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A música da Copa

Há 20 anos, o Time Campeão dava voz à música Festa Brasileira. Imagem: Spotify

Por Raulino Júnior ||Desde Então: análise de produtos culturais de outrora|| 
Em época de Copa, é sempre a mesma coisa: o mercado da música se movimenta para lançar o hit do evento esportivo. No mundial de 1998, que aconteceu na França, não foi diferente. A gravadora PolyGram (hoje, Universal Music) colocou em campo a faixa Festa Brasileira (Mais uma Vez), composta por Seu Jorge e Gabriel Moura. A gravação fez parte do CD Festa Brasileira – Ao Vivo, produzido pela PolyGram e dirigido por Alexandre Agra. O álbum em questão continha 22 faixas, entre elas, a versão em estúdio de Festa Brasileira. O disco está disponível no Spotify. O curioso é que a última faixa, Acabou, com Jheremias Não Bate Corner (embrião do Jammil e Uma Noites) traz uma versão de Festa Brasileira com o Brasil já vitorioso com o pentacampeonato, como aconteceu. Os versos dizem: “Mais uma vez, vamos vestir/A bela camisa amarela/Aquela que é pentacampeã….”. Obviamente, a faixa tinha sido previamente preparada.
O Time Campeão (como os intérpretes foram chamados pela gravadora) que deu voz, literalmente, à música foi formado por Cheiro de Amor (Carla Visi), Banda Eva (Ivete Sangalo), É o Tchan (Beto Jamaica), Netinho e Zeca Pagodinho. Como de praxe em obras dessa natureza, a música convoca a torcida brasileira e o grande destaque da letra é o último verso do refrão, que diz “Eu tô torcendo daqui, mas na verdade eu tô lá”. Ou seja, todo mundo está no espírito da Copa, independentemente de onde esteja. A distância não separa, une. Esse é principal conceito da música feita sob encomenda. Abaixo, você confere a letra completa e o videoclipe oficial, que está disponível no YouTube, no canal DaneTV – Videoclipes.
Festa Brasileira (Mais um Vez)
(Seu Jorge/Gabriel Moura)
Mais uma vez, vamos torcer
E vestir a camisa amarela
Aquela, que é tetracampeã
Aquela, do nosso coração, Brasil
É, galera! Tira o pé do chão, Brasil!
 
Mais uma vez, vamos torcer
E vestir a camisa amarela
Aquela, que é tetracampeã
Aquela, do nosso coração
Brasil!
 
A nossa seleção vai dar as mãos de novo
Balançar a rede
Sacudir o povo
Nosso país com fé, chuteira no pé
E bandeira na mão
Vai ligar a televisão
Se Deus quiser, o caneco vem pra nossa mão
 
Bola na área encobrindo o zagueiro
O Brasil inteiro vai cabecear
Eu sinto cheiro de vitória no ar
Eu tô torcendo daqui, mas na verdade eu tô lá!
 
Bola na área encobrindo o zagueiro
O Brasil inteiro vai cabecear
Eu sinto cheiro de vitória no ar
Eu tô torcendo daqui, mas na verdade eu tô lá!

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Preconceito, Racismo

Roda de conversa sobre o Dia da África destaca a pujança do continente

Evento promovido pelo Olodum reuniu lideranças negras de Salvador

Participantes da Roda de Conversa África Atual. Foto: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior

Roda de Conversa África Atual, que aconteceu na tarde de ontem, na Casa do Olodum (Pelourinho), teve como objetivo propor uma reflexão acerca da África de hoje, bem como fazer um paralelo com a realidade brasileira. A reunião foi idealizada em comemoração pelo Dia da África, celebrado em 25 de maio, e contou com a participação de João Jorge Rodrigues (presidente do Olodum), Zulu Araújo (diretor da Fundação Pedro Calmon), Carla Pita (conselheira do Olodum e educadora), Luciane Reis (publicitária e idealizadora do MercAfro), Aquataluxe Rodrigues (administradora, produtora cultural e integrante da Comissão de Juventude do Olodum), Kátia de Melo (fundadora da Escola Olodum), Tonho Matéria (cantor, compositor, gestor cultural, publicitário e mestre da capoeira) e Abraão Macedo (empresário e palestrante motivacional). A Roda de Conversa foi a segunda da série de ações pensadas para comemorar o Dia da África no Centro Histórico de Salvador. A primeira foi um almoço no restaurante Cantina da Lua, em solidariedade a Clarindo Silva, empresário e agitador cultural que teve os bens do estabelecimento penhorados devido a uma dívida trabalhista.

