonizados pela Europa e compartilham uma cultura europeia, incluindo o Brasil, incluindo a América. O curso tem uma tese central, um argumento central, que é o seguinte: a gente vai investigar como surgiu essa ideia de autonomia da arte e a ideia de artista. Na verdade, vou mostrar para os alunos que isso não é natural, isso não foi sempre assim, muito pelo contrário. Vou contextualizar bem histórica e antropologicamente, para também não ficar solto. Então, vamos trabalhar com os grandes mestres, GoyaVelázquezLeonardo da VinciPicasso etc., mas também com uma série de outros artistas que não são conhecidos e que eram tão ou mais importantes em suas épocas”, pontua.

Quem é Vítor Queiroz

Foto: reprodução do site da Uniccamp

Além de historiador, o soteropolitano Vítor Queiroz é mestre em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutor em Antropologia, também pela Unicamp. A sua tese se debruçou sobre a obra de um dos mestres da música brasileira: Dorival Caymmi. Intitulada A Pedra que Ronca no Meio do Mar: baianidade, silêncio e experiência racial na obra de Dorival Caymmi, a pesquisa mostrou a atmosfera da “mitologia caymmiana”. Em janeiro deste ano, Vítor ministrou o curso livre de Música Popular Brasileira, oferecido pelo Centro de Formação em Artes (CFA), da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), em Salvador. Na ocasião, o Desde fez uma cobertura exclusiva e produziu a série de reportagens Música Popular Brasileira em Curso, que pode ser lida neste link: MPB em Curso.

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