Cultura, DEZde, Jornalismo Cultural

DEZde: blog completa dez anos de experimentações no jornalismo cultural

Há dez anos, o Desde que eu me entendo por gente se esforça para analisar e documentar ações que fomentam a cultura brasileira

Desde completa dez anos no ar e cria logo comemorativo: DEZde

Por Raulino Júnior 

Lembro, como se fosse hoje, da razão pela qual criei o Desde. Na verdade, das razões: a) como estudante de jornalismo, eu queria muito praticar a atividade jornalística, uma vez que já era um desejo que fazia parte de mim antes mesmo de ingressar na faculdade; b) tinha a preocupação de melhorar o meu texto. Não queria repetir fórmulas nem ficar no lugar-comum. Queria escrever, escrever e escrever, para criar o meu estilo, para me encontrar no texto, ter identidade textual. Para escrever melhor, a gente tem que ler e… escrever. Eu lia, entre outras coisas, muitos periódicos, algo que faço até hoje, por prazer e por obrigação profissional. Nesse sentido, já tinha uma intimidade com o texto jornalístico, mas não tinha o “meu” texto jornalístico e queria muito encontrá-lo. O Desde foi fundamental para esse encontro; c) queria contar histórias, sem preconceitos e sem classificar como mais importante ou menos importante. Principalmente, sem atribuir essa gradação às fontes. Tudo, para mim, interessa. Afinal, todo mundo tem história e toda história deve ser respeitada. No meu caso, contar as histórias sem pressa, sem agonia, pensando na qualidade daquilo que está sendo contado. No primeiro texto publicado, lá em 1º de janeiro de 2011, eu digo: “…o Desde que eu me entendo por gente surge para contar todo tipo de história. Da mais simples, e vista por alguns como irrelevante, à mais complexa. É importante enfatizar que o blogue terá a qualidade como bússola, já que quantidade não combina muito com apuração”. Desse trecho, só tiraria o advérbio muito, na parte “…quantidade não combina muito com apuração”. Quantidade não combina com apuração. Ponto. Voltando à questão do tempo: nunca tive pressa. Por isso, essa história aconteceu e hoje completa dez anos.

Uma década de muita experimentação e de muito aprendizado! Por aqui, exercitei quase todos os gêneros jornalísticos: artigos de opiniãoreportagenscrônicasresenhasperfisentrevistas. Até me arrisquei no audiovisual, com o Sem Edição, uma janela aberta para o mundo. Um programa que aborda de tudo, como todo tipo de gente. Nesses experimentos, estive guiado pelo meu interesse no jornalismo cultural, que sempre existiu dentro de mim, mesmo antes da faculdade. Todas as matérias que fiz durante o curso de Jornalismo foram voltadas para a editoria de cultura. É a minha predileta. A que mais presto atenção. A que acompanho de perto, para continuar aprendendo e criticando, quando necessário.

Com o Desde, eu fui aprendendo a fazer um bocado de coisa, fui me experimentando mesmo, conhecendo os caminhos do webjornalismo. O blog foi ganhando corpo, cara. Em 2015, ele chegou à maturidade. Ali, nascia o tipo de jornalismo que eu sempre quis fazer na minha vida: respeitoso, informativo, criativo, leve, autocrítico, reflexivo e sem preguiça. Com o tempo, fui incorporando novidades. Criei as páginas (Desde SempreDesde JáDESDEnhasDesde EntãoRauLendoDesde Lá), o Sem Edição, o #DesdeEmTrânsito#OFatoEmFoto, o Texto de Quinta e, mais recentemente, a Opinião de Segunda. A vontade de compartilhar conteúdos e experiências foi coroada com a oficina Uso de blogs por focas como experimento para a prática jornalística, que ofereci em 2018, na Biblioteca Central do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), numa das ações comemorativas pelos oito anos do blog. Um foca mais experiente falando para focas iniciantes. Isso tudo para contribuir com o desenvolvimento da sociedade. O propósito maior de existência do Desde.

DEZde

Hashtag que será usada nos compartilhamentos de conteúdo do blog durante as comemorações pelos dez anos

Em abril de 2020, comecei a pensar nas ações comemorativas pelos dez anos do Desde. Logo me veio a ideia de criar uma marca comemorativa, que evidenciasse a importância do aniversário. Sendo assim, quis brincar com a sonoridade do apelido carinhoso do blog [Desde] e também com a do número 10. Essa fusão resultou no logo DEZde, que ficará no ar durante todo o ano de 2021 e também será a hashtag oficial que vai acompanhar o compartilhamento dos conteúdos do blog nas outras redes sociais digitais.

