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“Quando você sai com as suas amigas, eu também fico superenciumado. Você pensa que eu gosto?!”

Imagem: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior ||Desde Já: as crônicas do Desde||

Salvador, 1º de dezembro de 2016, um cara falando ao telefone numa das avenidas mais movimentadas da cidade: “Quando você sai com as suas amigas, eu também fico superenciumado. Você pensa que eu gosto?!”. Pois é. Parece mentira, mas foi verdade. E isso abre espaço para a gente pensar sobre como as pessoas se comportam numa relação amorosa. A era da dominação ainda não passou e o respeito parece ser um elemento dispensável no convívio a dois.

Já ouvimos dizer por aí que ninguém é de ninguém, tem até livro com esse título. O fato é que ninguém é de ninguém mesmo e isso tem que ficar bem pontuado numa relação. A sociedade estimula essa coisa violenta da posse e isso não é legal não. Nem um pouco. Antes de a gente entrar na vida da outra pessoa, a outra pessoa já tinha a vida dela. Ponto. Isso não pode ser desrespeitado em troca de “prova de amor” ou coisas correlatas. Respeito, sempre! Privação da liberdade, nunca!

É estranho saber que uma pessoa se limita para não desagradar quem está ao seu lado e que, ironicamente, diz que a ama. Que amor é esse? Quem ama, não coíbe. Quando o amor convive com a repressão, é sinal de que alguma coisa não está caminhando bem. Isso evidencia falta de confiança, falta de empatia, falta de amor ao próximo.

Opinar sobre a liberdade do outro não passa de intromissão. Por trás de um “Você pensa que eu gosto?!”, tem um bocado de coisa que não presta: machismo, egoísmo, intimidação… A nossa vida é nossa. Não pertence a ninguém. Isso precisa ser respeitado.

Sigamos.
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