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O pop que vem de Minas

Em entrevista exclusiva para o DesdeCaio Dias fala sobre música brasileira e apresenta o seu funk tropical

Caio Dias: funk tropical oriundo de Minas Gerais. Foto: Manoel Max

O mineiro Caio Dias começou a cantar aos 12 anos, participando de grupos musicais na igreja, em Belo Horizonte, cidade onde nasceu. Aos 22, se profissionalizou. Morou nove anos em Goiânia e lá, em parceria com a amiga Katia Helenice, fundou o grupo Baú Novo, de “samba alternativo”. A banda colocou os goianienses para sambar de 2012 a 2015. Na época, Caio era Deny Robert. Ou Deny Robert é Caio? Ele explica: “Meu nome de batismo é Deny Robert Oliveira Costa. Aquela coisa criativa dos pais, que fazem a junção de gringo com português nos nomes das crianças”, diverte-se. Resolveu assumir o pseudônimo “Caio” por ser de fácil assimilação para o público: “Com o tempo, percebi que as pessoas tinham muita dificuldade em falar, escrever [ele se refere ao nome Deny Robert]. Desde a infância, eu sempre me apresentei às pessoas repetindo meu nome mais de uma vez. Quando assumi um estilo mais pop nacional, quis deixar mais fácil para o público essa associação do meu trabalho com o meu nome. Caio é um pseudônimo que usos desde os 16 anos de idade. Optei em assumi-lo artisticamente, até por considerá-lo mais latino”, explica. Hoje, aos 27, e morando em Maceió há três meses, Caio se prepara para mais uma mudança: voltar para o Sudeste. “Meu foco aqui foi divulgar o trabalho na região e sentir a reação das pessoas. Em breve, terei mais clareza, mais planos se desenham para São Paulo”.
Nesta entrevista multimídia, feita por e-mail, o cantor e compositor fala sobre a cena pop do Brasil, apresenta o seu primeiro EP, o Funk Tropical, e revela planos de fazer show em Salvador: “Estou em diálogo com um produtor local, ainda definindo os detalhes, para organizar um evento em Salvador em meados de julho ou agosto. Estou na expectativa de que dê certo”. Enquanto isso não acontece, conheça um pouco do trabalho dele nas linhas a seguir.
 
Desde que eu me entendo por gente: Antes de enveredar para o pop, você fazia um trabalho de “samba alternativo”, com a banda Baú Novo. A mudança de estilo se deu por vontade própria ou por alguma imposição empresarial/mercadológica?
Caio Dias: Por pura escolha minha. Amo o samba. Amo nossa música de raiz, mas sou jovem e desejo transmitir o que penso e sinto a um público que se parece comigo. O samba sempre foi uma influência paterna muito forte em minha vida, porque meu pai tocava pagode por hobby. Quando mais novo, eu acordava todos os sábados ouvindo Raça Negra. Mas, com o decorrer do projeto Baú Novo, percebi que desejava algo mais performático na minha carreira.
 
Desde: Por falar nisso, o que é o pop para você?

Desde: Quais são as suas principais influências musicais?

CD: Todas possíveis! Mas, principalmente, música nacional de raiz e black music. Sou apaixonado por jazz e rhythm and blues.

Desde: Qual artista influencia, diretamente, o seu trabalho atual?

CD: Puxa! Eu faço tanta vitamina na minha cabeça. Posso citar muitos, por várias pontos específicos. Vou resumir dizendo: a nova safra do pop nacional, para ser justo.

Desde: Qual análise você faz da atual cena do pop no Brasil?

Desde: Por que escolheu Maceió para dar início ao atual trabalho? No Sudeste, de onde é oriundo, não seria mais fácil? Ou, como a concorrência lá é maior, você preferiu explorar um mercado no qual seu som seria uma novidade?

CD: Gosto de experimentar. Quis trazer uma interferência a uma região com uma cultura musical tão consolidada, como o forró e, atualmente, o “forronejo”. Num local onde as pessoas já ouvem pop/funk, pode ser que passasse despercebido. Queria sentir de perto a reação do público. Para mim, funcionou como amostragem mesmo. Está nos planos seguir para o Sudeste, após concluir essa divulgação aqui. Além do mais, MACEIÓ É LINDO!

Desde: No seu trabalho, a dança e a música estão sempre juntas, uma característica comum do universo pop. Como é ser um homem no pop brasileiro, principalmente considerando a estética que você traz?
CD: Um desafio, porém divertido! Estou visitando meus limites com esse trabalho. Tem sido terapêutico, acima de tudo. Crescemos ouvindo que homem não dança, não usa short curto, não rebola, não sensualiza. Mas a verdade é que o corpo é um mundo. O movimento dele é sexy, bonito, sem gênero. Fazia dança na infância e parei, me engessei quando adolescente e adulto, por medo de sofrer chacota, porque diziam que “quem dança é mulher”. Me permito fazer o que acredito hoje em dia.