O responsável pelas mudanças no visual da página foi Josymar Alves, 32 anos, que é web designer, profissional de social media e sócio da Commidia Comunicação. A primeira repaginada feita por ele no Desde foi em 2015, justamente no momento em que o blog se tornou mais maduro nas suas produções. Com o auxílio de Josymar, o site ficou mais atraente e organizado. Além disso, desde 2013, época em que o conheci, o webdesigner me dá dicas de como melhorar o funcionamento do blog, para torná-lo esteticamente melhor. Como ninguém faz nada sozinho, agradeço muito a Josymar por todas as orientações. Ele também faz parte dessa caminhada até aqui.

Josymar Alves: desde 2015, responsável pelo visual do Desde. Foto: divulgação

O Desde é Dez

As comemorações pelos dez anos do Desde vão começar no dia 10 de janeiro. Simbólico. Na ocasião, vou anunciar todas as ações programadas para celebrar a nossa primeira década no ar. Tudo foi pensado com muito cuidado e com muita atenção ao que está acontecendo no mundo, às mudanças do jornalismo e ao que importa para a sociedade. Teremos duas séries especiais, numa espécie de extensão do bem-sucedido projeto #Esquenta10AnosDoDesde. Abordando, claro, outras temáticas, porque a minha inquietude não aceita repetições; dois conteúdos audiovisuais, um diferente do outro, que farão parte do Sem Edição, e vamos explorar o domingo com mais afinco, mantendo uma produção exclusiva para o primeiro dia da semana. Dizem que o domingo é o dia nobre no jornalismo, não é? Por esse motivo, estaremos lá também.

Telhados: visão ampla

Digo que o Desde é um blog-revista. Ele faz experimentações de gêneros jornalísticos, com viés cultural e com mais tempo para produzir, apurar, publicar. Embora esteja na internet, o Desde “não sai todo dia”, como bem diz Marília Scalzo sobre as revistas, no livro Jornalismo de Revista (Contexto, 2009). Ela acrescenta: “Não dá para imaginar uma revista semanal de informações que se limita a apresentar para o leitor, no domingo, um mero resumo do que ele já viu e reviu durante a semana. É sempre necessário explorar novos ângulos, buscar notícias exclusivas, ajustar o foco para aquilo que se deseja saber, e entender o leitor de cada publicação”, p. 41. É isso. O Desde é isso. Há dez anos. A foto de telhados que está na capa do blog foi escolhida como símbolo disso. O esforço aqui é de ter uma visão ampla das coisas, abrangente. Se a gente pode fazer mais, vamos fazer mais. Quem ganha com isso é o leitor, é a leitora. A propósito: o registro dos telhados foi feito por mim, no Pelourinho, em 2017. O Pelô é um caldeirão cultural, um dos símbolos máximos da nossa cultura. Como diz o poeta: “Que sou pequeno, – mas só fito os Andes…”.

As Dez do Desde

Durante todo esse tempo, fiz produções interessantes e que me marcaram muito aqui no Desde. Para lembrar de algumas, resolvi listar dez que foram bem importantes para a história do blog. Não usei nenhum critério específico para as escolhas, apenas a minha emoção. Certamente, devo ter errado ou não dado a devida atenção a alguma matéria que poderia estar na listagem. Acontece. Vamos lá?!

1ª (2011): Carla Visi e sua autêntica entrega à arte musical

Nesta matéria, a identidade do Desde começava a aflorar. Foi uma experiência muito bacana para a minha formação como jornalista. Acompanhei o show e tive que ficar atento ao que deveria destacar no texto. Não tinha ideia de hierarquização das informações, foi tudo no faro e deu muito certo. A abordagem para entrevistar o público foi um desafio também. Como chegar? O que perguntar? Essas eram as questões que passavam na minha cabeça. Fui na cara e na coragem e consegui fazer uma boa matéria. Inclusive, a própria Carla Visi comentou.