Rafael Manga, mediador do encontro e um dos organizadores do evento, disse que a iniciativa nasceu para trazer outros diálogos, estrategicamente ausentes das pautas da mídia tradicional, para a internet, aproximando do público jovem. “O Olodum é um grupo cultural que tem diversas ramificações. Entre elas, a TV Olodum. Essa proposta inicial em Dia de África é da TV Olodum, a fim de abrir espaço para outros diálogos, uma nova forma de se comunicar com a sociedade, trazer essa temática para dentro da internet. Sobretudo, com essa juventude que está antenada nos blogs, os digital influencers. Às vezes, a gente fala que a juventude não tem interesse, talvez ela não tem acesso. Nós estamos entrando nesse processo, nesse meio de comunicação, para dialogar com as diversas formas de juventude e da sociedade civil em geral. O Dia de África é um dia muito importante para a sociedade brasileira, sobretudo pela colaboração que a África tem aqui. Esse momento de corrupção, esse momento de democracia é uma coisa muito atual”.

Rafael Manga: “O Dia de África é um dia muito importante para a sociedade brasileira”. Foto: Raulino Júnior

A Roda de Conversa foi aberta por João Jorge, que destacou a importância de pensar um pouco na África contemporânea: “Essa conversa é para pensar um pouco sobre os problemas atuais da África contemporânea, dos nossos problemas e começar abrir o caminho de uma discussão que não seja só da herança africana bem antiga. Os países africanos vivem aqui, ao lado da gente, que tal a gente saber um pouco mais de Angola, da África do Sul, de Gana, da Nigéria, do Benin, do Marrocos?”, provocou. Para Zulu Araújo, embora alguns países africanos apresentem problemas semelhantes aos do Brasil, é preciso avançar nesse olhar que se tem da África: “É surpreendente como alguns países africanos têm problemas tão semelhantes quanto os nossos. Eles não estão em 1500 como muitos de nós podemos pensar ou imaginar. Eles têm problema na área da agricultura, da violência, da saúde, do trabalho, do emprego, que é como também o Brasil vive, como boa parte do mundo vive. Então, não dá pra gente se relacionar com o continente africano com o olho em 1500. Não dá pra gente celebrar o Dia da África com o olho em 1500, porque, se a gente continuar fazendo isso, nós estaremos, na verdade, nos aprisionando no século 15, século 16. E esse seculo 15/século 16 é o século da colonização. São séculos onde o continente europeu, praticamente, aprisionou e quase destruiu o continente africano. Seja pela exploração predatória que fez naquele continente, levando grande parte dos seus minérios, do seu ouro, do seu diamante; mas, principalmente, levando o seu principal ativo, que foram os seres humanos. Mas concordo integralmente com a afirmação de João Jorge: não adianta a gente ficar se lamentando, não adianta a gente ficar remontando esse passado, sem entender que nós temos o presente para viver e para tocar. Essa iniciativa de a gente dialogar com a África atual significa a gente entender que a África atual, assim como o Brasil, precisa trilhar o caminho do desenvolvimento, o caminho do respeito à democracia, o caminho da diversidade, o caminho do respeito às religiosidades distintas, que brancos, negros, amarelos e indígenas possuem. Significa a gente, também, advogar e defender a cultura enquanto um elemento estratégico do desenvolvimento humano. O que nos faz seres humanos é a cultura, não é outra coisa”.

Carla Pita trouxe para a Roda o exemplo de duas mulheres de sucesso do continente africano: Carmen Pereira (primeira mulher a presidir um país africano: Guiné-Bissau) e Ellen Johnson (primeira mulher eleita no continente africano pelo voto). “É importante desconstruir falsas narrativas em relação ao continente africano no dia de hoje. No dia de hoje, nas redes sociais, tem muita gente compartilhando imagens, infelizmente, de uma África envolta pela fome, miséria, epidemias e existe uma África que nós conhecemos, que é uma África tecnológica, que é uma África inventiva. Se eu não me engano, a tecnologia 3G chegou ao Brasil em 2008. Em 2005, Angola já tinha tecnologia 3G. O Brasil ainda tem uma visão minimalista em relação à Africa”. A educadora ainda falou sobre os equívocos da imprensa brasileira na cobertura da epidemia do ebola. Kátia de Melo falou sobre a atuação da mulheres na gestão política, enfatizando o caráter empoderador disso: “As mulheres negras, as jovens principalmente, precisam entrar nesse espaço de disputa, porque é um espaço de empoderamento perfeito. É um espaço de empoderamento para o nosso modelo de sociedade, que é a democracia. Então, não tem outro caminho. A gente está em várias frentes de lutas, em vários caminhos, mas o espaço para o empoderamento, que vai produzir políticas públicas e definir as questões, é o do poder político”, pontuou.