Capa do EP Funk Tropical, de Caio Dias: músicas dançantes e narrativas sobre relacionamento. Imagem: José Alves Neto

Desde: Recentemente, você lançou o EP Funk Tropical, com quatro faixas. Qual é o conceito da obra?

CD: Vida noturna, boemia contemporânea! A noite é pura alegria, gente! Sabendo aproveitar, a gente vive um universo de possibilidades.

Desde: O que é o funk tropical? Explica esse gênero.

Desde: Para brincar com um trecho de Vírus: qual é a sua fama na roda? 

CD: Sóbrio, exigente. Bêbado, biscate. [Risos].

Desde: A música Freelance é autobiográfica?

CD: É biográfica! Conheci uma garota de programa numa balada, certa vez, no fumódromo. Estávamos todos conversando, falando sobre nossas experiências de vida e ela disse que era garota. Achei muito interessante e ficamos conversando por horas. Apesar de ser lésbica, ela falou como lidava profissionalmente sobre fazer sexo com homens. Não gostava, mas era o trabalho dela. Ainda disse que começou após uma desilusão amorosa, porque descobriu que uma antiga companheira fazia programa às escondidas. Ela a perseguiu até uma casa de stripper e viu a ex nua no palco. Ficou muito indignada, tirou a roupa e começou a dançar também. Recebeu uma proposta de um dos participantes para uma dança particular e recebeu R$ 200. Ali começou tudo. Achei um tipo de superação tão inusitada que, dias depois, compus Freelance. Afinal, quem não vende romance a qualquer preço subjetivo, para superar uma dor de amor?
Desde: A sonoridade de Spell remete muito a Elvis Presley e ao rockabilly. Alguma influência?
CD: Muito! E de Amy Winehouse também! Meus divos do jazz e rockabilly.

Registro da gravação do viedeoclipe da música Só vai bastar. De trás pra frente: Will Sousa, Caio e Paulo Vitor. Foto: Manoel Max

Desde: Só vai Bastar foi a primeira música de trabalho do seu EP. Ela é dançante e bem radiofônica. Como foi a receptividade do público com essa obra? O que as pessoas falam para você?
CD: Gostaram bastante! A primeira palavra: chiclete! Mas os esforços de divulgação dela foram apenas locais. Como comentei lá em cima, queria fazer uma amostra antes. Após o lançamento de Freelance, no fim do mês, intensificaremos os esforços para divulgar o EP nas demais regiões.
Desde: Profissionalmente, você tem pouco tempo de carreira artística. Em geral, quem está começando, tem muito interesse de se mostrar, se fazer conhecido. No seu EP, você não aparece na capa, mas na contracapa. Por que optou por isso?

Desde: Você disse que usa “Caio” desde os 16 anos. Por que “Caio”? E por que “Dias”?
CD: Porque Caio sempre foi meu alter ego “salvador”. Venho de uma família muito religiosa, evangélica. Quando estava me assumindo, tinha certo receio de me expor. Caio sempre foi minha versão ousada na noite, destemida, abusada, digamos assim. O Dias é um sobrenome que se conectou com Caio pela sonoridade. Não tem uma motivação específica. Creio que todos nós temos várias versões. Freud defende essa teoria. Outra ferramenta que estudei já adulto, o Eneagrama (superrecomendo), também propõe isso. Temos diversas máscaras sociais que cobrem uma essência, na tentativa de autodefesa. Maturidade é assumir o melhor de cada uma delas, assumir nossa lado sombra como parte das nossas virtudes, um caminho necessário à evolução. Me sinto bem e preparado para assumir o melhor de Caio Dias na minha carreira.
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Canais de Caio Dias nas redes sociais digitais:
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#6AnosDoDesde, Cultura, Desde Então: análise de produtos culturais de outrora, Jornalismo Cultural

Ping Pong Records Guinness

Livro Ilustrado lançado pelo chiclete Ping Pong em 1995. Foto: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior ||Desde Então: análise de produtos culturais de outrora||

Quase toda criança adora colecionar coisas e o capitalismo sempre esteve de olho nisso. Em 1995, o chiclete Ping Pong lançou mais um de seus inúmeros álbuns: o Ping Pong Records Guinness. Como o nome já entrega, a ideia era divulgar os recordes registrados no então Guinness Book. Hoje, chama-se Guinness World Records. Quase ninguém conseguia completar o livro ilustrado, porque, por mais que se comprasse o chiclete, muitas figurinhas se repetiam. Daí rolava a troca com outros colegas e amigos que também colecionavam. Um hábito muito comum na época.

O livro se destacou pelo caráter informativo que trazia em cada figurinha. Além da vontade de completar o álbum, os colecionadores tinham a curiosidade em saber sobre cada recorde. Era muito interessante. A seguir, veja algumas figurinhas e informações que faziam parte do Ping Pong Record Guinness.