2ª (2012): O rugido do Leandro

Esta entrevista foi uma das mais importantes da minha vida e foi uma aula de jornalismo. Eu, completamente foca, estava diante de um dos jornalistas mais reconhecidos de Salvador: Paulo Leandro. Na época, ele já tinha 27 anos de experiência no Jornalismo. Aprendi muito com Paulo. Durante o bate-papo, abordamos assuntos interessantes, como formação do jornalista, o jornalismo feito em Salvador e cultura baiana. Eu adorei a conversa.

3ª (2013): Sociedade das pessoas-discurso

Este artigo de opinião foi um grito que eu queria dar há muito tempo. Gosto dele. É simples, superficial, mas aborda algo que continua existindo na sociedade (e, pelo jeito, nunca vai deixar de existir): as pessoas-discurso. Eu já estava cansado delas nessa época, imagina hoje? O artigo convida a uma reflexão necessária, que é a de a gente olhar para os nossos próprios atos e o nosso discurso. Será que há harmonia ou a gente só quer “mitar” nas redes? Fica a indagação.

4ª (2014): Série Perfis do Desde

Esta série foi bastante especial. Foi um desafio enorme produzir o perfil de tanta gente diferente. Algumas pessoas, eu nem conhecia tanto, mas adorei me desafiar. Quis dialogar ainda mais com o jornalismo cultural e criei a série comemorativa Perfis do Desde, que celebrava os três anos do blog. Foi um aprendizado e tanto. Acho que foi um ponto de virada do blog, que se consolidou em 2015.

5ª (2015): O Axé dançou?!

O momento de maturidade do blog aconteceu neste ano, quando ele ganhou um estilo próprio. Foi um ano de ruptura, de consolidação de uma identidade. O jornalismo que sempre quis fazer. Comecei a fazer produção multimídia, com a reportagem sobre o lançamento da biografia de Milton Santos, mas o destaque é a grande reportagem que problematizava a crise da axé music. Destaco esta produção porque ela exigiu muito de mim como jornalista. Tive que pensar num recorte criativo para debater sobre a tal crise e fui atrás das informações. Para isso, ouvi muita gente: donos de academia, artistas, profissionais de educação física, dançarinos. Até o Conselho Regional de Educação Física (CREF) caiu na dança. Foi muito bacana!

6ª (2016): Com o mote da cidadania, TV Kirimurê é lançada em Salvador

Mais um desafio saboroso, que só o jornalismo pode proporcionar. Eu, que adoro TV e sou um pesquisador diletante dessa mídia, estava participando do lançamento de uma nova emissora! Foi emocionante demais! Fiz uma cobertura multimídia e prestei serviço à sociedade. Isso é o que, de fato, importa.

7ª (2017): Todo mundo pode cantar?!

Mais uma reportagem especial. Fui investigar como e por que os karaokês ainda faziam sucesso em Salvador. Que imersão interessante! A matéria ouviu cantores, cantoras, donos de bar e problematizou como ficava os direitos autorais dos compositores diante dessa forma de executar música publicamente. Adorei produzir, apurar e escrever.

8ª (2018): O oba-oba da Casa do Carnaval

Nesta cobertura, trago a criticidade que, vez por outra, está presente nas produções do Desde. Falo da inauguração da Casa do Carnaval, destacando a sua importância, mas identifico as lacunas do equipamento cultural. Além disso, faço uma crítica em relação à curadoria e aos longos vídeos exibidos no espaço. Gostei muito de fazer. Principalmente, porque deixa evidente que é possível criticar sem ser violento, pedante ou desrespeitoso.

9ª (2019): Homenagem a Riachão reforça grandiosidade do artista

Reportagem especial e multimídia sobre a homenagem feita pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) a Riachão. Eu não acreditava que estava testemunhando aquele momento histórico. Como o tempo, passei a dizer para mim mesmo que alguns eventos tinham a cara do Desde. Esse seminário foi um deles. Eu jamais poderia deixar de participar e documentar. Entrevistei Riachão e isso ficou marcado na minha carreira como jornalista.

10ª (2020): Antonio Olavo: “O documentário é a forma, na linguagem do cinema, que mais se aproxima da verdade”

Para comemorar os nove anos do Desde, criei, como alternativa, porque a ideia original era contar história de focas que faziam o jornalismo acontecer Brasil afora, a série de entrevistas intitulada Cinema Falado. Foi uma experiência muito interessante e de grande aprendizado. O blog fez uma imersão na sétima arte, ouvindo histórias de cineastas com vasta experiência na área. A entrevista com Antonio Olavo foi muito significativa para mim. Eu estava diante de um mestre, um griô, que fazia questão de usar a sua arte para contar a história do povo negro com um viés mais realista, mostrando que sempre houve resistência por parte dos escravizados. Cultura alimenta e eu saí de barriga cheia depois desse bate-papo com Olavo.