Da esquerda para a direita: Carla Pita, Aquataluxe Rodrigues e Luciane Reis. Foto: Raulino Júnior

Aquataluxe Rodrigues direcionou o seu discurso para os aspectos ligados à mulher preta. Nesse sentido, questões como representatividade e protagonismo da juventude negra e das jovens negras foram destacadas. Aquataluxe mostrou uma projeção na qual trazia perfis de africanas que são referências para mulheres negras de todo o mundo, como a rainha Nzinga Mbandi NgolaWangari Maathai (primeira mulher africana a ganhar o prêmio Nobel da Paz, em 2004), Phiona Mutesi (campeã de xadrez, em Uganda, em 2013) e Leila Lopes (Miss Universo de 2011). “A África reconhece os seus e a gente tem que aprender também a reconhecer as nossas. Porque nós reconhecemos os nossos, mas, às vezes, a gente esquece das nossas mulheres guerreiras que fizeram história e que precisam ser reverenciadas e lembradas o tempo todo. Não só por uma questão de igualdade, mas por uma questão também da importância da representatividade”, reconheceu Aquataluxe. A administradora chamou a atenção também para a ideia ultrapassada que está no inconsciente das pessoas em relação à África: “A gente tem que tirar essa ideia de que esse continente, com esse grau de complexidade, com mais de cinquenta países, fala a mesma língua, tem a mesma moeda, tem o mesmo sotaque. Essa visão de uma juventude ou de uma população ou de um povo negro, sofrido, não é mais a África que a gente quer representar”. Como falou muito de representatividade, Aquataluxe Rodrigues fez uma crítica positiva ao evento: “Eu gostaria muito que, nesse debate como o de hoje, a gente tivesse realmente uma pessoa da África aqui ou que tivesse morando no Brasil, para que essa roda de conversa sobre essa África atual fosse, de fato, representada”, sugeriu.

Luciane Reis deu dicas e falou muito sobre empreendedorismo negro. “Nós empreendemos sozinhos. Diferente [sic] do empreendedor não negro, que vai ter um mentor dizendo a ele como é que o negócio caminha, como é que o negócio não caminha, que vai ter gente dando suporte psicológico, a gente constrói esse processo sozinho”. E completou: “Nós também precisamos parar com essa concepção de achar que a gente só empreende numa perspectiva financeira. A gente não empreende somente na perspectiva financeira. A gente empreende também na perspectiva de disputa política. A gente empreende no processo da disputa ideológica”. Tonho Matéria falou sobre a primeira vez que visitou o continente africano, quando ainda era cantor do Olodum, e fez o seguinte alerta: “Muitas vezes, os elementos africanistas são renegados por nós mesmos que fazemos parte até do Movimento Negro. Muitas vezes, a gente renega, não quer aceitar certos elementos, certos símbolos”. Já Abraão Macedo destacou a importância do uso de bitcoin (moeda digital) pela comunidade negra, para acompanhar os avanços da tecnologia financeira. “Eu acho que a comunidade negra, sobretudo a baiana, que é empreendedora, os blocos afro, que sempre foram modelos de empreendedorismo e organização, de resistência organizada, devem pensar nisso. Por que a gente não começa a falar em bitcoins, a investir em bitcoins? A África atual está bem moderna, está à frente do Brasil e, dos cincos países hoje que pesquisam, que quererem saber, que estão investindo em bitcoins, três são africanos: Nigéria, África do Sul e Gana”.

Dia da África

O Dia da África foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) depois que 32 chefes de estado se reuniram na Etiópia com o objetivo de tornar o continente independente do domínio europeu. Isso foi em 25 de maio de 1963 e, na ocasião, os líderes assinaram uma carta de fundação da Organização de Unidade Africana (OUA). A OUA foi a semente para a União Africana (UA), que a substituiu em 2002.

Card criado pela União Africana para comemorar o Dia da África em 2018. Imagem: divulgação

Em 2018, o tema escolhido pela União Africana para comemorar o Dia da África foi Ganhar a luta contra a corrupção: um caminho sustentável para a transformação de África. No final do debate, Zulu Araújo fez uma consideração muito pertinente para reforçar essa discussão: “Tem um elemento que deve estar presente na África atual, no Brasil atual, no mundo atual, que é um componente de ordem cidadã: chama-se democracia. Eu conheço, razoavelmente, alguns países africanos e temos que admitir que a democracia não se faz presente na maioria desses países. Isso faz com que a gente continue tendo, assim como no Brasil, uma elite extremamente desvinculada da maioria da sua população. A democracia possibilitará que avanços possam alcançar a maioria do nosso povo e, no continente africano, isso ainda não é uma realidade. A África hoje, apesar de ter lideranças políticas riquíssimas, representa apenas 1% da inserção na economia mundial”, concluiu.

