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Yan Brumas é MUTANTE!

Prestes a completar 20 anos de carreira, artista inicia comemorações

Yan Brumas: mutabilidade na vida e na arte. Foto: André Fridman

Por Raulino Júnior

Lá nos idos de 1999, Yan Brumas estreava o seu primeiro espetáculo profissional, um musical de Pluft, o Fantasminha, que lhe rendeu indicação na categoria de ator-revelação no Prêmio SESC/SATED (Serviço Social do Comércio/Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões, de Minas Gerais). Em 2014, estreou o seu primeiro show musical, intitulado De Peito Aberto. Em 2015, foi a vez de Tropical. Agora, prestes a completar 20 anos de carreira, involuntária e intuitivamente, o ator e cantor mineiro inicia as comemorações com MUTANTE, um espetáculo cênico-musical que sintetiza muito do que ele é: um artista em constante transformação. “O show une música brasileira e textos que falam da nossa condição humana e mutante, tradicional e transgressiva”, revela Yan.

Arte: Jaques Diogo

MUTANTE terá apresentação única, no dia 20 de novembro, às 20h, no Teatro Marília, em Belo Horizonte. Na ocasião, Brumas vai apresentar 17 canções entrecortadas com textos de escritores brasileiros, como Drummond e Nilton Bonder. O cantor será acompanhado pelo multi-instrumentista Thiago Miotto e o show contará com participação da cantora Anna Paula Sabina. No repertório, músicas de Chico BuarqueLenineZé KétiJoão Bosco e Adriana Calcanhotto. Além disso, o espetáculo vai dar espaço para canções inéditas, de compositores contemporâneos: Estátua de Gelo (do mineiro Leandro Ramos), Baião e Mistérios (O Que Sou Eu?) (de Cassiano Luiz, que também é mineiro) e O Preço do Pecado (da pernambucana Isabela Moraes). O show tem assessoria artística de Guilherme Toledo (encenação) e de Pablo Libere (figurino). A produção executiva é de Jaques Diogo. Os ingressos, que estão à venda na bilheteria do teatro ou, antecipadamente, no site www.sympla.com.br, custam  R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).

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Historiador traz curso de Música Negra Brasileira para Salvador

Questões raciais serão discutidas através da música popular

A tela “Cena Fandango Negro no Campo de St. Anna, Rio de Janeiro”, c. 1824, de Augustus Earle (1793-1838), ilustra o cartaz do curso.

O historiador Vítor Queiroz, que tem promovido cursos sobre a história da música em várias regiões do Brasil, retorna a Salvador para falar sobre música negra brasileira. No curso, Vítor usará a canção popular para estudar a história do racismo e dos movimentos antirracistas. As aulas vão ocorrer na Aliança Francesa, que fica na Ladeira da Barra (Avenida Sete de Setembro), de 3 a 6 de dezembro, das 18h30 às 21h30. Os interessados em participar da atividade deverão fazer o investimento de R$ 180, que corresponde ao total de 12 horas de aula. Também será possível fazer aulas avulsas, pagando R$ 50 por dia. Para fazer a inscrição, basta entrar em contato pelo telefone/WhatsApp (71) 99123-9050. Os estudantes que participaram de outros cursos promovidos por Vítor na capital baiana (em janeiro, ele ministrou um sobre Música Popular Brasileira; em agosto, dois: Música Negra nas Américas e Introdução à História da Arte), terão desconto na inscrição. Sendo assim, o curso fica por R$ 150.

Música Negra Brasileira

A atividade nasceu de uma demanda dos alunos que fizeram os outros cursos organizados por Vítor. “Foi uma vontade minha, mas partiu de uma demanda dos alunos que fizeram os cursos sobre Música Popular Brasileira e Música Negra nas Américas. Eu propus fazer um curso juntando as duas temáticas, que são as coisas que eu mais me dedico, me preocupo: a música, especialmente a música popular, especialmente a Música Popular Brasileira; e questões raciais de um modo geral, e especialmente questões raciais no Brasil”, explica o historiador.

Para Vítor, o Brasil carrega uma singularidade na sua história, principalmente no que diz respeito à presença da população negra no seu território. “O Brasil foi o maior polo receptor de africanos escravizados na América. As últimas três nações que aboliram a escravidão foram Brasil, Cuba e Estados Unidos, no século XIX. Esse passado escravo é muito recente, especialmente escravo negro, embora tenha existido outro tipo de escravidão, notadamente a escravidão indígena. O Brasil é um país que não fez uma reflexão sobre o seu passado. Um país, dá para brincar, que precisaria urgente de uma psicánalise nesse sentido. Precisaria ver esse trauma da escravidão e dos problemas étnico-raciais que permanecem”.

A ideia do curso é discutir todas essas questões, através da música popular. “A ideia é misturar esses problemas raciais, como a gente lida com isso, olhando pra trás e também olhando pra frente. A gente vai atingir a música popular por um outro lado, por um lado do que ela pode nos revelar sobre as tensões e as questões raciais no Brasil e vice-versa”.

 Vítor Queiroz

Foto: reprodução do site da Uniccamp

Além de historiador, o soteropolitano Vítor Queiroz é mestre em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutor em Antropologia, também pela Unicamp. A sua tese se debruçou sobre a obra de um dos mestres da música brasileira: Dorival Caymmi. Intitulada A Pedra que Ronca no Meio do Mar: baianidade, silêncio e experiência racial na obra de Dorival Caymmi, a pesquisa mostrou a atmosfera da “mitologia caymmiana”. Em janeiro deste ano, Vítor ministrou o curso livre de Música Popular Brasileira, oferecido pelo Centro de Formação em Artes (CFA), da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), em Salvador. Na ocasião, o Desde fez uma cobertura exclusiva e produziu a série de reportagens Música Popular Brasileira em Curso, que pode ser lida neste link: MPB em Curso.

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