Depoimentos (por ordem alfabética)

No dia 1º de dezembro de 2020, publiquei, nas minhas redes sociais digitais, uma chamada para que pessoas que foram entrevistadas por mim ao longo desse tempo falassem o que acharam do resultado das produções feitas. A ideia era que elas criticassem, de forma positiva ou negativa, as matérias ou reportagens de que participaram. Algumas pessoas falaram espontaneamente; outras, eu pedi para que falassem. Como já disse, ninguém faz nada sozinho e, se cheguei aos dez anos de trabalho no Desde, cheguei porque muita gente acreditou em mim e contribuiu para isso. O Jornalismo também é a arte de pedir: uma entrevista, uma informação, uma contribuição. Nunca vou deixar de pedir. Por sempre fazer isso, já tenho dez anos, na prática jornalística, de serviços prestados à sociedade. Isso é o que mais me envaidece. Muito obrigado!

Antonio Olavo (cineasta)

Antonio Olavo foi um dos entrevistados da série Cinema Faladoque comemorou os nove anos do desde, em 2020.
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Felipe Ferreira (escritor e jornalista)

Foto: Raulino Júnior

“Ser entrevistado por Raulino Júnior é sempre um troca gostosa de aprendizado e novos olhares. Ele é aquele jornalista que te surpreende a cada pergunta, a cada provocação. Ele mergulha no assunto, na obra, na nossa persona e consegue fazer com que cada encontro seja único e marcante. Fico imensamente feliz e grato por fazer parte da história do ‘Desde’. Espaços de independência e pluralidade precisam ser consumidos, valorizados e comemorados. Vida longa ao ‘Desde’ e ao jornalismo autoral e inquieto do querido Raulino”.

Felipe esteve no Desde, em 2014, em duas ocasiões diferentes: 1ª) na série Perfis do Desde (Felipe Ferreira é cultura); 2ª) numa entrevista sobre o seu primeiro livro, Griphos Meus, que estava prestes a ser lançado.

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Fernando Guerreiro (diretor de teatro, produtor, radialista, ator e atual presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM))

Fernando Guerreiro participou da série de entrevistas do Sem Edição que comemorou os seis anos do Desde, em 2017. No mesmo ano, o blog fez a cobertura do lançamento das ações da FGM para fomentar a cultura e Guerreiro foi citado.

Julinho Marassi (cantor e compositor)

Foto: Bruno Cancela

“Eu já [fui entrevistado] e foi uma honra pra mim ser lembrado por você, apesar da distância física entre nossas cidades! Muito obrigado pelo carinho e pela força, irmão! Que Deus te abençoe e ilumine em seus projetos e sonhos💪🏽 Tamo junto!”.

Julinho Marassi mora em Barra Mansa, no Rio de Janeiro, e forma dupla com Gutemberg há 29 anos. Em 2016, concedeu uma entrevista para o Desde em que falou sobre carreira, música brasileira e política nacional. Exclusivamente para os leitores do blog, gravou vídeos cantando Acorde, Brasil Aos Meus Heróis, uma das músicas mais conhecidas da dupla.

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Marco Antonio Fera (ator, professor, apresentador e produtor cultural)

Foto: Kayan Viana

“Um encontro para privilegiados, definiria assim. Raulino Júnior você é luz, gentileza, afetuoso, generoso, genial. Só agradecer pela oportunidade de falar sobre VIDA, afetos, arte… Trocar com um artista como você, de coração enorme. 😘😘😘😘😘”.

Marco Antonio Fera foi um dos convidados da série de perfis Gente é pra brilhar!, pré-comemoração que integrou o projeto #Esquenta10AnosDoDesde. No texto, um pouco da vida, dos caminhos e das opiniões do artista sorocabano.

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Maria Alice Silva (escritora, advogada, mestra e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da UFBA)

Foto: Mônica Silveira

“Cuidadoso, criterioso, ético, profissional, assim eu definiria Raulino Júnior. Obrigada por ter entrevistado Maria Alice Silva e Walter Passos no lançamento do livro Pedra de Nzazi, Xangô e Sogbo?”.