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Preconceito, Racismo

Racismo institucional na mídia brasileira é tema de debate na OAB-BA

Racismo institucional foi pauta de debate na OAB-BA. Foto: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior

Como enfrentar o racismo institucional na mídia brasileira? Essa problematização serviu de mote para uma audiência pública realizada hoje à tarde, na sede da Ordem dos Advogados da Brasil – Seção  do Estado da Bahia (OAB-BA), em Salvador. A iniciativa partiu de uma demanda da União de Negros e Negras pela Igualdade (UNEGRO) e teve apoio da OAB-BA e da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial (CPIR). Além de discutir a ação civil pública ajuizada pela UNEGRO contra a Rede Globo, por reforçar práticas de racismo institucional na novela Segundo Sol (autoria: João Emanuel Carneiro/Direção: Denis Carvalho e Maria de Médicis), o encontro ampliou o debate para todo o histórico de negação da população negra na mídia, pauta sempre presente na agenda do Movimento Negro. “Essa ação nossa é motivada por uma discussão antiga e histórica do Movimento Negro brasileiro. As redes de televisão nos ignoram. Basta saber que estamos nesse estado, que todo mundo sabe que é de maioria negra, mas todas as seis redes familiares e empresariais (excluindo a televisão pública que responde a uma outra lógica) negam admitir nos seus quadros a representatividade desse estado”, afirmou Ângela Guimarães, presidenta da UNEGRO.

Da esquerda para a direita: Cássia Valle, Valdirene Assis e Ângela Guimarães. Foto: Raulino Júnior

O encontro, que foi mediado pela advogada Dandara Pinho (presidente da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial da OAB-BA),  teve como foco o artigo 53, da Lei 13.182/2014, que institui o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia e contou com a participação de representantes de organizações que lutam por direitos e inserção social do povo negro, como o Coletivo de Entidades Negras e o Bando de Teatro Olodum. A ênfase de todos os discursos foi acerca da proporcionalidade dos negros na mídia. “A demanda nossa é também por proporcionalidade. Quando a novela for do Sul, retratando as comunidades alemães, italianas, japonesas, a gente até topa ser 20%; mas passou do Sul, a gente é de 40% pra mais, a gente quer proporcionalidade. Nada menos!”, provocou Ângela. Valdirene Assis, procuradora-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), destacou como o órgão pretende enfrentar o problema do racismo institucional na mídia: “A situação da população negra é sempre desvantajosa. A reparação só é possível se a gente pensar num pacote de medidas. O MPT quer que uma instância formada por negros seja implementada dentro da Rede Globo”. A atriz, museóloga e escritora Cássia Valle, que integra o Bando de Teatro Olodum, foi bastante enfática no seu pronunciamento: “Tem dois atores do Bando na novela. Não é porque eles estão lá, que nós não vamos lutar. Eu me recusei a fazer o teste, porque, se a Rede Globo quisesse, ela sabia onde encontrar atores para contar aquela história. A gente pode continuar brigando, mas também podemos fazer uma coisa bem simples com o nosso dedo: não ligar a televisão. Vamos brincar de desligar a televisão!”, convocou.

Racismo Institucional

Em 2013, o Geledés – Instituto da Mulher Negra publicou o Guia de Enfrentamento ao Racismo Institucional. Na página 11, lê-se o seguinte: “O conceito de Racismo Institucional foi definido pelos ativistas integrantes do grupo Panteras Negras, Stokely Carmichael e Charles Hamilton em 1967, para especificar como se manifesta o racismo nas estruturas de organização da sociedade e nas instituições. Para os autores, ‘trata-se da falha coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica'”. No Brasil, o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI) implementado no Brasil [sic] em 2005, definiu o racismo institucional como ‘o fracasso das instituições e organizações em prover um serviço profissional e adequado às pessoas em virtude de sua cor, cultura, origem racial ou étnica. Ele se manifesta em normas, práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do trabalho, os quais são resultantes do preconceito racial, uma atitude que combina estereótipos racistas, falta de atenção e ignorância. Em qualquer caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições e organizações”.