A apresentação com a história do Guinness Book. Naquela época, o livro estava na sua 41ª edição
Contracapa do álbum
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#6AnosDoDesde, Cultura, Jornalismo Cultural, RauLendo: leituras em pauta

O Avesso da Cena: prazer pelos bastidores

Imagem: reprodução do perfil de Romulo Avelar no Facebook

Por Raulino Júnior ||RauLendo: leituras em pauta||

O que um produtor cultural faz? Tem diferença, no que diz respeito ao trabalho que é realizado, entre produtor e gestor cultural? Quais são as etapas de uma produção? Como gerir grupos culturais? Essas e outras perguntas são respondidas no livro O Avesso da Cena: notas sobre produção e gestão cultural, de Romulo Avelar. A obra, lançada em 2008, está na sua 3ª edição e se tornou consulta obrigatória para quem trabalha no universo cultural. Romulo, administrador, produtor e gestor cultural, usa uma linguagem simples para abordar questões fundamentais sobre a área.

O Avesso da Cena é rico em depoimentos de artistas, gestores e produtores de todos os cantos do Brasil. Avelar consegue fazer uma boa costura e mostrar para o leitor como o trabalho dos bastidores é tão importante quanto aquilo que vai para a cena. O autor compartilha as próprias experiências no ramo e, vez ou outra, entrecorta a narrativa com seus artigos reflexivos. Um dos mais interessantes é o intitulado “‘Você sabe com quem está falando?'”, que fala sobre a famosa tradição da carteirada. O livro tem passagens técnicas e discussões necessárias acerca da trajetória da política cultural do país. Quem lê, é obrigado a percorrer outros caminhos, para o processo de leitura fazer ainda mais sentido. A caminhada é muito prazerosa. Siga em frente.

Referência:
 
AVELAR, Romulo. O avesso da cena: notas sobre produção e gestão cultural. 3. ed. Belo Horizonte: Ed. do Autor, 2013.
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Cultura, Desde em Trânsito, Direitos Autorais, Jornalismo Cultural

#DesdeEmTrânsito: mesa-redonda “Direitos Autorais”

Arte: Leo Araujo

Por Raulino Júnior

Hoje, na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (EMUS/UFBA), aconteceu a mesa-redonda Direitos Autorais, cujo objetivo foi debater aspectos importantes da relação entre compositores e consumidores de música. A atividade, coordenada pelos professores Alexandre Ávila e Uirá Nogueira, contou com a participação do advogado autoralista Ricardo Duarte, o representante da Associação Brasileira de Música e Artes (ABRAMUS), João Portela, e o cantor e compositor Manno Góes, que faz parte da diretoria da União Brasileira de Compositores (UBC). A ABRAMUS e a UBC são duas das sete associações de gestão coletiva de música que integram o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD). O Desde esteve lá e fez uma cobertura via Twitter (@RaulinoJunior), para mais uma edição do especial #DesdeEmTrânsito. Veja o resultado.

Na verdade, Ricardo Duarte é advogado “autoralista”. “Advogado autorais” foi um erro. O Desde pede desculpas.
Interessante!
Oxente!
Atenção!
Na verdade, a ABRAMUS atua nas artes visuais, através da AUTVIS. Mais informações: www.abramus.org.br
As setes associações que integram o ECAD são: ABRAMUSAMARASSIMSBACEMSICAMSOCINPRO e UBC.
O correto é: “… de as pessoas perceberem…”. O Desde pede desculpas pelo erro.
Declarar é muito importante!
Imagine?!
Absurdo!
E aí: qual é a sua opinião sobre isso?
“Malandramente” no topo.
Então…

 

De acordo com Manno Góes, Salvador, a Cidade da Música, não paga direito autoral. Vixe!
Mais informações sobre ISRC: www.ecad.org.br
Kkkkkkkkkkkkkkkkkk!
Acabou! Até a próxima edição do #DesdeEmTrânsito!

Todas as fotos foram feitas por Raulino Júnior.

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Redes Sociais, Tecnologia

No Facebook, é possível marcar, sem curtir nem ser “amigo”

Edição de imagem: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior

Você sabia que é possível marcar o perfil de uma pessoa, no Facebook, mesmo que você não seja “amigo” dela? Isso vale também para qualquer página que você não curtiu. O processo é simples e muito útil, principalmente para profissionais que trabalham com produção de conteúdo para as redes sociais digitais. Só não pode ter preguiça. Vamos lá?!
1) Vá até o perfil ou página que você quer marcar;
2) Preste atenção, na URL, a tudo que vem depois da barra comum (/). Por exemplo, a página do Facebook Brasil tem a seguinte URL: https://www.facebook.com/FacebookBrasil;
3) Copie tudo que vem depois da barra comum. No exemplo dado, “FacebookBrasil”;
4) Cole na Linha do Tempo desejada e, para marcar o perfil ou a página, anteponha o @ (arroba) naquilo que foi copiado. Assim: @FacebookBrasil. Pronto!Entretanto, tenha bom senso e não saia por aí marcando as pessoas que não são suas “amigas” na rede criada por Zuckerberg. Use o recurso sempre que for uma estratégia necessária.

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