Maria Alice Silva concedeu entrevista para o Desde em maio de 2020, para falar sobre o lançamento do livro Pedra de Nzazi, Xangô e Sogbo?, que ela escreveu em parceria com Walter Passos, que também foi entrevistado. As motivações, importância e legado da obra foram pautas do bate-papo.

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 Paulo Leandro (jornalista, professor, mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas e doutor em Cultura e Sociedade, ambos pela UFBA)

Foto: Raulino Júnior

“Talvez, por formação religiosa rigorosa, pois desde criança fui doutrinado no catolicismo, sinto-me mais próximo do intencionalismo e da boa vontade. Utilitarismo, hedonismo e, principalmente, o consequencialismo não me deixam tão à vontade, moralmente, como a intenção, atributo cujo controle é do sujeito. Nesta conexão, entendo ficar à vontade com Raulino, uma vez perceber nele também este dom da intenção. Em vez de pensar nas consequências de entrevistar uma pessoa com mais poder e glória, preferiu um profissional cumpridor de seus deveres e nada mais. Foi com esta simplicidade que papeamos há 10 anos atrás (desculpo-me a redundância raulseixista), ali mesmo nos 41 metros quadrados onde entulho papéis velhos, chamado lar. Uma grande temeridade entrevistar Paulo Leandro por causa de seu desapego aos projetos de poder, uma vez ser um tipo muito pouco associativo. Acredita o entrevistado na missão do intelectual em tornar-se um solitário crítico de todos e tudo quanto possa ser alvo de suas flechadas de pensamento. O fato de Raulino ter apostado no ping-pong revela sua coragem, outro atributo de identificação com este jornalista e professor fã dos indígenas e povos originários. Espera-se um corporativismo desatado quando se é professor universitário e cronista esportivo, e num país, meio selva, meio civilização, toda divergência vira mágoa. Vamos saudar, então, a passagem do décimo aniversário deste webspace, lembrando uma oportuna reflexão sobre a ocasião de um aniversário. Quando celebramos 10 anos, estamos comemorando às avessas, porque estes 10 anos já não temos mais para produzir o conteúdo do blog. E não sabemos também quanto tempo ainda teremos, pois o mundo é robusto para entristecer. Para não bancar o chato, num texto comemorativo, vamos esquecer este dado fenomenológico do ser-no-mundo e apenas cantar o parabéns para Raulino e seu Colé. Fico grato pelo privilégio de ter estreado este blog, especialmente pelos valores nele contido, desde a origem, unidos pelo intencionalismo e pela boa vontade”.

Em 2012, Paulo Leandro concedeu a primeira grande entrevista do Desde. Foi importantíssima para o meu crescimento profissional e pessoal.

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Peterson Azevedo (professor e fotógrafo)

Foto: autorretrato

“Maravilhosa experiência, bem conduzida, gentil, ética e que me deixou à vontade para contar um pouco da minha trajetória. Obrigado, Raulino Júnior”.

Peterson Azevedo se refere à participação dele na série Perfis do Desde (Um olhar sobre Peterson Azevedo), em novembro de 2014. O artista contou um pouco da sua história e de como nasceu o seu amor pela fotografia.

Sidcley Caldas (engenheiro civil, pedagogo, licenciado em matemática, mestre e doutorando em Educação, ambos pela UFBA)

Foto: Raulino Júnior

“Caro, Raulino Júnior, gosto do que é simples…e isso não significa não sofisticação…gosto do que é verdadeiro…e isso não significa abertura total…gosto do sorriso na cara…e isso não significa não sorrir pelos olhos…gosto do que me toca…e isso não significa todo e qualquer toque…gosto do encontro…e isso não significa impossibilidade de desencontros…e isso tudo desde…desde…desde…não, isso é de antes do ‘Desde’…embora nele, por ele e com ele é que pude saber mais de você e, enfim, me sentir feliz por te conhecer. Parabéns!”.

Sidcley Caldas foi entrevistado no Sem Edição, em abril de 2019. Na ocasião, falou sobre o projeto Eu Canto Matemática (que mantém, no YouTube, desde 2016), educação e música.