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#Desde7, Cultura, Jornalismo Cultural

Inscrições abertas para mais uma edição da oficina de uso de blogs por “focas”

Imagem: divulgação

A quinta edição da oficina Uso de blogs por “focas” como experimento para a prática jornalística, que será realizada no dia 26 de maio, está com inscrições abertas. Para participar, basta enviar e-mail para viva.bpeb@fpc.ba.gov.br e solicitar a inscrição. As vagas são limitadas. A atividade, que acontece na Biblioteca Central do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), desde janeiro de 2018, das 9h às 11h, tem como intuito estimular a criação de blogs por estudantes de Jornalismo e profissionais da área que estão no início da carreira, para servir como portfólio de trabalho. A oficina é gratuita, com direito a certificado.

“Foca” é um termo utilizado entre os jornalistas para se referir a estudantes de Jornalismo ou a quem está no início da carreira. No livro Manual do Foca: guia de sobrevivência para jornalistas, a jornalista e professora da Universidade de Brasília (UnB)Thaïs de Mendonça Jorge, afirma: “Foca é o jornalista novato, bisonho – ou seja, não experimentado -, aquele que ainda pensa em fazer um curso de Jornalismo ou o jovem quem está caminhando para essa profissão”, p.13. Citando Carlos Alberto Nóbrega da Cunha, a autora diz ainda que “foca nos Estados Unidos é cub, que em inglês significa filhote. A palavra cub também designa os escoteiros novatos, os lobinhos“, p. 13.

Até quem está pensando em fazer o curso de Jornalismo, é considerado foca. Então, se você se considera, inscreva-se na oficina!

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#Desde7, Cultura, Jornalismo Cultural, RauLendo: leituras em pauta

Conta Raul!

O Raul que me contaram: a história de Raul Seixas contada através de entrevistas com colegas, amigos e familiares. Foto: divulgação

Por Raulino Júnior ||RauLendo: leituras em pauta||

Em agosto de 2015, mais precisamente no dia 20, a TV Brasil exibiu o especial Raul: “Esse caminho que eu mesmo escolhi”, no programa Caminhos da Reportagem. A produção foi capitaneada pelo jornalista Tiago Bittencourt e uma equipe de mais de dez profissionais. Do programa, nasceu o livro O Raul que me contaram: a história do Maluco Beleza revisitada por um programa de TV (Martin Claret, 2017, 451 páginas), de autoria de Tiago. Em entrevista para o programa Sem Edição, aqui do Desde, o jornalista explicou a razão de transformar o audiovisual em material impresso: “Foi de uma necessidade. Você faz um programa de uma hora como esse, você grava vinte horas, trinta horas, talvez. Você grava muito mais! Tivemos 23 entrevistados, só da nossa equipe de Brasília, fora os apoios de outras praças. 23 entrevistados: umas quarenta, cinquenta horas deve ter gravado. Era muito material, muita história que eu achei que a gente não devia perder. Como é que a gente vai não perder esse material? Vamos trazer as entrevistas na íntegra. O livro é isso: são as entrevistas na íntegra, em que eu trago os meus relatos em relação à produção do programa, a como chegamos a essas pessoas, como elas me receberam, o ambiente que foi aquilo, qual é a relação, por que ela entrou na história. Não temos só pessoas conhecidas, temos desconhecidas no meio de Raul também. Ou seja: a gente contou a história de Raul dentro do contexto da história do programa. Por isso que tem entrevistas também com a nossa equipe de produção”.

A narrativa do livro é dinâmica e causa muito interesse, principalmente porque traz depoimentos de pessoas que conviveram diretamente com Raul, como Sylvio PassosCarlebaMarcelo NovaKika Seixas e o guitarrista Sydney Valle, o “Palhinha”, que faz questão de não endeusar o roqueiro baiano. A cada página virada, o leitor fica curioso para descobrir mais sobre Raul Seixas, para idealizar quem foi esse artista que mexeu com a música brasileira e deu contribuições valorosas para a nossa cultura. A obra também se torna rica com as histórias de bastidores que Tiago traz e com as estratégias criadas, e não explícitas, para arrancar as informações mais importantes dos entrevistados. Na entrevista com Marcelo Nova, Tiago utiliza técnicas que nenhuma faculdade de jornalismo seria capaz de ensinar. É fruto da prática mesmo. Para quem gosta de música, de cultura nacional, de jornalismo, de comunicação e de TV, o livro de Tiago vai agradar em cheio.

Referência:

BITTENCOURT, Tiago. O Raul que me contaram: a história do Maluco Beleza revisitada por um programa de TV. 1. ed. São Paulo: Martin Claret, 2017.

Assista à edição do programa Caminhos da Reportagem que deu origem ao livro:

Assista à entrevista que Tiago Bittencourt concedeu ao programa Sem Edição:

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