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Grupo Galpão leva teatro para o Telegram e surpreende com o espetáculo “Como os ciganos fazem as malas”

Imagem: captura de tela do Telegram do espetáculo

Por Raulino Júnior ||DESDEnhas: as resenhas do Desde|| 

“O Grupo Galpão é uma das companhias mais importantes do cenário teatral brasileiro, cuja origem está ligada à tradição do teatro popular e de rua. Criado em 1982, o grupo desenvolve um teatro que alia rigor, pesquisa, busca de linguagem, com montagem de peças que possuem grande poder de comunicação com o público”. Esse texto está no site do emblemático Grupo Galpão e traduz à risca o que o “internauta-espectador” constata ao participar da experiência teatral Como os ciganos fazem as malas: um texto escrito no ar, que está em “cartaz” até hoje, no aplicativo Telegram. Infelizmente, os ingressos já estão esgotados e já há um pedido do público para uma próxima temporada. Tomara que aconteça, porque vale muito a pena. Só vivenciando para saber. Nenhuma resenha será capaz de descrever o que é estar na “plateia” da peça.

Cartaz do espetáculo. Imagem: reprodução

Nesse processo de reinvenção que alguns setores foram obrigados a passar, e a cultura principalmente, o Galpão se destaca por apresentar um espetáculo interessante, inovador, interativo e que não é chato. Protagonizado por Paulo André, com texto de Newton Moreno e direção de Yara de NovaesComo os ciganos fazem as malas reafirma a qualidade criativa da companhia mineira. Tudo acontece pelo Telegram. Quem acompanha, faz uma viagem com o personagem, que está num voo e, como um bom cronista, narra os fatos para as pessoas que estão recebendo as mensagens multimídias. A sensação é a de que a gente está mesmo no avião, vendo tudo acontecer, conversando com o protagonista. O ator envia mensagens em tempo real para o público. Há momentos de pausa e de interação. Áudios, vídeos, GIFs e fotos auxiliam na narrativa, que se mostra dinâmica, poética e muito realista. Tudo funciona na experiência. Tudo. Diferentemente do WhatsApp, o Telegram permite que o usuário faça a rolagem da tela sem que isso interrompa a execução de áudios e vídeos. A experiência fica ainda mais interessante. E, claro, uma peça que tem “ciganos” no título vai evocar o tempo todo o movimento, o nomadismo, a coisa de mudar de lugar. Num determinado momento, inclusive, o personagem pede para as pessoas lerem um conteúdo se movimentando. E o celular é um objeto portátil, não é? Tudo a ver. A peça aposta  também no sensorial. O espetáculo exige o exercício da imaginação, fundamental em teatro, e, quando acaba, tudo é apagado, para que fique apenas na lembrança. Era (e é!) assim nas montagens presenciais, não era?

O teatro se adapta, mas não é qualquer adaptação que funciona. Tem que ter muito estudo e cuidado para fazer a transposição da linguagem. Caso contrário, fica enfadonho e o uso da tecnologia vira só mais um apetrecho, em vez de uma solução. O Galpão é um grupo de teatro de rua, de palco e de qualquer lugar que ele queira. Impressionante!

Em tempo: amanhã, às 20h30, no canal do YouTube do Grupo Galpão, haverá uma live com parte da equipe de criação do espetáculo. O bate-papo vai falar, entre outras coisas, de como foi o processo de produção da montagem. Principalmente, do uso do Telegram para isso. Coloca na agenda!

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