"Adolescendo Solar", Cultura, Desde em Trânsito, Jornalismo Cultural

#DesdeEmTrânsito: Salvador, cidade da cultura?

Bate-papo com Fernando Guerreiro, na sede da Associação dos Procuradores do Município do Salvador, teve como foco a política cultural da capital baiana

Imagen

Imagem: divulgação

Por Raulino Júnior

Na manhã de hoje, Fernando Guerreiro, atual presidente da Fundação Gregório de Mattos, bateu um papo sobre cultura, gestão cultural e políticas públicas da área com procuradores de Salvador. O evento aconteceu na sede da Associação dos Procuradores do Município do Salvador (AMPS), no centro da cidade, e integrou a programação da Escola Baiana de Direito Municipal para celebrar o aniversário de Salvador, nesta quarta, 29/3, quando a capital comemora 474 anos. Entre outras funções, os procuradores representam judicial e extrajudicialmente um município. O Desde esteve lá e fez uma cobertura via Twitter (@RaulinoJunior), para mais uma edição do especial #DesdeEmTrânsito. Veja o resultado.

Erramos! É Associação dos Procuradores do Município DO Salvador e não DE Salvador. Desculpa!

Cultura é capilaridade!

Outro erro! É FernandO e não FernandA! Até percebi o erro depois, ainda lá, mas não quis fazer a correção, porque o fio ia ficar na sequência errada. Desculpa! Gosto muito dessa postura de escuta de Guerreiro!

Para saber mais sobre a trajetória profissional de Fernando Guerreiro, clica neste link: Arquivo do Desde.

De fato! Cultura é um conceito abrangente, mas, às vezes, as pessoas reduzem a atividades artísticas. Inclusive, muitos veículos de jornalismo cultural tendem a pensar assim! Um equívoco! Cultura é comportamento, costumes. Tudo que é produzido por um povo!

A síndrome do colonizado persiste no Brasil…

Isso deveria ser comum no campo da cultura, não é? As pessoas deveriam viver do que produzem.

Mais um erro: faltou a vírgula em “Ó paí, ó”! Desculpa!

Boa notícia!

Concordo plenamente!

Não acreditei quando ouvi isso! Que absurdo, gente! Em Salvador! Complicado…

Por informalidade, entenda também “falta de documentação básica” para concorrer aos editais.

Verdade verdadeira!

Xi… Kkkkkkkkkkkkk!

Pois é, gente! O Carnaval é uma potência da nossa cultura e deve ser valorizado como tal!

Importante essa documentação histórica! As próximas gerações agradecem!

Xi… Kkkkkkkkk!

Uma grande investigação! Em breve, publico!

Até a próxima edição do #DesdeEmTrânsito!

Todas as fotos foram feitas por Raulino Júnior.

Padrão
"Adolescendo Solar", Cultura, Jornalismo Cultural, Notícia

Em palestra-show na UFBA, Carla Visi mostra como canções brasileiras contribuem para a educação ambiental

Cantora participou do Semina HCEL 2023 na Faculdade de Educação da UFBA e apresentou pesquisa oriunda de mestrado em Portugal

