Crônica, Cultura, Desde Já, DEZde, Jornalismo Cultural

Os artistas-xérox

Imagem: reprodução do site Mercado Livre

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

“Gente, é a cara de Beltrano”, “Oxente! O mesmo trejeito de Fulano”, “Ele fala igual a Sicrano”. Quantas vezes você já se pegou pensando isso sobre alguém que você vê na mídia? Quantos “artistas-xérox” você identifica por aí? Tem artista que faz história, tem artista que é uma paródia medíocre.

Ontem, assistindo a um programa de TV, me deparei com um artista novo (de carreira e de idade!) e pensei que ele já fosse velho. O cara evocava tanto um outro artista do mesmo segmento dele (no caso, sertanejo atual), que ficou impossível não associar a cópia ao original. Vixe!

O Brasil entrou numa era de “artistas-xérox” que meu Deus do céu! Quanta pequenez! Ter uma expressão artística, que é uma cópia de alguém que você admira, é se diminuir demais! Referência é sempre bem-vinda; imitação, não. Eu sempre sinto pena de artistas que ficam na segunda, porque eles abdicam da essência da arte, que é criar.

De tempos em tempos, a gente vê novos “artistas-xérox” surgirem. Virou tendência. Na música, sempre fica mais evidente. Fácil, fácil de perceber. O “lobby” dos empresários pode justificar tal presença, que é ausente o tempo todo. É triste. Eu, de fato, sinto pena. Não tenho outro sentimento. Walter Benjamin não estava brincando quando falou sobre a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. A reprodução é em série. É sério!

Sigamos.

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2021: Paulo Freire é 100!, Cultura, DESDEnhas, DEZde, Jornalismo Cultural, Resenha

“2021: Paulo Freire é 100!”: série comemora 100 anos de Paulo Freire e 10 anos do Desde

 Patrono da Educação Brasileira definiu caminhos das práticas pedagógicas

Por Raulino Júnior

Se estivesse vivo, Paulo Freire (1921-1997) completaria 100 anos em 2021. Mais precisamente, no dia 19 de setembro. Considerado como o Patrono da Educação Brasileira, o pernambucano criou métodos que são seguidos até hoje por educadores. Respeitar os conhecimentos prévios dos educandos e estimular a autonomia neles são alguns elementos da pedagogia freireana. Em setembro, vamos falar de muitos outros na série 2021: Paulo Freire é 100!. O objetivo é fazer resenhas de algumas obras do educador. A ação integra o Pacotão do DEZde, projeto que comemora os dez anos do blog.

Paulo Reglus Neves Freire é uma referência quando o assunto é educação. A experiência de alfabetização que realizou em Angicos (RN), em 1963, se tornou revolucionária e definiu os caminhos das práticas pedagógicas desenvolvidas no Brasil. O Método Paulo Freire consiste em fazer com que os educandos tenham uma leitura crítica do mundo, para interferir na sua dinâmica e transformar a realidade. O saber está atrelado ao fazer. É a educação para a cidadania, emancipadora e contextualizada. Tudo parte do local para o global. Nesse sentido, a experiência que o educando traz é considerada como parte importante do processo de ensino e de aprendizagem. A autonomia é estimulada o tempo todo. Freire foi um ativista da educação de qualidade como um direito humano. Não é por acaso que virou o expoente que virou. Em 2012, através da Lei nº 12.612, ele foi declarado Patrono da Educação Brasileira.

Paulo Freire: um visionário da educação. Arte: Raulino Júnior

A série 2021: Paulo Freire é 100! será publicada a partir de 19 de setembro e se estenderá até 19 de dezembro. Quatro obras serão analisadas criticamente, a fim de provocar reflexões e contribuir para repensar aspectos da educação brasileira da atualidade. O legado de Paulo Freire é importantíssimo e não pode ser visto apenas como uma teoria. Temos que colocar em prática. Sempre.