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Tiago Bittencourt (jornalista, produtor, repórter, locutor na TV Brasil e autor do livro O Raul que me contaram)

Foto: Raulino Júnior

“O papo com Raulino foi muito bom e também inesperado. Certo de que as perguntas seriam sobre o livro que escrevi, como costumam ser as entrevistas, me deparei com questionamentos sobre a política que orbita Brasília, onde moro. Ótimo, saiu do lugar-comum, deu a oportunidade para papear sobre outros temas importantes. Bater papo, e com conteúdo, é sempre bom.”

Tiago Bittencourt participou do Sem Edição em agosto de 2017. No bate-papo, falou sobre o livro O Raul que me contaram, que tinha acabado de lançar, analisou o jornalismo feito no Brasil, opinou sobre a efervescência política daquela época e contou como é trabalhar na TV.

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Uendsa Mariáh (cantora e compositora) 

Foto: Caroline Mesquita

“Felicidade a minha por ter tido a sorte de poder ser entrevistada por você e ter dito o que faço ‘Desde que eu me entendo por gente’. Foi um prazer imenso falar um pouco da minha trajetória na música, falar dos meus projetos. Sou uma admiradora do seu trabalho, da sua simplicidade, do seu amor pela arte. Parabéns, Rau, por ser quem você é… Te desejo muito sucesso nos seus projetos e que venham mais anos para comemorarmos o DESDE 👏👏👏👏👏👏. Fico no aguardo da próxima entrevista. Abração! 🤗👏🙏🎉”.

Uendsa Mariáh esteve no programa Sem Edição em outubro de 2017. A artista falou sobre o início da carreira, as influências musicais, os festivais e projetos de que participou.

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Weslei Machado Cazaes (dançarino, bacharel em Humanidades e licenciado em Ciências Sociais)

Foto: Uiny Lene

“Participar dessa entrevista foi uma surpresa para mim, ainda mais com o anúncio “gente é pra brilhar” . Nunca me chamaram pra nada do tipo. Então, foi uma experiência nova e indicadora, pois eu estava falando de algo difícil: de mim mesmo. Ler o que eu escrevi, ver e ouvir o que eu falei, me fez refletir muito sobre esse brilho que eu me nego a enxergar em mim mesmo. A gente está mais acostumado a falar em segunda ou terceira pessoa, mas em primeira pessoa é  difícil… Ao menos para mim. Quero agradecer essa oportunidade que você me deu, de ter tido esse olhar sobre ‘quem é Weslei’, de ter despertado em mim curiosidades sobre o que sou, o que quero e o que posso ser. Realmente, gente é pra brilhar, e gente preta é pra ser um farol! No mais, amei a proposta de dar voz e vez a diversos tipos de pessoas e o resultado disso não poderia sem menos que o melhor. Gratificante ver os comentários de colegas, amigos, conhecidos, desconhecidos, falando da gente, conhecendo um terço de nossa vida. Só tenho a agradecer. Como falamos no axé: adupé!”.

Weslei Machado Cazaes se refere à participação dele na série de perfis Gente é pra brilhar!, que fez parte do projeto #Esquenta10AnosDoDesde. Lá, ele mostrou como brilha na dança, na religião e nas ciências.

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Yan Brumas (ator, cantor, produtor e diretor de teatro)

Foto: Jaques Diogo

“Que maravilha! ✨ Já fui entrevistado, mais de uma vez, por este grande homem – Raulino Júnior – e, nas matérias publicadas, pude expor aspectos de minha trajetória e falar sobre alguns de meus trabalhos artísticos. A forma respeitosa, carinhosa e inteligente de tratar os temas fazem do DESDE, que completa lindamente uma década, referência para quem trabalha com cultura e para quem consome arte. Uma enorme satisfação fazer parte desta história! Agradeço por todo o apoio, pela presença atenciosa e por toda energia trocada! Axé! E vida longa!”.

Yan Brumas é mineiro, nascido em Belo Horizonte. Já esteve no Desde duas vezes: na primeira, em 2015, numa grande entrevista, na qual falou sobre sua trajetória artística e acadêmica, opinou sobre padrão de beleza e a indústria da cortesia que está matando a cada dia o fazer teatral Brasil afora. Na época, usava outro nome artístico; na segunda, em 2018, numa notícia que tratava sobre o espetáculo MUTANTE, que deu início às comemorações pelos seus 20 anos de carreira.

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