Carla Visi. Foto: Raulino Júnior

Por Raulino Júnior

“Eu sou Carla Visi. Certo. Pra quem não sabe. Sou cantora. Mesmo! Na minha vida inteira, o que sou é cantora, realmente, porém uma cantora inquieta e que tem uma grande felicidade de que essa inquietação se concretiza nessa busca eterna pelo conhecimento. Então, eu sou, de fato, uma eterna aprendiz. Mas não só aprendo, como também gosto de compartilhar o que descubro. E descubro, principalmente, através de uma vida inteira onde eu fui forjada pela música brasileira. Eu sou filha, neta e bisneta de cantoras. Muito do que sou, do que eu acredito enquanto mulher, enquanto cidadã, enquanto brasileira, enquanto ecocidadã, que seria a palavra ideal, eu aprendi com a música brasileira. E como essa música me influenciou tanto, eu passei a acreditar que essa música tem esse potencial de mexer com as pessoas”. Foi com essa reflexão que a cantora Carla Visi abriu sua palestra-show, na noite de ontem, no Semina HCEL 2023, evento bianual promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (PPGE/UFBA) e pelo grupo de pesquisa HCEL (História da Cultura Corporal, Educação, Esporte, Lazer e Sociedade). O tema desta edição foi Educação, Cultura e Meio Ambiente: Desafios e Possibilidades que Atravessam os Corpos no Tempo Presente. Na ocasião, a cantora compartilhou a pesquisa feita no mestrado em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa. Intitulada A Canção da Natureza e a Natureza da Canção: Análise de Conteúdo Temático de Canções Brasileiras para Educação Ambiental Crítica, a dissertação, defendida em 2021, teve como objetivo “realizar uma análise temática de algumas músicas do cancioneiro brasileiro cujo discurso literomusical ecológico pode contribuir para a educação ambiental, que dentre as diversas abordagens conceituais, tem como finalidade promover no educando a consciência ecológica e a adoção de atitudes cidadãs para o bem do Planeta”, como consta no resumo do trabalho.

Durante a palestra, a artista tocou em questões necessárias para se pensar a ecologia humana, que, como esclareceu, trata-se de interações permanentes e recíprocas entre o ser humano e os ambientes. Num dado momento, indagou: “A gente já está há, pelo menos, 50 anos falando sobre isso, pensando, descobrindo coisa. As ciências ambientais evoluíram muito. A gente tem conhecimento à beça, mas por que as pessoas não estão mudando o seu comportamento?”. Questionada pelo Desde sobre como, na visão dela, deve ser essa conscientização, considerando que já existem algumas campanhas, a cantora afirmou que acredita que o apelo emocional deve prevalecer: “Eu acho que as campanhas são importantes, sim, mas para haver mudança, realmente, nós precisamos que essas informações, esses conhecimentos sejam apreendidos, incorporados, de uma forma mais emocional até do que racional. Se você sentir natureza, você perceber que você faz parte do planeta Terra, que você divide esse planeta com várias espécies vivas e que se essas espécies deixam de existir, consequentemente, a espécie humana também está ameaçada. São conhecimentos que precisam ser passados de uma maneira, talvez, mais profunda, pra chegar ao coração mais do que a razão. Talvez. Eu não tenho, e se tivesse seria milionária, a receita, mas que a gente precisa abordar mais e abordar de uma maneira mais lúdica e, talvez, mais da emoção mesmo, do sentimento… E unir sentimento, razão e sensibilidade. Acho que essa é uma parceria importante e a gente pode chegar lá”.

Natureza da Canção

Na parte show da palestra, Carla mostrou por que a música corre nas suas veias e, acompanhada pelo violonista Rudnei Monteiro, cantou algumas das canções que analisou na sua pesquisa. Luz do Sol, de Caetano Veloso, foi a primeira a ser interpretada. A cada execução das músicas, a pesquisadora trazia dados sobre elas (quando foi composta, em que contexto, qual mensagem de cunho ecológico e sociológico a obra trazia etc.). A seguir, ouça Luz do Sol.

Planeta Blue (Milton Nascimento/Fernando Brant), Lugar Comum (João Donato/Gilberto Gil), Matança (Jatobá) e O Sal da Terra (Beto Guedes/Ronaldo Bastos) também foram apresentadas no evento. No mestrado, além delas, Carla analisou Terra (Caetano Veloso), Sobradinho (Sá/Guarabyra), Planeta Água (Guilherme Arantes), Monsieur Binot (Joyce), Saga da Amazônia (Vital Frias), Passaredo (Chico Buarque/Francis Hime) e Xote Ecológico (Luiz Gonzaga). Carla, que trabalhou essencialmente com canções, fez o seguinte questionamento para a plateia: “Vocês sabem a diferença entre música e canção, gente? Toda canção é música, mas nem toda música é canção. É porque canção tem letra, melodia, harmonia e ritmo. E música nem sempre tem a letra”. Ouça a canção O Sal da Terra, cantada por Carla e pelo público do evento:

Abaixo, você assiste ao vídeo com a íntegra da palestra-show de Carla Visi.

Padrão