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É Pré-Natal, parceiro!

 Guia evidencia a importância do envolvimento do homem em todas as etapas da gravidez

Guia traz informações sobre paternidade responsável. Foto: captura de tela

Por Raulino Júnior||DESDEnhas: as resenhas do Desde||

Quando começa a paternidade? Essa pergunta não devia ter razão de ser nem dar abertura para dúvidas, mas a realidade não é assim. A paternidade começa a partir do momento em que o pai fica sabendo da gravidez ou quando decide dar início ao processo de adoção. A condição de ser pai é, acima de tudo, vínculo. E é com esse entendimento que o Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde, publicado pelo Ministério da Saúde, em 2018, aborda a questão.

Já na Apresentação, é possível identificar uma percepção conectada com os debates atuais. O Guia é colocado como “uma ferramenta inovadora que busca contextualizar a importância do envolvimento consciente e ativo de homens adolescentes, jovens adultos e idosos em todas as ações voltadas ao planejamento reprodutivo…”. Os parágrafos que seguem reforçam isso. Falam de como, historicamente, esse planejamento só era direcionado às mulheres, com foco no binômio mãe-criança. Além  de ressaltarem que a participação integral dos homens contribui para romper construções sociais de gênero. Embora a publicação seja voltada para profissionais de saúde, mostrando como eles devem mediar essa relação com o parceiro, é uma fonte de informação para qualquer pessoa que está ou pretende entrar nesse universo da paternidade.

Na parte seguinte, Introdução: homens, gênero, paternidade e cuidado, há um reforço sobre a importância do envolvimento ativo e consciente do pai/parceiro e reflexões sobre o machismo que, infelizmente, ainda impera na sociedade. Isso produz homens que não se envolvem na gestação, achando que é uma responsabilidade apenas da mulher, e que não criam vínculos com filhos e filhas, principalmente se já não tiverem mais relacionamento afetivo com as mães. Por outro lado, o Guia fala de homens que se envolvem tanto e que podem apresentar os mesmos sintomas da gestante, como enjoos, desejos, crises de choro. É a Síndrome de Couvade.

Em A paternidade como caminho para a saúde dos homens, o leitor fica sabendo sobre os objetivos da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), em 2008. Nessa parte, há várias informações interessantes e que valem a pena registrar: o tempo todo, o Guia tenta tirar o homem da visão tradicional de pai, que, muitas vezes, significa ser o provedor da casa; fala da necessidade de se colocar um fim nos estereótipos; e destaca a licença-paternidade (de cinco dias e garantida por lei!) e a Lei do Acompanhante.

Os capítulos 3 e 4 abordam, respectivamente, A Rede Cegonha a e estratégia Pré-Natal do parceiro e O fluxo do Pré-Natal da gestante e do parceiro. Nesse, o Guia elenca cinco passos que o profissional de saúde deve implementar no para realizar o Pré-Natal do parceiro: 1) Primeiro contato com postura acolhedora; 2) Solicitar os testes rápidos e exames de rotina; 3) Vacinar o pai/parceiro conforme a situação vacinal encontrada; 4) Escuta e criação de vínculo; 5) Esclarecer sobre o direito da mulher a um acompanhante no pré-parto, parto e puerpério e incentivar o pai a conversar com a parceira sobre a possibilidade da sua participação nesse momento. O 5º capítulo traz um Fluxograma ilustrativo da participação do homem no Pré-Natal, parto e puerpério e o 6º, intitulado Fique sabendo e repasse essas informações aos parceiros, trata de legislações voltadas para o assunto.

A informação é o melhor caminho para evitar dúvidas e preconceitos. O Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde cumpre o seu papel de informar. Cabe aos pais cumprirem o papel de ler e implementar as ações.

Referência:

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Guia do pré-natal do parceiro para profissionais de Saúde. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pre_natal_profissionais_saude.pdf>. Acesso em: 8 de ago. 2021.

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